O jogo da última quinta-feira, em Brasília, reacendeu o
debate dos torcedores em torno da questão da venda do mando de campo.
Afinal, vale ou não vale tirar partidas do Flamengo do Rio de Janeiro? O
Rubro-Negro traçou um planejamento inicial onde a meta era vender o
mando em quatro jogos do Campeonato Brasileiro. Dois já foram: um em
Natal (3 a 0 no Avaí), e o outro na capital (0 a 2 diante do Coritiba).
Como o time está na disputa direta por uma vaga no G-4, a diretoria, que
reconhece a importância de atuar no Maracanã, está avaliando para
decidir se abortará em relação aos outros dois duelos que faltam, se
manterá a previsão ou se cumprirá o restante pela metade, transferindo
mais uma partida em vez de duas. Com a palavra, o diretor geral do clube
da Gávea, Fred Luz.
- Não sabemos. Vai depender muito do desempenho do time. Isso é
dinâmico. Se a gente estiver bem, disputando G-4, dificilmente
vai tirar mais jogos do Maracanã, porque nós vamos ter uma receita que nos
permita atingir nosso orçamento - disse Fred Luz ao GloboEsporte.com.
Torcida do Fla lotou o Mané Garrincha contra o Coritiba, mas foi criticada pela postura (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)
O
técnico Oswaldo de Oliveira também opinou sobre o tema e não se opôs a
vender o mando de campo, desde que haja uma "predominância financeira"
boa para o Flamengo.
- O futebol evoluiu muito. Temos
necessidades, isso é um julgamento que a diretoria do Flamengo tem que
fazer. Eu sigo. Se precisar de uma opinião técnica, eu dou. Mas quando
há predominância financeira, temos que respeitar e ir atrás da procissão
- afirmou o treinador.
O
fato é que, independentemente da campanha rubro-negra até o fim do ano, existe um
jogo que o Flamengo não poderá mandar no Maracanã. No dia 22 de
novembro, o estádio receberá show da banda americana Pearl Jam,
impossibilitando a realização do duelo com a Ponte Preta pela 36ª e
antepenúltima rodada do Brasileirão. O clube analisa a situação com
calma e tem como opção manter a partida no Rio de Janeiro, no Engenhão.
Ou então pode aproveitar a coincidência para vender o mando de
campo para fora do estado. Fred Luz diz que ainda não chegou qualquer
proposta para isso.
Aniversário do Fla deve ter amistoso com grande clube no Maracanã
Além
dos quatro jogos planejados, o Flamengo fará ainda dois amistosos que
ajudarão a engordar a conta, um deles fora do Rio. O primeiro será em 11
de outubro, às 16h, contra a Desportiva Ferroviária, em Cariacica, no
Espírito Santo. E o segundo, que está em conversas avançadas para ser
anunciado, deve ocorrer no dia 15 de novembro, no Maracanã, contra um
grande clube, num grande evento para comemorar o
aniversário do Rubro-Negro, que acontece no dia 17 de novembro. Nos dois casos, as
datas são viáveis por conta da paralisação do Brasileirão para as
eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.
Sobre o duelo com
o Coritiba, houve muita reclamação nas redes sociais, principalmente
dos torcedores cariocas, criticando a torcida de Brasília por ter
cantado pouco e ter vaiado exageradamente os jogadores, gritando até
"olé" para o toque de bola da equipe adversária. Fred Luz lamentou a derrota,
mas ressaltou que atuar fora do Rio de Janeiro é importante para
"desenvolver o relacionamento com a torcida de fora". O dirigente ainda
admitiu que, quando o mando de campo foi vendido, antes da arrancada
rubro-negra rumo ao G-4, a expectativa em cima da equipe não era tão
alta.
- Do ponto de vista de fazermos uma ativação com a torcida de fora do
Rio de Janeiro, e Brasília tem uma torcida expressiva do Flamengo... O
Flamengo precisa eventualmente jogar próximo de sua torcida fora do Rio
também. Agora, do ponto de vista do momento em que foi decidido fazer
esse jogo em Brasília... Isso foi decidido antes do jogo contra o São
Paulo, e a gente não sabia onde o time estaria. A gente sempre acreditou
que o time iria progredir, mas nós tivemos 100% de aproveitamento nos
seis primeiros jogos do returno, o que fez com que o apelo do jogo
crescesse muito. Acabou gerando ótima receita para o Flamengo, então do
ponto de vista financeiro foi bom. Nós perdemos o jogo, o que não foi
nada bom. Mas atribuo a derrota não ao fato de ter jogado em Brasília,
mas às circunstâncias do jogo. Como a gente vai jogar agora em Belo
Horizonte, encaixava fazer o jogo anterior em Brasília, assim como
fizemos nas partidas contra Avaí (em Natal) e Sport (Recife). Nós
procuramos o apoio da logística. O Flamengo não vai poder fugir
estrategicamente de fazer jogos fora do Rio de Janeiro. Alguns jogos o
Flamengo vai ter que fazer fora do Rio para desenvolver o relacionamento
com a torcida de fora.
Dirigente: Fla não teria jogado em Brasília se soubesse da alta procura
O
Flamengo faturou cerca de R$ 1,5 milhão com o jogo em Brasília (R$ 950
mil fixos, mais R$ 15 reais de cada ingresso vendido a partir dos 30 mil
- foram 67 mil no total). É um bom número, mas o clube poderia ter
arrecadado ainda mais se tivesse mantido o jogo no Maracanã, uma vez que
a torcida carioca também teria comprado o barulho e comparecido em peso
em função da boa fase e para apoiar o time na briga pelo G-4. Fred Luz
admitiu que, se a diretoria soubesse da alta procura por ingressos, não
teria vendido o mando.
Torcida do Flamengo também vem enchendo o Maracanã, como fez contra o Cruzeiro (Foto: Ivan Raupp)
- Se achássemos que daria esse
público, nós teríamos operado o jogo (no Maracanã). A gente sabe operar
jogo. A gente não teria vendido e teria operado o jogo. Quando vendemos
um jogo preestabelecido, é porque esse valor já nos atende, nos deixando
numa posição de segurança. Faça chuva ou faça sol, você vai receber
aquela quantia. Para quem compra o jogo, muitas vezes eles ganham, o que
é o normal, mas às vezes eles perdem.
O próximo jogo do
Flamengo no Maracanã será o clássico com o Vasco, no domingo da semana
que vem. Antes disso, o clube tem um desafio fora de casa. Encara o
Atlético-MG neste domingo, às 16h, no Independência, em Belo Horizonte. O
Rubro-Negro é o atual quinto colocado do Campeonato Brasileiro, com 41
pontos, enquanto o Galo é o vice-líder, com 49.
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