No
balanço financeiro de 2014 publicado pelos 16 principais clubes do
Brasil, as receitas apresentaram queda de 3% e chegaram ao valor de R$
2,9 bilhões. O maior responsável: a transferência de jogadores. Antes
responsável por 21% do faturamento em 2013, agora representa 14%. O
efeito da derrota do Brasil por 7 a 1 para a Alemanha e consequente
eliminação da Copa pode ser um dos responsáveis. Mas diante de um ano de
dificuldades, há quem possa comemorar: o Flamengo lidera o ranking de
receitas (R$ 347 milhões) e é o único a diminuir sua dívida. Em 2013,
ocupava o topo da tabela, com R$ 757,4 milhões. Em 2014, é de R$ 697,9
milhões.
Info 5 MAIORES RECEITAS 2014 (Foto: infoesporte)
Clube
com maior faturamento em 2013, o São Paulo, agora ocupa a terceira
posição no ranking, com R$ 255,3 milhões. Quando liderava, era de R$
364,7 milhões. O Corinthians mantém o segundo posto, apesar da
diminuição de R$ 316 milhões para R$ 258,2 milhões. Palmeiras e Cruzeiro
ocupam quarto e quinto lugares, com R$ 247,6 milhões e R$ 223,2
milhões. Os números são de levantamento realizado pelo consultor de
marketing e gestão esportiva Amir Somoggi e têm como base o balanço
financeiro publicado pelos clubes.
Info RECEITAS 2014 (Foto: infoesporte)
-
Enquanto o mercado está parado, o Flamengo fecha com o maior superávit
de sua história. Hoje a gestão do Flamengo é única no Brasil. É o
modelo, é a exceção. Está usando o tripé fundamental para o equilíbrio:
maximizar receita, controlar gastos e pagar dívidas. Durante sete, oito
anos, a gente sempre ouvia que o clube era um gigante adormecido. Todo
mundo via o Corinthians e o São Paulo crescendo, e o Flamengo, parado. A
partir do momento que esta gestão assumiu o pior clube do Brasil
naquela ocasião, tudo mudou - afirmou Amir Somoggi.
O
consultor de marketing e gestão esportiva cita como comparação a
administração Patrícia Amorim, anterior à atual. Na época, o clube
faturava R$ 32 milhões em marketing. Hoje, chega a R$ 80 milhões.
Segundo Amir, a diretoria fez a lição de casa. Não tem o time mais
competitivo, mas não abusou nos custos do futebol e está pagando dívidas
de décadas. Ao passo que clubes como Corinthians, São Paulo e
Atlético-MG, entre outros, aumentam seus déficits.
Info 5 MAIORES DÍVIDAS 2014 (Foto: infoesporte)
O
líder das dívidas agora é o Botafogo, que passou de R$ 698,8 milhões
para R$ 845,5 milhões, ultrapassando o Flamengo, em segundo. Aliás, os
quatro grandes clubes do Rio continuam encabeçando a lista dos cinco
maiores devedores, na companhia do Atlético-MG, quarto colocado, com R$
486,6 milhões. O Vasco é o terceiro, com R$ 596,4 milhões, e o Flu ocupa
a quinta posição, com R$ 439,6 milhões.
- O Botafogo tem a
situação mais trágica. Vai ter que fazer o mesmo trabalho do Flamengo. O
passivo trabalhista e fiscal é muito grave. Precisa fazer um plano a
longo prazo - alertou o consultor, lembrando que, se os cariocas ainda
se mantêm entre os primeiros em dívidas, hoje já têm companhia próxima
de clubes como Grêmio, Santos e São Paulo, que estão se aproximando.
O
dado mais assustador dos balanços foi no que se refere aos déficits. Os
16 clubes somados apresentaram perdas de R$ 595 milhões no ano passado.
Em 2013, foram de R$ 375 milhões. Em dois anos somaram perdas de quase
R$ 1 bilhão. Nos últimos quatro anos os déficits somados atingiram R$
1,3 bilhão. Para piorar, as dívidas desses 16 clubes cresceram 18%,
atingindo R$ 6 bilhões em 2014. Esse endividamento dos clubes, ainda
segundo Amir Somoggi, está subindo muito em função de operarem de forma
alavancada. A participação das dívidas fiscais sobre a dívida total vem
caindo, passando de 41% em 2011 para 34% em 2014. Isso significa que os
pesados empréstimos, os altos custos com os acordos trabalhistas, os
débitos com os jogadores e dívidas com fornecedores estão crescendo em
um ritmo muito acelerado.
- Temos nesse balanço o pior
resultado em termos de déficit do futebol brasileiro. É o pior dos
cenários. Chegamos a três conclusões: a receita está estagnada há dois
anos. Os déficits são monstruosos. Com os prejuízos, há aumento do
endividamento - disse Amir.
A queda na transferência de
jogadores foi o fator que mais influenciou na diminuição das receitas
dos clubes. O mau desempenho do Brasil na Copa do Mundo certamente teve
influência.
- O 7 a 1 da Alemanha, sem dúvida, causou impacto
negativo. Os jogadores brasileiros passaram a ser mais questionados no
exterior. Com isso, os clubes acabaram inseridos no contexto da crise.
Para
não dizer que tudo foi ruim, Amir destaca ainda: os clubes que
impactaram positivamente os números com superávits foram o Flamengo, com
R$ 64,3 milhões, Atlético-PR, com R$ 43,2 milhões, e Vitória, com R$
268 mil. Todos os demais apresentaram perdas em 2014.
Outro
dado interessante: as receitas que mais cresceram em 2014 foram com a TV
(R$ 1,04 bilhão), o clube social e sócio-torcedor, com um total de R$
428 milhões gerados. Os patrocínios e a bilheteria tiveram uma queda nas
receitas de R$ 5 milhões cada uma. A bilheteria dos clubes atingiu R$
295 milhões, e os patrocínios, R$ 443 milhões.
- O contrato
com a TV Globo é a garantia para os clubes correrem atrás de
empréstimos. Em 2016 haverá renegociação, que pode segurar um pouco a
crise. no primeiro ano haverá equilíbrio, mas já no segundo as despesas
continuarão crescendo. O contrato com a TV acaba sendo o combustível
para os déficits futuros. Os clubes precisarão ser mais criativos para
sair dessa situação - alertou Amir Somoggi.
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