Em 7 de março de 1976, Flamengo e Fluminense
entravam em campo no Maracanã para a disputa da Taça Nelson Rodrigues,
em homenagem ao dramaturgo e escritor. Embora taça recebesse o nome de
um torcedor do Tricolor, foi o Rubro-Negro quem levou a melhor: 4 a 1.
Zico marcou todos os gols da equipe da Gávea. A atuação levou o "Jornal
dos Sports", fundado por Mario Filho, irmão de Nelson, cravar: "Que
Zicovardia". Para o eterno camisa 10, que completa 60 anos neste
domingo, a partida e a manchete marcaram a sua carreira.
- Não levei a ferro e fogo, mas foi um divisor de águas na minha
relação com a torcida do Flamengo. O futebol carioca estava meio morno e
o (presidente do Fluminense, Francisco) Horta deu uma "levantada",
trouxe o Rivelino, montou a famosa Máquina. Não é qualquer um que faz
quatro gols em um Fla-Flu. Eu tive essa felicidade, veio a manchete
"Zicovardia" e foi a partir dali que a torcida do Flamengo me adotou
como ídolo, passou a confiar em mim, como o grande jogador que eles
esperavam - disse Zico, em entrevista ao "Redação SporTV".
Aquela geração do Flamengo levaria o tricampeonato estadual, em 1978 e
nos dois campeonatos de 1979, e o primeiro título nacional, em 1980.
Para Zico, a vitória sobre o Atlético-MG, com o Maracanã lotado,
consolidou o Rubro-Negro de vez entre os gigantes do futebol nacional.
- O Flamengo tinha a fama de time caseiro, que só ganhava campeonato
regional. A gente, com aquele time, sabia que poderia ser campeão
brasileiro, não poderíamos desperdiçar aquela oportunidade. A gente
esperava, até aquele momento, o grande título: o Campeonato Brasileiro,
que estava faltando ao Flamengo.
No entanto, na Seleção, Zico não teve o mesmo destino. Em três Copas do
Mundo, chegou mais perto da conquista em 1978, na Argentina, quando a
Seleção acabou em terceiro lugar. Logo na estreia, diante da Suécia, a
partida estava empatada por 1 a 1, quando o Galinho marcou de cabeça o
que seria o gol da vitória. Mas o árbitro Clive Thomas, do País de
Gales, anulou.
- Era um aviso de que, em Copa do Mundo, as coisas não funcionariam
muito bem. Não tinha motivo para anular o gol. O Nelinho estava
discutindo com o bandeira e, na época, não existia acréscimo. O Nelinho
bateu (o escanteio) aos 45 minutos e 08 segundos. Eu fiz o gol de cabeça
dois segundos depois. Não dava tempo de ele apitar. Ele apitou depois
que a bola estava dentro do gol. Foi um desespero para todos nós.
Zico: quatro gols no clássico mudaram minha relação com a torcida (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
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