quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Com ajuda de ex-rival para aprender o idioma, Herrmann quer se vingar de 96



Eliminado pelo Brasil na Copa do Mundo de Basquete da Espanha, Walter Herrmann mal teve tempo de curar a ressaca. Principal reforço do Flamengo para a temporada 2014/2015, o ala argentino de 35 anos teve que fazer as malas às pressas para se apresentar ao novo clube exatamente uma semana após o passeio brasileiro em Madri. Pior do que juntar os cacos da derrota avassaladora para o eterno rival e país no qual irá morar nos próximos 12 meses tem sido aprender as jogadas passadas pelo técnico José Neto sem entender muito bem o português. Mas como todo craque que se preze, o campeão olímpico nos Jogos de Atenas-2004 usou seu improviso e "colou" justamente num antigo rival e agora companheiro de time para tirar suas dúvidas e driblar as adversidades dentro de quadra.

Há pouco mais de uma semana no Rio de Janeiro, é comum ver Herrmann grudado em Marcelinho Machado durante os treinos na Gávea. Como o tempo até os dois jogos contra o Maccabi Tel Aviv pela disputa da Copa intercontinental de Basquete é curto, mais do que ensinar o novo idioma ao antigo rival, o capitão rubro-negro tem tentando priorizar os movimentos mais importantes utilizados pelo atual bicampeão do NBB e melhor time das Américas.

Marcelinho tem atacado de professor do argentino recém-contratado Walter Herrmann (Foto: Gilvan de Souza) 
Marcelinho tem atacado de professor do argentino recém-contratado Walter Herrmann (Foto: Gilvan de Souza)

- É sempre mais fácil ensinar as coisas para um jogador experiente e de altíssimo nível como ele. Mas como temos muitas variações de jogadas e pouco tempo de preparação para os jogos contra o Maccabi, achamos melhor priorizar os movimentos mais importantes e mais utilizados nos jogos para que ele possa assimilar bem. Não adiantaria tentar ensinar tudo em uma semana e ele não aprender nada - explicou Marcelinho. 

Embora reconheça que o idioma tem sido seu maior obstáculo desde que desembarcou no Rio de Janeiro, Herrmann não se cansa de agradecer o carinho que tem recebido dos brasileiros e, principalmente, dos novos companheiros. As dicas de Marcelinho têm sido tão úteis que o ex-jogador do Atenas de Córdoba já até vislumbra um futuro brilhante para o capitão rubro-negro fora das quadras.

- Como fiz muitos poucos treinos com todos os jogadores, o Marcelinho tem me passado algumas coisas do time e isso tem ajudado muito na minha adaptação. O idioma ainda é um pouco difícil, mas quando as pessoas falam devagar eu consigo entender. Fomos adversários tantas vezes, e agora estamos do mesmo lado. Ele é um jogador experiente, de qualidade e com uma leitura de jogo incrível. Se quiser, acredito que tem tudo para ser um grande treinador no futuro. Mas sei que isso vai demorar um pouco para acontecer, já que ele é um cara que fisicamente ainda está muito bem e é uma "fominha" de bola, né? (risos) - elogiou o argentino, esbanjando simpatia e bom humor.

Apenas quatro anos mais novo que seu companheiro, Herrmann pelo visto vai pelo mesmo caminho. Considerado veterano aos 35 anos, o jogador com passagens pelo basquete da Espanha e pela NBA prefere não fazer planos e só pensa em dar o melhor a cada ano. Eleito o jogador mais valioso da Liga Argentina na temporada passada, o camisa 1 da Gávea afirma que apostou nas vitoriosas campanhas recentes do basquete rubro-negro para trocar o cobiçado mercado europeu pela oportunidade de fazer história na casa de seu maior rival. 

Segunda chance de vencer a copa intercontinental

História que poderá começar a ser (re)construída neste fim de semana. Em 1996, quando dava seus primeiros arremessos dentro de uma quadra de basquete, Herrmann fazia parte do elenco do Olimpia Venato Tuerto, equipe situada ao sul da província de Santa Fé, da Argentina, que decidiu o Mundial Interclubes daquele ano contra o Panathinaikos. Aos 16 anos na época, o ala sequer foi selecionado para os três jogos que deram ao time grego o título da competição, mas lembra que viveu de perto a atmosfera de uma final como a que terá pela frente.

Walter Herrmann aprovou sua atuação na estreia do Flamengo (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Se há 18 anos o lugar mais alto do pódio era disputado em melhor de três partidas, agora Herrmann poderá se vingar do tempo e refazer o final dessa história em apenas dois confrontos. E, desta vez, dentro de quadra. O argentino reconhece que a ansiedade é tão grande quanto o respeito e a preocupação com o adversário israelense.

- A expectativa de todos é muito grande. Principalmente a minha, que já vivi essa experiência pelo Olimpia. Vencemos o jogo na Argentina, mas perdemos os outros dois na Grécia. Mesmo ser ter sido relacionado para nenhum dos jogos, foi uma experiência maravilhosa. Estamos assistindo a vídeos e analisando algumas estatísticas do time deles. Mesmo após ter perdido alguns jogadores importantes e não ser tão badalado como outras potências da Europa, o Maccabi é um grande time e merece nosso respeito. Eles venceram na decisão da Euroliga ninguém menos que o Real Madrid, que contava com um elenco fantástico - alertou o jogador, que marcou 15 pontos na sua estreia pelo Flamengo, na vitória sobre o Macaé, sexta-feira passada, pelo Campeonato Estadual.

Não são só os jogos diante do campeão europeu que têm mexido com as emoções de Walter Herrmann. Ex-jogador do Charlotte Bobcats, que tem Michael Jordan como dono, e do Detroit Pistons, franquia que o argentino defendeu na temporada 2007/2008, quando a equipe comandada por Allen Iverson perdeu à final da Conferência Leste para o Boston Celtics, o ala não esconde sua ansiedade de voltar a jogar nos Estados Unidos defendendo o Flamengo.

- É estranho, mas será uma experiência única voltar a jogar em algumas arenas que disputei tantos jogos. Jogar na NBA foi a experiência mais marcante da minha carreira. Passei três anos maravilhosos nos Estados Unidos, tenho um carinho enorme pelo país e pelo povo americano e será muito legal poder matar a saudade nesses três jogos - disse o camisa 1 do Flamengo.   

Torcedor fanático do san lorenzo

Emoção maior Herrmann talvez só tenha sentido na Copa Libertadores deste ano. Torcedor fanático do San Lorenzo, o ala rubro-negro finalmente soltou o grito de campeão e não será mais alvo das gozações dos rivais, uma vez que o time de Almagro era o único entre os grandes da Argentina que ainda não tinha conquistado o título da principal competição sul-americana de clubes.

San Lorenzo festa taça Libertadores (Foto: Reuters)E para garantir que Herrmann não corra o risco de virar a casaca pelo menos em solo brasileiro, a diretoria do clube carioca tratou logo de levar o reforço argentino para conhecer a força da torcida rubro-negra. Ainda sem a mulher e os três filhos - dois meninos e uma menina -, que só deverão chegar ao Brasil no final de outubro, o jogador deu sorte à sua nova equipe na sua estreia no Maracanã.

- Adoro futebol e fui ao Maracanã logo no dia que cheguei ao Brasil. Assisti à vitória do Flamengo sobre o Corinthians por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro, e fiquei impressionado com tudo. Desde o tamanho do estádio, até a força da torcida rubro-negra que não para de cantar - disse o jogador.   

Campeão da Liga das Américas deste ano, o Flamengo enfrenta o Maccabi em dois jogos neste fim de semana, na Arena da Barra. A primeira partida será na sexta-feira, às 21h30. O segundo duelo é no domingo, às 12h. O SporTV transmite os dois jogos, e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real. Os assinantes do Canal Campeão ainda podem assistir pelo SporTV Play.

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