Em paz e sem querer o mal de ninguém. Assim o Flamengo chega para
última rodada do Campeonato Brasileiro. Campeão da Copa do Brasil e livre de
qualquer risco de rebaixamento, o Rubro-Negro se despede de 2013 com
tranquilidade neste sábado, contra o Cruzeiro, no Maracanã, e acompanha de
camarote o drama dos rivais. Botafogo, Vasco e Fluminense prometem ter um
domingo tenso. O Glorioso sonha com uma vaga na Libertadores, enquanto
vascaínos e tricolores vivem o drama do alto risco de disputarem a Série B no
próximo ano. Já de férias, os rubro-negros vão acompanhar de casa a última
rodada e garantem: não vão torcer contra ninguém.
Sempre muito polido em suas palavras, Jayme de Almeida vai além e
revela não querer que vasco e Flu caiam juntos para Segunda Divisão. Com o
rebaixamento de um deles já determinado, o treinador lamenta a situação e
lembra os dias de agonia que viveu quando sofreu o mesmo risco com o Flamengo, há
nove anos.
- Não seco. Infelizmente, um já vai cair. Acho assim: para o futebol do
Rio, é péssimo se caírem os dois. Não vejo vantagem nenhuma em tirar o
Fluminense, o vasco, ou os dois. Isso é para torcedor, que tem rivalidade. É
normal. Do lado do meu trabalho, de quem vive do esporte, para o futebol do Rio
e até brasileiro, é ruim caírem dois times de tradição que, por uma razão ou
outra, não tiveram um bom ano. É uma pena. Não torço contra. Domingo, vou comer
uma macarronada na casa da minha mãe, sentar e ver. Deve ser duro para eles.
Muito duro. Passei por isso no Flamengo em 2004. O Júnior era o diretor, chamou
o Andrade (para ser técnico) e me convidaram para ser auxiliar, eu era gerente na base. Salvamos na última rodada, contra o
Cruzeiro. Foram dois meses terríveis. É uma sensação horrorosa, você não dorme,
tem ansiedade. É duro para caramba. Não torço para ninguém cair. Torço para
ganhar deles, isso é o legal do esporte.
André Santos foi outro que evitou tripudiar sobre os rivais. Um ano
após o episódio relatado por Jayme, o lateral viveu o mesmo drama no Flamengo.
Desta vez, ele prefere celebrar a despedida sem pressão e em clima de festa de uma
temporada que chegou a ser tensa e terminou com o grito de campeão.
- É até difícil falar. Graças a Deus, nunca caí. Já passei por esse
risco em 2005 aqui mesmo no Flamengo. Tínhamos nove partidas para ganhar sete
ou oito, e salvamos. Foi um fato histórico, muito difícil. Imagino como está a
cabeça deles do outro lado. Não podemos torcer contra. O mais importante é
olharmos para dentro da nossa equipe e ver que nosso dever foi cumprido. O que
vai acontecer lá (nos rivais), ninguém sabe. Temos que deixar acontecer, deixar
rolar. Cada um tem que seguir seu caminho.
Flamengo e Cruzeiro se enfrentam no Maracanã,
sábado, às 19h (de Brasília). Já Fluminense e vasco encaram Bahia e
Atlético-PR, respectivamente, fora de casa, e precisam vencer e torcer por
resultados para evitar a queda. Já está definido, porém, que os dois não permanecem
juntos na Série A.
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