Vanderlei Luxemburgo teve um 2010 apinhado de problemas. Exceção feita
ao título do Campeonato Mineiro, a temporada foi de dificuldades. No
Atlético-MG, eliminação precoce na Copa do Brasil e desempenho pífio no
Brasileirão. Demitido, foi contratado pelo Flamengo, mas seguiu na briga
contra o rebaixamento. Foi como se o técnico e a competição não se
entedessem mais. Logo ele que é o maior vencedor, com cinco conquistas
por quatro clubes diferentes: Palmeiras (1993 e 1994), Corinthians
(1998), Cruzeiro (2003) e Santos (2004).
Os números que costumavam ser aliados de Vanderlei tornaram-se
implacáveis. Avassalador no início da era dos pontos corridos, ele viveu
um choque de realidade. O desempenho do treinador entre 2003 e ano
passado havia despencado mais da metade.
Uma nova temporada chegou, Luxa reformulou o elenco rubro-negro, ganhou
reforços de peso como Ronaldinho, Thiago Neves e Felipe, promoveu
garotos da base e deu forma ao time. A três rodadas do fim do primeiro
turno do nacional, os dados da equipe campeã carioca mostram que ele
voltou à curva ascendente dos pontos corridos. O aproveitamento na
edição atual é de 70,8%, algo que o técnico não alcançava desde 2003,
quando chegou ao título com o Cruzeiro com 72,4%.
- É um percentual de conquista e de classificação para a Libertadores - costuma dizer, com propriedade: em 2010, por exemplo, o Fluminense foi campeão com 62% dos pontos conquistados.
- É um percentual de conquista e de classificação para a Libertadores - costuma dizer, com propriedade: em 2010, por exemplo, o Fluminense foi campeão com 62% dos pontos conquistados.
O Flamengo é vice-líder com a mesma pontuação do Corinthians (34), mas
perde no número de vitórias (10 a 9). O Rubro-Negro é o único time
invicto da competição. Para se ter uma ideia, o aproveitamento de
Luxemburgo pelo Fla no Brasileiro de 2010 foi de 42,4%. Em onze
partidas, três vitórias, cinco empates e três derrotas. Antes, no
Atlético-MG, números assustadores em 24 confrontos: seis vitórias, três
empates e impressionantes 15 derrotas, um índice de 29,16%.
O percentual de aproveitamento alcançado por Luxemburgo após 35 jogos
no Brasileirão 2010 (24 pelo Galo e 11 pelo Fla) foi o pior das 19
edições que ele disputou. Somadas as duas campanhas, o índice foi de
33,3%, inferior ao alcançado em 1983, ano da estreia dele na Série A, à
frente do modesto Campo Grande, do Rio de Janeiro. O treinador teve um
aproveitamento de 37,5%. É bom que se diga que, em 1986, Vanderlei
comandou o Fluminense em apenas uma partida – que terminou com derrota
–, o que invalida a comparação.
Em 2003 e 2004, título incontestável
Time | Aproveitamento |
---|---|
Cruzeiro (2003) | 72,4% |
Santos (2004) | 67,4% |
Santos (2006) | 56,1% |
Santos (2007) | 54,3% |
Palmeiras (2008) | 57% |
Palmeiras e Santos (2009) | 47,4% |
Atlético-MG e Flamengo (2010) | 33,3% |
Flamengo (2011) | 70,8% (até a 16ª rodada) |
Em 2003, na primeira edição do Brasileiro no sistema todos contra
todos em dois turnos, Vanderlei alcançou a marca dos 100 pontos com um
Cruzeiro sobrenatural (também vencedor da Copa do Brasil e do Mineiro
daquele ano). Título conquistado com duas rodadas de antecedência e
vantagem de 13 pontos sobre o Santos, vice-campeão. Um impressionante
aproveitamento de 72,4% tirou a graça da disputa para os outros 23
concorrentes.
No ano seguinte, desta vez pelo Santos, repetiu a façanha, mas já sem a
mesma facilidade. O título viria apenas na última rodada, com 89
pontos. Só três a mais que o Atlético-PR. O aproveitamento continuava
admirável: 67,4%.
Em 2005, Luxa transferiu-se para o Real Madrid. Passou uma temporada no
clube espanhol até ser demitido em dezembro daquele ano. Pouco tempo
depois, estava de volta ao Santos. No retorno, encontrou um Campeonato
Brasileiro diferente, com quatro equipes a menos (o número de
participantes caíra de 24 para 20) e ainda mais concorrido. Com o quarto
lugar de 2006, levou o Peixe à Libertadores da América. Na campanha,
fez 64 pontos, alcançou 56,1% de aproveitamento.
Na temporada seguinte, Luxa e Santos perseguiram o São Paulo na disputa
do título. A desvantagem para o Tricolor Paulista, no entanto, superou a
marca de dez pontos: 77 a 62. O aproveitamento da equipe do treinador
foi de 54,3%. O percentual foi inferior ao de 2008. De volta ao
Palmeiras, ele foi quarto colocado. Fez 65 pontos, 57% do total
disputado.
Em 2009, Luxemburgo dividiu-se entre Palmeiras e Santos. Eliminado nas
quartas de final da Libertadores com o Alviverde, foi demitido do clube
no mês de junho, após comentar a transferência do atacante Keirrison
para o Barcelona, da Espanha. Os dirigentes alegaram quebra de
hierarquia. No nacional, comandou a equipe em sete partidas: três
vitórias, três empates e uma derrota. Quase um mês depois de sair do
Palestra Itália, retornou ao Peixe. O resultado no Brasileiro foi fraco,
o pior que teve no comando da equipe da Vila Belmiro: apenas o 12º
lugar, com 49 pontos. Somadas as campanhas, um aproveitamento de 47,4%.
O técnico não continuou no Santos por conta da derrota do então
presidente Marcelo Teixeira na tentativa de reeleição. Em dezembro de
2009, acertou a transferência para o Atlético-MG, investiu num projeto
ambicioso e promissor de duas temporadas. O ano de 2010 até começou bem,
com o título estadual. No entanto, a eliminação na Copa do Brasil, uma
série de lesões e um desempenho abaixo da crítica no Brasileiro
sentenciaram: demissão. Em 23 de setembro, após ver o Galo ser goleado
por 5 a 1 pelo Fluminense, acabou dispensado pelo presidente Alexandre
Kalil. Foram nove meses de um sonho que não vingou. Deixara o time na
18ª posição, com 21 pontos, com aproveitamento de 29,16%: seis vitórias,
três empates e 15 derrotas.
Ao sair de Belo Horizonte, Luxa chegou a dizer que seria necessário
passar por uma reciclagem. Não houve tempo para tanto. No início de
outubro, acertou o retorno ao Flamengo (trabalhou na Gávea em 1991 e
1995) e assinou um contrato de dois anos com o clube do coração.
Encontrou o Rubro-Negro em borbulhante crise política por conta da saída
de Zico, então diretor executivo de futebol, e nas cercanias da zona de
rebaixamento. Desde então, não conseguiu afastar a equipe dali. Só
assegurou a permanência na elite na penúltima rodada. Derrotado pelo
Cruzeiro por 2 a 1, em Volta Redonda, acabou beneficiado por uma
combinação de resultados. O Rubro-Negro ficou em 14º lugar, com 44
pontos. O Vitória, primeiro do Z-4, caiu com 42. Em onze partidas
naquela ocasião, Luxa obteve três vitórias, cinco empates e três
derrotas, com aproveitamento de 42,4%.
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