Desde o retorno de Londres, os dias de Cesar Cielo estão sendo contados
em metros. Ao pensar na distância que nada durante os treinos, o
nadador, bronze nos 50m livres nos últimos Jogos, tenta tirar motivação
de onde pode. Depois de um ciclo olímpico desgastante, tudo o que o
principal nome da natação brasileira queria eram férias. Mas, com o
início do Troféu José Finkel, a partir da próxima segunda-feira, em São
Paulo, Cielo precisou prolongar um pouco mais sua "ressaca olímpica" na
piscina até o sonhado descanso.
- Ainda bem que a ressaca é só olímpica (risos). É difícil, estou
contando os dias. Faltam cinco, quatro. Faltam 3.000m, agora 2.000m. É
uma contagem regressiva mesmo. Mas não posso vacilar. Quatro, cinco dias
sem treinar são o assassinato de um nadador. É a diferença entre um
cara em forma e outro que não sabe nadar. Quando eu voltei, parecia um
nômade, uma cobra na piscina. Para o Finkel, é captar a reserva do
tanque. Usar o que sobrou de fôlego - brincou o nadador.
Cesar Cielo durante treino para o Troféu José Finkel (Foto: João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Mas a vida de Cielo na competição entre clubes, que será disputada na
piscina do Sesi, na Vila Leopoldina, não será das mais fáceis. O nadador
do Flamengo deverá nadar os 50m e os 100m livre, os 50m borboleta e os
revezamentos 4x50m e 4x100m livres e 4x100m medley. Mas, por enquanto, o
medalhista olímpico diz que não pegará tão pesado nos treinos.
- Vai ser no sacrifício. Se forçar mais, é capaz de ficar ainda mais
cansado. Mas não estava esperando ter de nadar as semifinais. Acaba
ficando maçante. Não a prova em si, mas o aquecimento, ter de acordar
cedo. Mas vai ser assim para todo mundo. Quem sabe eu já não consigo
alguns índices para o Mundial de piscina curta no fim do ano e ajudar o
Flamengo? O que me colocarem para nadar, estou nadando. Só o 4x400m que
não tem como, teria que jogar uma bóia na piscina (risos) - disse o
nadador, que mostrou bom humor durante o treino desta sexta-feira.
Para a competição, Cielo ajudou a trazer duas nadadoras australianas,
que defenderão o Flamengo na competição. Marieke Guehrer, que já foi
recordista mundial e é dona da segunda melhor marca nos 50m borboleta em
piscina curta, e Kelly Stubbins, medalhista no Mundial de Dubai, não
foram a Londres. Ainda assim, o brasileiro acredita que as duas, que
estão em preparação para o Mundial de Istambul, em dezembro, ajudarão na
evolução da natação feminina do país.
- Quando a Patrícia (Amorim, presidente do Flamengo) veio conversar
comigo, eu sabia que seria muito difícil trazer nadadores de fora esse
ano, por causa das Olimpíadas. Ninguém queria. Mas elas encaixaram muito
bem, estão treinando para a seletiva australiana para o Mundial. Não
estão vindo na melhor da forma delas, mas bem próximas disso. Acho que
foi uma boa jogada. Foi um jeito de ajudar, são nadadoras de nível
mundial. Todo mundo vai sair ganhando - afirmou.
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