domingo, 22 de setembro de 2013

Rubro-negro no DNA, Jayme pede: ‘Temos que ser mais Flamengo’



Jayme Flamengo (Foto: Cahê Mota)
Fala mansa, jeito brincalhão fora das quatro linhas, mas com seriedade à beira do campo. Dos 60 anos de vida de Jayme de Almeida, grande parte foi vivida dentro do Flamengo, do começo como jogador de base até o time profissional. Assim como Carlinhos e Andrade, o técnico que estará à frente do Rubro-negro diante do Náutico, neste domingo, às 16h, na Arena Pernambuco, sabe como poucos o que representa vestir a camisa em tom vermelho e preto.  E, com conhecimento, Jayme, que substitui Mano Menezes no comando da equipe, parece ter no coração a receita para dias melhores.

- O Flamengo tem muito a ver com luta. Essa é a história do clube, a filosofia. Luta não é pontapé, é se doar ao máximo. Tivemos grandes ídolos que não foram grandes craques, mas inspiraram essa luta para torcida. Quando a coisa não anda bem, o que é normal, tem que ter doação. Isso que tentamos passar. A torcida percebe isso e vai com a equipe, mesmo sem jogar maravilhosamente. Tem dia em que a coisa não funciona. O próprio Zico já falou: “Não precisa fazer 20 gols, então vou correr, dar bico”. Fui criado aqui dentro, aprendi a ser assim. Aprendi também que, para ganhar do Flamengo, tem que correr muito mais do que a gente – afirmou o treinador.

Como zagueiro, Jayme defendeu as cores do Flamengo na década de 70. Pelo clube, chegou à Seleção em um torneio disputado em 1976. No Rubro-Negro, além de jogador, trabalhou nas categorias de base, rodou por outros clubes e retornou à Gávea em 2010. No auge de sua simplicidade, o treinador não alimenta sonhos sobre sua permanência. A realidade é vencer o Náutico neste domingo.

Questionado sobre uma possível efetivação, Jayme diz:

- Sou bem simples e sincero. Tenho que pensar jogo a jogo, não dá para projetar. Minha única preocupação é conseguir uma vitória contra o Náutico, que vai dificultar nosso objetivo. E aguardar o que vai acontecer daqui para frente. Tenho muito carinho e respeito por esse clube.

Numa época em que jogadores chegam ao Flamengo por empréstimo, muitos sem conhecerem as raízes do clube, Jayme dá sua lição. E jamais coloca o Flamengo como algo à parte. Quando conjuga o verbo, troca o ele por nós:

- Tenho que tentar uma equipe equilibrada e, acima de tudo, com espírito, se doando mais, Temos que ser mais Flamengo, que é aguerrido, lutar sem desorganizar. Temos que jogar.

Jayme já comandou a equipe após as quedas de Vanderlei Luxemburgo e Jorginho. Quando Joel Santana foi demitido, no ano passado, ele treinou a equipe, mas Dorival foi para o banco um dia depois de assinar contrato.

Neste domingo, Jayme terá mais uma oportunidade. Ao falar sobre Flamengo, a voz chega a ficar embargada. E as palavras mostram um sentimento muitas vezes sufocado apenas por cifras, e não amor à camisa.

- Comecei no Flamengo como jogador nas categorias de base e passei por quase todas as funções. Tenho orgulho muito grande quando vou a campo. Trabalhei em outros clubes, mas não com o mesmo porte. Não tem quem não queria trabalhar aqui, qualquer um que tenha tem ambição de ter o Flamengo no currículo. Tenho carinho e orgulho de estar aqui – destacou.

À beira do campo, um Jayme sério; fora dali, uma pessoa sempre de bom humor e pronta para uma brincadeira.

- Na minha vida, ainda quando jogava, sempre gostei de brincar, ter ambiente legal, fazer um lado lúdico, e não é só com jogador, até com porteiro do meu prédio. Mas no trabalho é seriedade. Não adianta entrar e os caras acharem que estou brincando. Tem esse respeito. Isso é legal, não é de hoje, meu foco é o trabalho. Mas acaba se divertindo um pouco.

Diversão à parte, Jayme sabe que o Flamengo é coisa séria.


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