Ex-jogador do Brasil nas Copas de 1978, 1982 e 1986, Zico se mostrou
preocupado com a forma como o Brasil foi eliminado pela Alemanha, após
ser goleado por 7 a 1 na semifinal da competição.
O ídolo do Flamengo lamentou a pressão sobre os jogadores e citou o
romance "Jogos Vorazes" para definir o espírito da Seleção nesse
Mundial. A obra da escritora Suzanne Collins conta a história de um
grupo de adolescentes que, após passarem por um sorteio, participam de
uma batalha televisionada em que lutam até a morte, restando apenas um
sobrevivente que é declarado como vencedor.
- Dá a impressão que o Brasil veio participar dos "Jogos Vorazes", veio
sobreviver. Cada jogo do Brasil parecia uma coisa de vida ou morte. O
futebol não é isso. Futebol é espetáculo, é felicidade para poder
desempenhar bem a criatividade, o repertório. Eu só vi isso no Neymar,
que estava jogando, estava feliz, estava se divertindo - comentou.
Para Zico, vitória da Alemanha sobre o Brasil foi uma "aula" (Foto: Reprodução SporTV)
Zico fez parte da Seleção que disputou o Mundial de 1982 que, embora
não tenha conquistado o título, foi vista como uma das mais encantadoras
da história do esporte. O ex-camisa 10, classificou a derrota para a
Alemanha como uma "aula".
- A Alemanha jogou um futebol de qualidade, de técnica, usufruiu de um
momento ruim do adversário, usou de seriedade e em nenhum momento
menosprezou o futebol brasileiro. Isso pode ser chamado de aula. Temos
que tirar proveito, tirar uma lição disso (...). É inadmissível sofrer
gols, como o terceiro e o quatro, com o pessoal tocando a bola como se
estivesse brincando de "bobinho". Jamais tinha visto no futebol uma
situação como essa. Ainda mais se tratando de seleção brasileira -
disparou.
Para Zico, a situação atual do futebol pentacampeão precisa ser vista
com atenção, bem como a importância na formação de novos atletas. O
Galinho revelou o desejo de ver a volta da criatividade e da iniciativa
dos jogadores brasileiros.
- Quando se ganha uma Copa das Confederações, o que perdeu não volta
chorando para casa, como em uma Copa do Mundo. Talvez, o Brasil tenha
achado que poderia ser a mesma coisa, o mesmo espírito e não é. Deixar
espaço para Camarões, para Chile não é a mesma coisa que deixar espaço
para um time que tem uma compactação boa, uma qualidade muito superior
desses jogadores alemães. Tem que ver o que está acontecendo e o que
pode ser melhorado, voltar às raízes da criatividade, da iniciativa do
jogador brasileiro. Os olheiros hoje têm uma responsabilidade grande.
Tem que apontar o garoto que joga, que trata bem a bola. Está faltando
isso - disse.
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