Preso desde 7 de julho de 2010, o goleiro Bruno Fernandes
ocupa o seu tempo escrevendo cartas para as filhas e trabalhando numa
dupla função: além de ser um dos faxineiros da Penitenciária Nelson
Hungria, em Contagem (MG), ele agora faz bico como garçom, servindo o
café da manhã dos outros detentos. O ex-capitão do Flamengo espera o
julgamento pelo sumiço da sua ex-amante Eliza Samudio, desaparecida há
dois anos, enquanto os seus advogados tentam habeas corpus para que ele
aguarde em liberdade.
"Ele acorda cedo, abre a cela e recebe um carrinho com o galão do
café. Ele vai passando de cela em cela servindo o café nos copos dos
presos", revela Ângela Maria Rosa Sales, de 46 anos, a tia que criou
Bruno junto com Dona Estela, avó do goleiro.
Pelo ‘bico' como garçom, Bruno não é remunerado. Mas, depois do café,
o goleiro começa a faxina na penitenciária, serviço que lhe rende um
pagamento mensal de R$ 466,50, o equivalente a 75% de um salário mínimo.
Quando não está trabalhando, Bruno vê televisão e ouve rádio, mas
desliga quando chega a hora do noticiário de esporte. "Ele não gosta de
ver e chora quando tem jogo do Flamengo", conta a tia.
Nas duas horas de sol a que tem direito diariamente, o goleiro se
mantém em forma na esperança de um dia voltar ao futebol. Autorizado
pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) de Minas, ele
treina usando meião, caneleira e bola.
Ex-parceiro, Macarrão é chamado de ‘sanguessuga'
Além de Bruno, sete pessoas respondem pelo desaparecimento de Eliza.
Um dos acusados é Luiz Henrique Romão, o Macarrão, secretário e amigo do
goleiro. Mas a parceria entre eles, que foi eternizada por ‘Maka' com
uma declaração de amor tatuada nas costas, acabou. Hoje, a defesa do
jogador já admite a morte de Eliza e responsabiliza o ex-fiel escudeiro.
"Ele sempre me diz: ‘Tia, eu achava que tinha amigos, mas vi que não
tinha. Confiei no Macarrão, mas ele não era. Eram todos sanguessugas'",
afirma Ângela, acrescentando que o sobrinho quer ter contato com
Bruninho, filho de Eliza que ele assumiu em junho. "Ele é doido com o
menino. É o único filho homem do Bruno, que tem duas meninas".
Bruno é apontado como o mentor do sequestro e da morte de Eliza, que
cobrava o reconhecimento do seu filho. O ex-policial Marcos Aparecido
dos Santos, o Bola, é acusado de matar a modelo, esquartejar o corpo e
atirar os pedaços para cachorros comerem. Antes, ela teria sido mantida
em cárcere privado, segundo a polícia, por Macarrão e um menor.
‘Ele prega nos cultos'
Segundo a família, Bruno busca forças na religião. Desde que virou
evangélico, ele passou a ler a Bíblia diariamente, além de cantar hinos
de louvor. "Hoje ele prega nos cultos entre os presos. O Bruno ia ser
batizado, mas proibiram. Mas todo domingo, na hora do almoço, ele faz
uma oração e canta hinos de louvor. Isso distrai a cabeça dele, porque
se não tiver Deus no coração é que não tem jeito mesmo", diz Ângela.
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