sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Léo Moura ganha fôlego na reta final e aumenta chance de renovar com o Flamengo



Léo Moura é puro sorriso. E bom futebol também. Prestes a completar 35 anos - na próxima quarta-feira, dia 23 -, o lateral-direito volta a viver dias de protagonista no clube. O capitão tem sido destaque da equipe nas últimas rodadas do Brasileirão com assistências, gols e fôlego. Um trabalho físico especial com ênfase no descanso tem dado ao camisa 2 força e resistência para a reta final do Brasileirão, e a partida decisiva contra o Botafogo, pelas quartas da Copa do Brasil, será justamente no dia do aniversário dele.

Léo, que recentemente completou 450 jogos pelo clube (está com 453), tem contrato até 31 de dezembro e aguarda um contato da diretoria. O vice de futebol Wallim Vasconcellos já disse publicamente que pretende manter o jogador, e a evolução do lateral deixa a permanência mais próxima. Ele espera.

-  Eu nunca escondi a vontade de permanecer até o fim da carreira. O Wallim deu entrevista, e fiquei feliz com isso. Isso mostra o interesse dele e da minha parte também de ficar. Ainda não falamos, mas ele sabe da minha vontade. Que no fim tudo se resolva, que eu continue jogando com a camisa do Flamengo. Não quero parar nos 450, quero completar 500 jogos, o quanto eu puder.

Léo Moura Flamengo (Foto: Richard Souza) 
Léo Moura já pensa em completar 500 jogos pelo Flamengo (Foto: Richard Souza)

Em uma conversa com o GLOBOESPORTE.COM no Ninho do Urubu, Léo disse que acredita em um fim de temporada positivo para o Flamengo, apesar de tantas dificuldades em 2013. O entrosamento com o artilheiro Hernane é, segundo Léo Moura, um dos trunfos da equipe para buscar uma posição melhor no Brasileiro e o título da Copa do Brasil.

Confira a íntegra do bate-papo: 

Como conseguiu fôlego para chegar à linha de fundo aos 39 minutos do segundo tempo contra o Bahia e cruzar uma bola perfeita para o gol do Hernane?
Isso é o fruto do trabalho. Tenho, junto com o Joelton (Urtiga, preparador físico), com o Dani (Daniel Félix, preparador físico), o Pavanelli (Cláudio, fisiologista), feito um trabalho diferenciado justamente para isso. Para que, quando chegar no fim do jogo, mesmo com o jogo corrido do jeito que foi contra o Bahia, eu consiga chegar inteiro para fazer um cruzamento, para chegar numa bola. É daí que vem a força, tirar força para poder ajudar o Flamengo também e fazer a jogada que sempre gosto de fazer, que é ir ao fundo e dar passe para gols.

É um momento da temporada em que muitos jogadores, não só do Flamengo, estão desgastados fisicamente. E parece que você está no caminho oposto, está crescendo.
O projeto é para isso mesmo. Para que, quando chegar no fim da temporada, eu esteja subindo. Quero que continue assim até o fim, eu sei que se continuar dessa forma vou poder ajudar muito o Flamengo, ajudar os companheiros dentro de campo. Estamos indo pelo caminho certo.

 Houve um momento da temporada em que se falava em poupar você de jogos. Agora, você tem sido poupado de treinos no campo, trabalha na academia, e tem jogado todas as partidas. O que mudou?
Às vezes, os jogos nem deixam ficar fora. São jogos sempre decisivos, dificilmente temos uma folga para respirar no campeonato, é um jogo atrás do outro, jogos difíceis, mas a programação de estar fora dos treinamentos no campo, já que a gente trabalha na musculação, tem surtido efeito. No momento que der para ficar fora de uma partida, em que o momento do time no campeonato for melhor, também temos pensado nisso. Mas tudo com o Jayme e com a preparação física.

O quanto é importante para seu ganho de confiança estar crescendo nesse momento? O Flamengo começa a respirar no Brasileiro e tem a Copa do Brasil com chance de título. Promete ser uma reta final de muita exigência. Como está se sentindo para isso?
São duas competições distintas. A gente não pode vacilar no Brasileiro, mas também já tem aí um jogo dificílimo da Copa do Brasil (contra o Botafogo, dia 23, no Maracanã). O que mais perguntam é o que o Flamengo vai fazer nesses dois campeonatos. Vamos entrar para fazer o melhor sempre. Descanso também é treino. A preparação física tem sido inteligentíssima de poupar a gente de alguns treinos no campo. Até porque o time começou a pegar uma forma. Os jogadores já sabem onde cada um está, a maneira de jogar. E temos crescido nessa reta final. Quem iniciou, ninguém vai lembrar. Mas vão lembrar de quem terminar. E isso é importante.

O ano passado foi atípico porque você se machucou muito. Neste ano você teve lesões, mas foram simples, e recuperou-se mais rápido. É o resultado dessa programação especial?
A última vez que fiquei fora foi durante uma semana, uma semana e meia. A prevenção de lesão é justamente nesse período de preparação, de descanso. Esta temporada tem sido especial para mim, ainda mais por estar num término de um contrato, quero muito ficar, e tenho que fazer sempre o melhor. Estar sempre jogando, estar bem fisicamente e mentalmente, isso tudo ajuda. As lesões têm sido mínimas e espero que seja assim até o fim da temporada.

Nesse período de crescimento você completou 450 jogos pelo clube, o Wallim Vasconcellos (vice de futebol) já disse que tem interesse em renovar, e na semana que vem você completa 35 anos. Já houve algum contato? Como está essa expectativa?
É um momento especial da minha vida dentro e fora do campo. Confiança, gols, passes, eu estava sentindo muita falta disso, porque sempre foi dessa forma que finquei meu nome no Flamengo. E que assim seja até o fim. Nunca escondi a vontade de permanecer até o fim da carreira. O Wallim deu entrevista, e fiquei feliz com isso. Isso mostra o interesse dele e da minha parte também de ficar. Ainda não falamos, mas ele sabe da minha vontade. Que no fim tudo se resolva, que eu continue jogando com a camisa do Flamengo. Não quero parar nos 450, quero completar 500 jogos, o quanto eu puder.

O jogador completa 32, 33 anos, e o assunto fim de carreira começa a fazer parte da rotina. Isso acontece com você, mas você continua aí. Estabelece uma idade para parar?
Sempre falei que primeiramente tenho que estar feliz e dando conta do recado. Não adianta estar com a idade e não conseguir acompanhar o ritmo do futebol. Eu me espelho em Zé Roberto (do Grêmio), que tem 38 anos e está jogando, em Seedorf. São jogadores que se preparam, que se cuidam. E eu faço isso. Até quando puder, estiver em melhor forma, vou estar pronto para jogar. Até para curtir a família também, que é o momento que pede também. A ideia é de jogar dois anos, no máximo três, mas acho que mais dois anos seria o momento de pensar em parar.

Como está sendo para você voltar a viver essa rotina de pós-jogo com repercussão positiva e momentos de protagonismo?
Não vou mentir que isso dá saudade quando não acontece. Ainda mais eu que sou um cara que vivo em rede social, recebo apoio e críticas e sei lidar com isso. Jogador tem que ser inteligente. Quando não estiver passando por uma fase boa, procurar ver o que não está acontecendo para melhorar. Procurei aceitar o momento em que não estava bem, que as jogadas não saíam. Hoje, eu vivo o outro lado. Vivo um momento especial e esse apoio do torcedor é muito importante. Através deles que vem a força para fazer o melhor.

Você falou dos passes que tem dado. O Hernane já tinha comentado que a dupla com você está muito entrosada. Vê assim também? Sempre consegue achá-lo em condições de marcar?
Tem sido especial esse entrosamento com o Hernane. Até brinquei com ele que no DVD dele só eu vou aparecer. Falei que vou querer uma participação no dia que ele for embora (risos). Ele é um cara inteligente, a gente já combina, tudo é combinado antes do jogo. Ele sabe o momento que vou cruzar, o momento que chego à linha de fundo. E tem surtido efeito. É um cara que merece, que nunca deixou se abater e é merecedor de tudo isso.

Você é o capitão do time, está há oito anos no Flamengo, e não está sendo um ano fácil. Foram trocas de técnico e muitas dificuldades. Você disse que está muito bem de cabeça. O quanto seu conhecimento do clube e seu bom momento podem ajudar nessa reta final?
Passar o que já passei nesses anos todos aqui, mostrar o que é jogar no Flamengo, o que é vestir a camisa do Flamengo. Às vezes, as pessoas que estão fora não entendem o que é isso. Jogadores que vieram, os jogadores que subiram da base, estão tendo essa noção de que não é nada fácil. Quando está ganhando, tem que ganhar mais. Quando está perdendo, tem que sair dessa posição. O Flamengo é isso. É do céu ao inferno muito rápido. Estão assimilando bem e isso tem ajudado. Cada um tem tentado dar confiança ao outro. A qualidade do grupo é um acreditar no outro, isso tem dado certo.

Ainda dá para ser um ano de sorrisos, Léo?
Dá. Eu acredito. Acredito que a gente ainda pode fazer melhor no Brasileiro, acredito que vamos chegar em condições melhores. Na Copa do Brasil, se passarmos pelo Botafogo, a gente fica muito perto, respeitando as equipes, mas vai dar gás para o time, confiança maior e é aquela coisa. Quando deixa o Flamengo chegar, é difícil segurar.

Você completa 35 anos no dia do jogo contra o Botafogo. A vaga para a semifinal pode ser um presentão...
Já falei para André (Santos) e Elias que joguei na conta deles esse presente (risos). Se me derem esse presente, e eu também fizer por onde ajudá-los, será uma quarta-feira especial e inesquecível.

O quanto vai ser importante a torcida nesse jogo?
Total. Nossa torcida tem sido fundamental, mostrou isso quando perdemos para o Botafogo (e aplaudiu o time), viu que batalhamos para vencer. E agora não pode ser diferente. Nossa torcida vai chegar com muita gente, vai apoiar e vai ser merecedora de um Flamengo dentro de campo melhor para dar a vitória para ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário