Após a constatação de que os números de público estão em algumas
partidas sendo abaixo do número de ingressos lançados como utilizados e a
medida da Federação de Futebol do Rio (Ferj) ter passado a incluir
cotas de transmissão de jogos nos borderôs, os grandes clubes se
manifestaram sobre as distorções nas estatísticas do Campeonato Carioca.
Enquanto o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, se esquivou
de comentar, alegando que a questão só afetava os clubes de menor
investimento, Flamengo e Fluminense criticaram as medidas, afirmando que
impedem uma análise realista para melhorias do torneio e afetam o bolso
das equipes menores. O Vasco, consultado na sexta-feira, não respondeu
aos questionamentos. O percentual mínimo de ingressos utilizados em
jogos entre os clubes de menor porte é parte do regulamento do Carioca,
aprovado pelo Conselho Arbitral.
Flamengo
e Fluminense recentemente racharam com a diretoria da Ferj, chegando a
haver ofensas em uma das reuniões do Conselho Arbitral. Depois dos
desentendimentos, uma nota oficial foi emitida pela Federação, anulando a
meia-entrada universal e deixando o preço dos clássicos para os clubes
decidirem. Ainda assim, o Flamengo reforçou que não fez qualquer tipo de
acordo com a entidade dirigida por Rubens Lopes e promete lutar por
mudanças. Por email, o clube informou:
"O Flamengo reitera que não fez acordo com a Ferj. O Flamengo é parte do Campeonato, parte da Federação e entende que, em algum momento, vai precisar haver um entendimento. Infelizmente, hoje temos visões muito distantes de como as coisas devam acontecer no futebol do Rio. Não só em relação à questão dos preços dos ingressos, mas também como os ativos do futebol são apropriados pela Federação e distribuídos para os clubes. Temos um longo caminho pela frente na luta por uma gestão moderna, democrática e transparente na Ferj. Somente assim o futebol do Rio voltará a ter a força do passado. O Flamengo não vai parar. Isso está muito claro para nós".
"O Flamengo reitera que não fez acordo com a Ferj. O Flamengo é parte do Campeonato, parte da Federação e entende que, em algum momento, vai precisar haver um entendimento. Infelizmente, hoje temos visões muito distantes de como as coisas devam acontecer no futebol do Rio. Não só em relação à questão dos preços dos ingressos, mas também como os ativos do futebol são apropriados pela Federação e distribuídos para os clubes. Temos um longo caminho pela frente na luta por uma gestão moderna, democrática e transparente na Ferj. Somente assim o futebol do Rio voltará a ter a força do passado. O Flamengo não vai parar. Isso está muito claro para nós".
O
presidente do clube das Laranjeiras, Peter Siemsen, afirmou enxergar os
times menores "bastante prejudicados" e listou medidas que desejaria
ver na organização do campeonato. Para o dirigente, deveria haver um
investimento nos gramados dos estádios menores e a possibilidade de
ações como a contratação de um jogador com patamar salarial mais alto
para cada equipe de menor investimento. Ele também defendeu uma redução
nas taxas praticadas pela Ferj.
- Vemos os pequenos bastante prejudicados, sem condições de fazer um planejamento para impor um crescimento sustentável para o futebol carioca em nível nacional. Hoje, o Macaé obteve um grande resultado na Série C, mas tem sido um fato isolado se compararmos com Santa Catarina e São Paulo. A organização do campeonato deveria fazer um investimento na melhoria das condições dos gramados e dos estádios desses times para valorizar o produto para os espectadores, bem como pensar em ações, como a contratação de um jogador de um nível salarial maior para cada time (excetuando os quatro grandes), e valorizar o interesse. Além disso, muitas outras ideias poderiam ser implementadas. Para isso, precisaria reduzir o percentual da retenção da Ferj nas receitas geradas pelo campeonato e ter um plano de longo prazo para dar segurança aos patrocinadores e investidores - analisou Siemsen.
O cartola tricolor reprovou também a inclusão da cota de transmissão de jogos nos borderôs do Carioca, alegando que a medida visa passar uma informação incorreta sobre o resultado financeiro:
- Obviamente que visa passar uma falsa informação sobre o resultado financeiro. Portanto, não podemos concordar com isso. Existe uma realidade e essa tem que ser tratada como tal. Dificilmente você consegue resolver um problema se não reconhece a existência do mesmo.
- Vemos os pequenos bastante prejudicados, sem condições de fazer um planejamento para impor um crescimento sustentável para o futebol carioca em nível nacional. Hoje, o Macaé obteve um grande resultado na Série C, mas tem sido um fato isolado se compararmos com Santa Catarina e São Paulo. A organização do campeonato deveria fazer um investimento na melhoria das condições dos gramados e dos estádios desses times para valorizar o produto para os espectadores, bem como pensar em ações, como a contratação de um jogador de um nível salarial maior para cada time (excetuando os quatro grandes), e valorizar o interesse. Além disso, muitas outras ideias poderiam ser implementadas. Para isso, precisaria reduzir o percentual da retenção da Ferj nas receitas geradas pelo campeonato e ter um plano de longo prazo para dar segurança aos patrocinadores e investidores - analisou Siemsen.
O cartola tricolor reprovou também a inclusão da cota de transmissão de jogos nos borderôs do Carioca, alegando que a medida visa passar uma informação incorreta sobre o resultado financeiro:
- Obviamente que visa passar uma falsa informação sobre o resultado financeiro. Portanto, não podemos concordar com isso. Existe uma realidade e essa tem que ser tratada como tal. Dificilmente você consegue resolver um problema se não reconhece a existência do mesmo.
O
Flamengo, por sua vez, respondeu por email, através de seu departamento
de comunicação, aos questionamentos sobre a questão do público e
inclusão das cotas de transmissão de jogos nos borderôs. O clube
condenou as práticas e reforçou que não há qualquer tipo de acordo com a
Ferj no momento. Diz o email:
"Apresentar como ingressos utilizados um número diferente daquele que reflete a quantidade de pessoas no estádio assistindo ao jogo, acaba por mostrar uma fotografia que não condiz com o que ocorre nos estádios. Tanto pelo interesse do público, quanto do ponto de vista financeiro.
Além disso, lançar os valores das cotas de TV no borderô distorce qualquer comparação de receita de bilheteria com outros campeonatos no Brasil, uma vez que as receitas de borderô nos demais torneios só contemplam a bilheteria.
Em resumo: estas medidas são ruins para os clubes, que precisam ser transparentes e eficientes na gestão de suas três principais linhas de receita: as cotas de TV, bilheteria e patrocínios. E, para a Ferj, que perde uma importante base de dados para o trabalho de melhoria do Campeonato Carioca".
"Apresentar como ingressos utilizados um número diferente daquele que reflete a quantidade de pessoas no estádio assistindo ao jogo, acaba por mostrar uma fotografia que não condiz com o que ocorre nos estádios. Tanto pelo interesse do público, quanto do ponto de vista financeiro.
Além disso, lançar os valores das cotas de TV no borderô distorce qualquer comparação de receita de bilheteria com outros campeonatos no Brasil, uma vez que as receitas de borderô nos demais torneios só contemplam a bilheteria.
Em resumo: estas medidas são ruins para os clubes, que precisam ser transparentes e eficientes na gestão de suas três principais linhas de receita: as cotas de TV, bilheteria e patrocínios. E, para a Ferj, que perde uma importante base de dados para o trabalho de melhoria do Campeonato Carioca".
Carlos
Eduardo Pereira, presidente do Botafogo, apoiou as recentes medidas
aprovadas pelo Conselho Arbitral, como a promoção de ingressos a preços
populares para o Campeonato Carioca. Preferiu, contudo, não opinar sobre
as questões levantadas pela reportagem do GloboEsporte.com publicada
neste domingo. Afirmou somente que a inclusão da cota de transmissão no
resultado financeiro da partida não afeta o clube, que tem sua própria
contabilidade.
- O borderô é um reflexo do jogo, emitido pela Federação, sob critérios da Federação. Da parte do Botafogo não faz nenhuma diferença, não causa nenhum impacto, a gente tem a nossa forma de contabilizar e todo borderô é colocado à disposição dos sócios e do público no nosso site.
Sobre o fato de haver um percentual mínimo de ingressos a ser lançado como utilizado nos borderôs, fazendo com que públicos inferiores a esse percentual não sejam corretamente contabilizados, ele respondeu:
- Não é uma coisa que afete o Botafogo, não tem como a gente interferir nisso.
Siemsen explicou ainda o motivo das divergências entre o clube e a entidade. O assessor especial da presidência Marcelo Penha foi um dos que chegaram a ser ofendidos (o outro foi o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello) em uma reunião do Conselho Arbitral. Mas ele não citou o fato e garantiu que o problema em relação à Ferj não é em relação aos valores praticados no Estadual.
- O problema com a Ferj nunca foi o valor dos ingressos, e sim a ilegalidade que seria praticada com a meia entrada universal e com a intervenção da Federação nas relações comerciais dos clubes e do estádio. Certamente que o papel da Federação é aprovar o estádio, mas não deve intervir na parte comercial. Além disso, a lei prevê a responsabilidade do clube mandante independentemente do que for decidido no arbitral. Portanto, em caso de acidente, o responsável para a lei é o clube que está à esquerda na tabela. Dito isto, não deveria a Ferj ter o direito de mudar o local dos jogos para onde quiser, tendo em vista que, na aplicação da lei, ela não é responsável por qualquer incidente que ocorra no jogo, e sim o clube mandante.
- O borderô é um reflexo do jogo, emitido pela Federação, sob critérios da Federação. Da parte do Botafogo não faz nenhuma diferença, não causa nenhum impacto, a gente tem a nossa forma de contabilizar e todo borderô é colocado à disposição dos sócios e do público no nosso site.
Sobre o fato de haver um percentual mínimo de ingressos a ser lançado como utilizado nos borderôs, fazendo com que públicos inferiores a esse percentual não sejam corretamente contabilizados, ele respondeu:
- Não é uma coisa que afete o Botafogo, não tem como a gente interferir nisso.
Siemsen explicou ainda o motivo das divergências entre o clube e a entidade. O assessor especial da presidência Marcelo Penha foi um dos que chegaram a ser ofendidos (o outro foi o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello) em uma reunião do Conselho Arbitral. Mas ele não citou o fato e garantiu que o problema em relação à Ferj não é em relação aos valores praticados no Estadual.
- O problema com a Ferj nunca foi o valor dos ingressos, e sim a ilegalidade que seria praticada com a meia entrada universal e com a intervenção da Federação nas relações comerciais dos clubes e do estádio. Certamente que o papel da Federação é aprovar o estádio, mas não deve intervir na parte comercial. Além disso, a lei prevê a responsabilidade do clube mandante independentemente do que for decidido no arbitral. Portanto, em caso de acidente, o responsável para a lei é o clube que está à esquerda na tabela. Dito isto, não deveria a Ferj ter o direito de mudar o local dos jogos para onde quiser, tendo em vista que, na aplicação da lei, ela não é responsável por qualquer incidente que ocorra no jogo, e sim o clube mandante.
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