Márcio
Araújo chegou ao Flamengo cercado de desconfiança. Foi contratado em
fevereiro do ano passado, pouco depois de a direção desistir de Elias,
que se tornara o principal jogador rubro-negro em 2013, quando, por
empréstimo, atuou pelo clube. Márcio não mostrou estilo de jogar
semelhante ao de Elias nem tampouco virou ídolo dos flamenguistas. Mas
ganhou espaço. Primeiro porque, em dois meses de Gávea, fez gol em final
contra o vasco que garantiu o 33º título Carioca ao Rubro-Negro. Além
disso, tornou-se titular absoluto e conquistou o respeito da torcida.
Atleta
que mais entrou em campo pelo Flamengo na atual temporada (52 vezes), o
maranhense de 31 anos viverá um domingo especial, contra a Desportiva,
em Cariacica (ES). Lá, fará seu 100º jogo vestindo as cores que o
acompanham desde pequeno. E vai além: pautado em suas passagens por
Atlético-MG (224 partidas) e Palmeiras (252), acredita numa longa
trajetória no Ninho do Urubu. Questionado se pensa em duplicar ou
triplicar o número, não titubeou.
-
Para mim, praticamente foi sempre assim. No Flamengo foi algo novo por
ter feito contrato de um ano só (em 2014) e depois ter renovado. Por
Palmeiras e Atlético sempre fiz de quatro (anos) para cima. Hoje em dia,
mais experiente, a gente vive o dia a dia, não dá para pensar daqui
dois ou três anos. Tenho que pensar nos próximos dois ou três meses,
esperar até o ano que vem. Se puder permanecer, vou ficar muito feliz -
torce o camisa 8 do Flamengo, cujo contrato com o clube se encerra em
dezembro.
Márcio Araújo comemora gol do título Carioca em cima do Vasco em 2014 (Foto: Gilvan de Souza / FlaImagem)
A
marca de 100 jogos será alcançada em um amistoso, mas o fato de o
confronto com a Desportiva não valer três pontos é incapaz de tirar o
peso da conquista, garante Márcio.
-
Vestir a camisa do Flamengo é muito especial. Para quem um dia sonhou
ser atleta e viu o sonho de jogar num grande time distante, fazer o 100º
jogo num amistoso ou não para mim vai ter o mesmo gostinho. Para
qualquer jogador é muito importante fazer 100 jogos, mas só o fato de
fazer parte do clube já é importante demais. Fico feliz pela
regularidade que tenho tido e por aproveitar as chances que as pessoas
têm me dado.
Irmão do vascaíno Paulinho, Márcio Araújo
escolheu o Flamengo para chamar de seu por identificação e pelos muitos
jogos do Rubro-Negro que eram transmitidos em São Luís, capital
maranhense. A lembrança mais especial dele é compartilhada por
flamenguistas da mesma geração: o gol de Pet que deu ao Fla o quatro
tricampeonato de sua história, em 2001.
- Aquela final contra o
Vasco, do gol do Pet nos últimos minutos. Tinha até já saído de casa,
porque estava perdendo, e meu irmão me zoando. Acabei saindo de casa.
Quando ouvi o grito, corri pra casa do vizinho pra dar uma olhada, vi
que era gol do Flamengo e fiquei muito feliz. Meu irmão me atentava
demais (risos), me zoava demais. Marcou muito não só porque foi bonita
demais a cobrança de falta do Pet, mas por esse lance de ser zoado. Eu,
por ser irmão mais novo, não aguentava muito a zoação e acabava
apelando. Aí ouvi o grito, dei uma olhada na casa do vizinho e vi que
era o gol - recorda.
Confira outros temas abordados por Márcio:
Todo mundo sabe, mas não custa perguntar: qual seu jogo mais especial pelo Flamengo? E qual o mais difícil de engolir?
O
mais difícil foi a eliminação esse ano no Carioca (para o Vasco), em
que a gente acabou tendo vacilo numa única jogada, e eles acabaram
fazendo o gol. E o melhor foi a final do Carioca (de 2014) pelas
circunstâncias, não só por ter feito o gol, mas por ter conquistado o
título.
Sua
saída do Palmeiras foi pontuada por muita chateação por parte de
torcedores. Alguns chegaram a fazer site com contagem regressiva pela
sua saída. Isso mudou no Fla?
Chateação até certo
ponto. Os caras botam o que querem. Ninguém que me apoiava fez nada. E
se fizesse não teria valor algum. Infelizmente aqui no Brasil a notícia
ruim vende muito mais. Isso que fizeram não vai apagar o que eu fiz pelo
Palmeiras, a titularidade que mantive nos anos que passei. Acho que só
aconteceu aquilo também porque eu não quis renovar, o Palmeiras queria
que eu renovasse. Acabei optando por jogar em outro clube e viver outros
ares. Isso é parte do passado e aquilo não influenciaria na minha vida.
Aqui no Flamengo, não. Totalmente diferente. Sou muito feliz aqui,
claro que existe contestação, como existiu em toda a minha carreira, mas
isso não me atrapalha em nada.
O Flamengo é diferente?
Joguei
por Atlético e Palmeiras, mas a dimensão do Flamengo é muito maior.
Pessoas que não via há muito tempo se reconectaram, me ligaram e me
deram parabéns pela minha vinda. Todo mundo ficou feliz, porque sabia
que eu torcia pelo Flamengo.
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