Segue firme a busca dos clubes de futebol pela renegociação das dívidas
fiscais, estimadas em aproximadamente R$ 4,8 bilhões. Nesta
terça-feira, representantes de times das quatro divisões nacionais
participaram por mais de três horas de audiência pública na Comissão de
Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, em Brasília, e voltaram a
pedir aos parlamentares um projeto para o parcelamento dos débitos e
reestruturação da Timemania - loteria vinculada aos clubes que utiliza
parte da arrecadação para o abatimento de dívidas. Em contrapartida, os
dirigentes propõe punições esportivas aos times que não cumprirem com as
obrigações, como perda de pontos e até exclusão de campeonatos.
- É uma decisão dos clubes, com o aval da CBF. Temos um documento
elaborado com a participação de todos e trouxemos para ser analisado. É
simples: os clubes querem pagar a dívida, mas precisam de um prazo para
pagar - argumentou o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade.
Clubes voltam ao Congresso para pedir renegociação das dívidas (Foto: Fabricio Marques)
A todo momento, os dirigentes fizeram questão de afirmar que não buscam o perdão dos débitos, mas a renegociação.
- A rigor, eu entendo que os clubes não precisam de perdão, de anistia,
de nenhum tipo de favor. Apesar do momento dramático que estão vivendo
financeiramente, o futebol hoje é uma atividade geradora de recursos e,
com toda a certeza, dentro de condições mínimas de sobrevivência os
clubes de futebol do Brasil são auto-suficientes e vão poder sobreviver
de suas receitas e pagar suas dívidas - disse o presidente do Flamengo,
Eduardo Bandeira de Melo.
- Quando se fala em anistia, acho que essa palavra foge completamente
daquilo que nós entendemos como representantes dos clubes. O que
buscamos é resgatar não só a confiança e a credibilidade, mas acima de
tudo cumprir nossas obrigações - completou o presidente do Vasco,
Roberto Dinamite.
No documento apresentado, os clubes propõem que a Timemania seja
reestruturada para a inclusão de dívidas contraídas após 2007, quando
foi iniciado o projeto. Com a nova consolidação dos débitos, os times
passariam a destinar mensalmente um percentual de todas suas receitas
(televisão, patrocínios, bilheterias...) para o pagamento das dívidas.
Clubes que não puderem ou optarem por não participar da Timemania teriam
suas dívidas parceladas em prazos a serem negociados.
Estiveram presentes representantes das quatro divisões do futebol brasileiro (Foto: Fabricio Marques)
A partir desta renegociação, a CBF implementaria o chamado "fair play
financeiro", no qual os clubes que não apresentassem a Certidão Negativa
de Débito (CND) seriam impedidos de disputar as competições oficiais.
Também seriam aplicadas sanções como a perda de pontos aos times
falhassem na apresentação contínua da CDN ou atrasassem o pagamento das
folhas salariais de jogadores e funcionários.
- É mais que necessário que os clubes passem a viver uma nova realidade
em termos de padrões de gestão, respeitando os setores públicos, seus
empregados e torcedores com o cumprimento em dia de suas obrigações. Sem
nenhuma anistia, sem nenhum perdão. Vários setores do mundo empresarial
brasileiro, como o setor da agricultura, por exemplo, se valem do
alongamento de dívidas. Não é nenhum tipo de vergonha - concluiu
Bandeira de Mello.
Nenhum comentário:
Postar um comentário