Um técnico à beira do campo sofre. Um técnico expulso, assistindo ao
jogo de um camarote improvisado, com seu time tendo um jogador a menos e
sob forte pressão, sofre muito mais. Dorival Júnior que o diga.
Diante do Atlético-MG, na quarta-feira, o árbitro Sandro Meira Ricci
expulsou o treinador do Flamengo na volta do intervalo. O comandante
rubro-negro passou a assistir à partida atrás do gol defendido por
Victor, em uma espécie de laje em cima dos vestiários do estádio
Independência. Sofreu, xingou, se escondeu nos momentos de maior tensão e
fez uma espécie de dança das cadeiras versão “tic tic nervoso”.
Sentado numa cadeira de plástico como a que é usada em festa infantil
em playground, Dorival não tinha motivos para brincar. Contrariado com a
sua quinta expulsão no ano,
a terceira desde que chegou ao Rubro-Negro, o treinador passou por
momentos de tensão durante o segundo tempo. Ele estava cercado por Ivan
Izzo (auxiliar), Cantarelle, Zinho e outros integrantes da comissão.
Dorival gritou muito, mas de onde estava era impossível que algum
jogador escutasse. Em alguns momentos, xingou e foi avisado por membros
do estafe que alguns jornalistas acompanhavam a cena.
Possesso, Dorival levantou, pegou a cadeira, parecia que ia arremessar,
mas apenas deu uma chacoalhada no objeto, enquanto membros da comissão
se afastavam. A cobrança de Ronaldinho acertou a trave.
Foi um teste para o coração e a garganta do treinador. Felipe, que
deixou o campo no primeiro tempo com entorse no tornozelo esquerdo,
assistiu ao jogo no mesmo local, e também sofreu.
No fim, Dorival desceu a escada e, por um breve momento, ficou olhando
para o gramado. Com vermelhidão no rosto, condenou o árbitro:
- Sou bem claro sobre minha expulsão. Só perguntei a ele se o primeiro
cartão do Wellington (Silva) havia sido disciplinar ou técnico, foi a
única pergunta que eu fiz. Ele falou: “Vai para o seu vestiário”. Eu
perguntei se ele não poderia nem me responder isso para que conversasse
com meu jogador. Aí, quando entrei de volta, fiquei sabendo que estava
expulso. É inaceitável você não poder trocar uma palavra com o árbitro,
sem ofendê-lo, sem denegrir a imagem, sem ser agressivo. Nós caminhamos
para onde com o futebol? Os árbitros precisam de uma atitude como essa
para mostrar que são soberanos dentro da partida? Eles têm a soberania, o
mando de tudo. Para o treinador, está impossível de trabalhar.
A cadeira não sofreu maiores danos. Já a garganta de Dorival...
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