O Flamengo tenta concretizar sonhos, mas a dura realidade financeira
coloca pedras no caminho. Os alicerces de dinheiro estão abalados por
conta de penhoras por falta de pagamento de impostos de 2007, 2008 e
2009. Cerca de R$ 20 milhões estão retidos. O aperto que assola a Gávea
tem reflexos no Ninho do Urubu, nas obras de construção do centro de
treinamento. Além de atrasos nos pagamentos da empreteira e do aluguel
dos contêineres, o número de funcionários que trabalhavam no dia a dia
foi reduzido numa política de corte de gastos.
- Houve atraso, sim, no pagamento relacionado à empresa de concretagem,
mas nada absurdo, duas, três semanas. Aconteceu. Estamos dando uma
segurada no ritmo de gasto diante da escassez de dinheiro por conta da
penhora de cerca de R$ 21, 22 milhões devido a dívidas antigas . Não
posso ocultar que diminuímos o gasto, o aporte financeiro. Mas
praticamente 70% das obras estão prontas, foi feita a parte de tubulação
interna, recebemos nesta quinta-feira pisos, aparelhos de
ar-condicionado – afirmou o vice-presidente de patrimônio Alexandre
Wrobel, responsável por conduzir as obras.
Obras do Ninho do Urubu têm ritmo mais lento (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)
Longe do ar-condicionado, não existe refresco. De mãos atadas, Wrobel
aperta de um lado, ajusta de outro, mas nada pode fazer com as
combalidas contas bancárias do clube. O módulo do time profissional
ganha forma, mas a construção do sonho do CT concluído ainda não tem
data exata para virar realidade.
Nos últimos dias, o número de funcionários que circulam pelo Ninho do
Urubu diminuiu. O trânsito de tratores e caminhões, também.
Recentemente, o clube também atrasou pagamentos da empreja NHJ,
responsável pelo aluguel dos contêineres. Funcionários da empresa
confirmaram que houve contratempos.
- Acho que o máximo que chegou a ficar acumulado de atraso foi um mês,
um mês e meio. Inclusive, já devolvemos alguns contêineres que não
estavam mais sendo utilizados – disse Wrobel.
Existia no departamento de futebol a ideia de realizar a pré-temporada
de 2013 no Ninho do Urubu, mas é muito pouco provável que as instalações
estejam prontas. A equação é simples: redução de gastos diminui o
efetivo de pessoas envolvidas nas obras, que não param, mas seguem em
ritmo bem mais lento.
- A ideia (da pré-temporada no Ninho) não está 100% descartada. Tendo
dinheiro, colocando gente para trabalhar, pode acelerar – completou o
vice de patrimônio.
Em agosto, sem poder prever a asfixia financeira que viria assombrar o
clube, Wagner Barroso, um dos responsáveis pelo projeto do Flamengo,
apostou que em dezembro os atletas teriam o espaço - com uma área de 136
mil metros quadrados, seis campos, hotel para hospedar as equipes
principal e de base, sala de imprensa, departamento técnico e médico,
piscinas fisioterápicas, vestiários e sala de musculação - liberado para
suas atividades.
- O término das obras está previsto para o final de 2012 com a conclusão dos Blocos 16 e 17 – disse Wagner, em agosto.
Numa parceria, a Brahma investiu dinheiro para fazer o campo 5 – onde o
time profissional treina atualmente – e também ajuda na parte de
mobília e decoração do bloco 17. Mas para evitar problemas como o
enfrentado agora por conta de penhoras, a empresa injeta o dinheiro sem
que passe pelas contas bancárias do clube.
Salário de setembro atrasa
Além das obras do CT, a diretoria reclama que a penhora prejudicou no pagamento das parcelas da negociação com Cleber Santana e Renato Santos junto ao Avaí,
e também na quitação dos salários dos jogadores. O mês de agosto foi
pago com atraso, depois de o clube conseguir um empréstimo bancário.
O vencimento de setembro, que deveria ter sido depositado nesta
quinta-feira, só deverá ser quitado na próxima semana, mas nenhuma
data-limite foi estipulada. O clima é de apreensão no clube.
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