Foto: Bruno e a filha Bruna
Mais do que a experiência dos 25 anos de vida, o goleiro traz na memória o famoso Maracanazo de Cabañas e companhia. Sem meias palavras, conta em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM que a preparação para a partida foi mal feita e houve festa. Mas só dentro de campo.
- Não aconteceu pagode na concentração, como chegaram a falar. O sambista (Arlindo Cruz) deu apenas uma passada no hotel para abraçar um jogador. Isso é normal em todos os jogos. Se houvesse (pagode) eu falaria, sem dúvida. A festa foi apenas dentro de campo – disse.
A outra participação de Bruno na Libertadores também terminou de forma melancólica. Em 2007, o Flamengo perdeu por 3 a 0 para o Defensor em Montevidéu no jogo de ida. Apesar da vitória por 2 a 0 no jogo de volta, a eliminação carimbou a equipe comandada por Ney Franco.
Os tempos mudaram no Rubro-Negro. Desta vez, a equipe estreia na principal competição sul-americana credenciada pelo título brasileiro e o tricampeonato carioca. E Bruno aposta no grupo para fazer história.
Confira a entrevista:
Depois de duas eliminações nas oitavas de final de Libertadores, em 2007 e 2008, qual é a principal lição que você tira para a participação deste ano?
Bruno: Acho que já estou vacinado. Nos dois anos, pegamos times de menor expressão, que teoricamente seriam fáceis. Mas não foram. Não adianta achar que vamos ganhar apenas pelo nome, pela camisa. A Libertadores não é brincadeira.
E dá para listar as principais dificuldades?
Primeiramente a arbitragem, que é totalmente diferente da que temos aqui no Brasil. O jogo fica muito mais corrido e tenso. Não podemos bobear. Outro fator importante é a pressão da torcida adversário nos estádios. O fanatismo fica enorme na Libertadores. Por isso, acho que o nosso mando de campo não pode ser desperdiçado. Temos uma torcida imensa e que precisa demonstrar sua força no Maracanã.
Mas o Flamengo é favorito ao título?
O Flamengo fez um time para ser campeão. Com esse elenco, não dá para dizer que vamos entrar apenas para participar. Só de vestir essa camisa (aponta para o uniforme de treino) a pressão nos obriga a lutar pelo título.
O time atual é mais forte em relação a 2007 e 2008?
Acho que sim. Nenhum time no Brasil tem dois atacantes como os nossos (Adriano e Vagner Love), nosso meio-campo é muito forte, com vários pitbulls. E a diretoria montou um elenco forte, o que é importante para esse tipo de competição. Principalmente porque pode haver suspensão, lesão...
Depois de vencer três cariocas consecutivos, você falou abertamente que precisava de uma conquista de maior relevância para se sentir realizado no clube. E aí veio o Brasileiro. De alguma forma isso o faz entrar mais sossegado, menos pressionado na Libertadores?
Meu primeiro objetivo era o Brasileiro e foi alcançado. Só que quero mais. Sou um cara ambicioso e na vida precisamos ser assim. Não vou parar por aí. Quero entrar para a história e colocar meu nome ao lado de Zico, Andrade e tantos outros. Ainda mais porque posso ser o primeiro goleiro a erguer a taça da Libertadores com a camisa do Flamengo.
O que há de mito e de verdade na derrota por 3 a 0 para o América-MEX?
Olha, na Libertadores não existe jogo fácil. Mas não levamos isso a sério. A preparação para aquele jogo foi mal feita e totalmente voltada para a despedida do treinador (Joel Santana, que iria para a África do Sul). Alguns jogadores queriam entrar em campo e foram poupados. Tornou-se um jogo comemorativo e não deveria ser. Quando o América-MEX fez um, dois gols nós continuamos atacando e esquecemos que a derrota por 2 a 0 de diferença nos colocaria na fase seguinte.
Falou-se em pagode na concentração...
Não aconteceu isso, como chegaram a falar. O sambista (Arlindo Cruz) deu apenas uma passada no hotel para abraçar um jogador. Isso é normal em todos os jogos. Se houvesse (pagode) eu falaria, sem dúvida. A festa foi apenas dentro de campo.
E por que chorou na saída de campo?
Pensei no torcedor. Havia não sei quantas mil pessoas no Maracanã, torcedor povão mesmo. E entregamos um jogo que era nosso. Se avançássemos, certamente chegaríamos à final. Nosso time era muito bom. E eu pressenti aquela derrota. Quando vi o time atacando sem parar, empurrado pela torcida, sabia que o pior viria. Sem brincadeira, eu tinha certeza que tomaríamos o terceiro gol. E podíamos ficar lá mais dez horas que não faríamos nenhum.
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