Uma visita inesperada e ilustre chamou a atenção no treinamento do
Flamengo, neste sábado, no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, em
Vargem Grande. Ao contrário do costume, que é a presença apenas do
diretor executivo Paulo Pelaipe como representante da diretoria no
local, o presidente Eduardo Bandeira de Mello tirou a manhã para
acompanhar a vitória por 3 a 0 sobre o Bonsucesso, em jogo-treino.
No trajeto até chegar ao campo 5, onde foi realizada a atividade, o
presidente precisou passar por ruas esburacadas e pôde constatar
pessoalmente as condições precárias do Ninho do Urubu. Questionado sobre
as obras, que estão paradas desde setembro, Bandeira de Mello admitiu
que a estrutura ainda está bem abaixo do esperado e tratou a conclusão
do CT como uma das prioridades de seu mandato.
- Esse CT quando ficar pronto vai ser uma referência, mas ainda falta
muito. Estamos trabalhando para isso, tentando desenvolver. É nossa
prioridade. O clube passa por dificuldades - afirmou Bandeira.
Nesta semana, o vice-presidente de patrimônio, Alexandre Wrobel,
revelou que é necessário levantar cerca de R$ 8 milhões para a retomada
das obras, o que espera que aconteça até o fim de março. A respeito do
que viu em campo neste sábado, Bandeira de Mello ficou satisfeito com a
atuação da equipe diante do Bonsucesso, que disputa a segunda divisão do
Carioca, e justificou sua visita ao treinamento.
- Os treinos são restritos. Não há badalação. Por isso, dificilmente a
gente (diretoria) vem. O Wallin (vice de futebol) não pôde vir neste
sábado e, como adoro futebol, achei válido vir. Foi um jogo-treino muito
interessante.
Em seu terceiro mês de mandato, o dirigente fez uma análise da situação
atual do Flamengo e voltou a bater na tecla de que os problemas
financeiros têm sido o maior entrave. As perspectivas para um futuro
breve, no entanto, são boas.
- O balanço é positivo. Encontramos uma situação muito complicada e
estamos conseguindo virar o jogo. Vamos enfrentar muitas dificuldades,
mas conseguimos nos entender com vários credores. Não tenho como dizer o
prazo, mas vamos ter uma certidão negativa de débito que vai ser
importante para o Flamengo. Isso vai alavancar patrocínios, recursos, e
vai pavimentar essa retomada. É uma certidão que abre recursos, por
exemplo, das loterias para esportes olímpicos. Só pelo ponto de vista
moral, já é uma vitória.
'Não há retaliação a ninguém'
Durante a entrevista coletiva, Bandeira de Mello foi questionado ainda
sobre a reprovação das contas do ano de 2011 de sua antecessora,
Patricia Amorim, e garantiu que a decisão do Conselho Deliberativo não
representa nenhum tipo de perseguição política. Na última quinta, a
ex-presidente criticou as medidas da nova diretoria, que acabou com as
equipes profissionais de ginástica e judô, e falou em revanchismo.
- É uma questão que deve ser olhada pelo ponto de vista técnico. O
conselho viu que as contas não deviam ser aprovadas. Não foi retaliação a
ninguém. Quando é assim, deve se fazer o balanço, nomear uma comissão e
apurar as responsabilidades. O objetivo é ter contas que possam
espelhar a realidade do Flamengo. Queremos que tudo seja esclarecido, e
não há a intenção de prejudicar ninguém.
Por fim, o mandatário comentou ainda a decisão envolvendo os esportes olímpicos e a tratou como temporária.
- É algo momentâneo. Estamos passando por uma situação de dificuldade e
esperamos este ano ainda manter esses gastos. Seria pior se comprometer
e não conseguir pagar. Estamos buscando parceiros para retomar as
atividades, e a certidão negativa de débito é o caminho para essa
retomada. Conseguindo, o grande beneficiado será o esporte olímpico.
O fim das equipes de judô e ginástica
foi anunciado na última terça-feira e afetou estrelas como Jade Barbosa
e os irmãos Diego e Daniele Hypolito, que reclamaram em entrevista
coletiva. Outras modalidades, como remo, pólo aquático, nado
sincronizado e basquete, continuam em atividade.
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