VAMOS AJUDAR O NOSSO MENGÃO DE RONDÔNIA
A
história poderia ser de muito sucesso. O nome tem peso. Títulos
importantes foram conquistados. Mas, apesar das glórias, dos títulos,
dos bons atletas, o Flamengo de Rondônia, criado há 59 anos para
homenagear o carioca, está a beira da extinção. O GloboEsporte.com
tentou ouvir pessoas que estiveram envolvidas com o clube, mas poucos
foram encontrados.
01
A criação
Em 15 de novembro de 1955, o futebol rondoniense via nascer um time que
pretendia mudar a história do esporte local. Tendo como fundadores, o
torcedor do Bangu-RJ e criador Moto Clube-RO Eduardo Lima e Silva, o
flamenguista Osvaldo Ferreira e o vascaíno João Tavares, o Flamengo teve
seu auge de 1960 à 1968, quando venceu nove campeonatos amadores
municipais e territoriais.
O trio criador parecia improvável,
mas o Flamengo de Rondônia se inspirava na história e na glória do
rubro-negro carioca. E, com bons atletas, os títulos foram chegando.
Flamengo-RO (Foto: Gervázio/ Arquivo Pessoal)
02
A sede
Com
jogadores de renome local, como Parruda, Gervázio, Bacu, Pelé, Tuquinha
e Deomar, o Flamengo-RO foi presidido três vezes pelo fundador Eduardo,
que cedeu o quintal de casa para a construção da sede do clube, onde
funciona até hoje. Atualmente, sem ações esportivas nem sociais, o local
está parcialmente destruído e se mostra uma incógnita para a população.
-
Não sei o que aconteceu com o Flamengo-RO, mas gostaria muito de
descobrir, pois queria transformar o local na nossa sede. Por enquanto,
somos só um grupo de amigos com sangue rubro-negro, mas no próximo ano
vamos oficializar a embaixada - conta o presidente da embaixada
flamenguista, Renato Cavalcante.
03
Problemas
Com
um histórico de mais de 50 anos no futebol amazônico, o ex-jogador e
rubro-negro roxo, Gervázio de Araújo conta que ajudou a construir a sede
da versão rondoniense do time do coração. Genro do Eduardo Lima e
Silva, um dos fundadores, se associou ao clube e defendeu as cores de
sua paixão nos gramados por 17 anos. Já aposentado do futebol, acredita
que a má administração possa ter levado o clube ao fracasso.
-
Fui campeão pelo Flamengo mais vezes do que consigo contar. Joguei de
1960 à 1977 e vi a glória daquele clube. Eu era lateral direito ou
zagueiro central. E nos meus 50 anos de futebol, ainda guardo carinho
pelo time. Eu ajudei a construir o Flamengo e me dói ver o estado em que
está. Com o passar do tempo, foi passando por gestões que não ajudaram e
deu no que deu. Hoje, não passo nem na porta - diz o ex-jogador
rubro-negro.
Segundo presidente do clube até o final de 2014,
Hélio Silva, um flamenguista apaixonado pelo time carioca, mas
desiludido com o rondoniense, a situação atual foi acarretada por uma
série de fatores administrativos e principalmente financeiros. Um clube
que fazia história disputando em quatro categorias, está sem perspectiva
de futuro.
-
Ganhamos diversos títulos na época amadora, mas quando passamos para o
profissional, o futebol acabou. Por questões financeiras, por não termos
campo para treinar, mas principalmente pelas dívidas, o futebol acabou.
Nós gastávamos cerca de R$ 1,5 mil para colocar o time em campo e só
conseguíamos arrecadar R$ 300 com os ingressos. O Flamengo nunca teve
uma política de arrecadação para fazer manutenção. Dos nossos mais de
700 sócios, a maioria já morreu e os que ainda estão vivos não pagam
mensalidade. Tudo o que é gasto aqui sai do nosso bolso. Não temos
quadro de sócios contribuintes. Não temos como manter um clube assim.
Como
agravante da situação, além da falta de interesse de possíveis novos
sócios, o incêndio na Boate Kiss, que matou mais de 200 pessoas em
janeiro de 2013 na cidade de Santa Maria, RS, levou o Corpo de Bombeiros
a tomar medidas preventivas em clubes da cidade, e o Flamengo foi
interditado.
- Eu fiz um projeto em 2000 para arrecadar fundos
para construir piscinas no clube e acabamos gastando mais com
divulgação do que o que foi arrecadado. Quando o futebol acabou passamos
a sobreviver do carnaval, mas as pessoas perderam a tradição de ir para
festas em clubes. Depois, o espaço foi utilizado para treinos de outras
modalidades, mas há algum tempo, quando teve o incêndio na Boate Kiss,
foi o nosso fim. Os bombeiros alegaram que precisávamos fazer adequações
no local e, para isso, eu ia gastar mais de R$ 70 mil só de material.
Não tenho condições de fazer isso - afirma Hélio.
Fachada do Flamengo-RO (Foto: Daniele Lira)
04
Futuro
No
final de 2014, foi realizada uma nova eleição para a nova presidência
do clube. Para Hélio da Silva, esta pode ser uma chance do Flamengo-RO
encontrar um novo olhar e uma nova administração e, quem sabe, voltar
aos tempos de glória.
- Agora nós vamos ver o que vai ser do futuro do clube. Chega um ponto em que a gente cansa de não fazer nada, e eu me cansei. Quem sabe uma outra pessoa consiga inovar e fazer algo por esse lugar.
- Agora nós vamos ver o que vai ser do futuro do clube. Chega um ponto em que a gente cansa de não fazer nada, e eu me cansei. Quem sabe uma outra pessoa consiga inovar e fazer algo por esse lugar.
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