sexta-feira, 11 de julho de 2014
Artigo: Os clubes e a reestruturação do futebol brasileiro
Presidente do Fla
mengo
, Eduardo Bandeira de Mello vê oportunidade de estabelecer novo marco na gestão das entidades esportivas
por
Eduardo Bandeira de Mello
11/07/2014 6:00
A derrota por 7 a 1 da seleção brasileira abriu, de forma dolorosa, nossos olhos para a realidade atual do futebol brasileiro.
Os problemas são muitos: vão desde uma legislação que enfraquece o trabalho formador dos clubes, passando pelo processo eleitoral das federações de futebol, até os altos custos de administração das novas arenas.
Todos eles são complexos e com soluções, na melhor das hipóteses, de médio prazo.
Apesar da necessidade imperiosa de reversão desse quadro negativo, entendemos que nenhuma tentativa de solução será eficaz se não atacarmos os graves problemas decorrentes da situação caótica hoje vivida pelos clubes brasileiros de futebol, responsáveis permanentes pela formação e pelo suprimento de talentos para a nossa seleção.
Ao longo dos anos, o futebol brasileiro se acostumou a viver num mundo onde o não cumprimento das obrigações virou, para muitos, sinônimo de gestão eficaz e vencedora. A consequência inevitável foi o acúmulo de dívidas fiscais e trabalhistas que sufocam a gestão dos clubes.
Hoje, temos uma oportunidade única de estabelecer um novo marco na governança e na gestão dessas entidades desportivas, acabando com práticas condenáveis de longa data e obrigando os clubes a cumprirem fielmente seus compromissos financeiros, trabalhistas e fiscais.
Está para ser votada pelo Congresso uma lei que punirá, de forma muito dura, os clubes que não honrarem sua missão social e seus compromissos: a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte.
Com esta lei, prevista para ser votada ainda este mês, os clubes serão obrigados a prestar contas regulares com a sociedade e a pagar rigorosamente em dia suas dívidas. A punição — caso isto não ocorra — se dará através do rebaixamento para divisões anteriores e da responsabilização dos dirigentes.
Para que os clubes consigam se adequar a essa nova realidade regulatória, está previsto um alongamento de suas dívidas fiscais sem qualquer perdão ou anistia total ou parcial.
É interessante notar que um dos pilares da Bundesliga — a entidade que organiza o Campeonato Alemão, nossos algozes nesta Copa do Mundo, é exatamente o pagamento dos compromissos em dia. Nenhum time participa do campeonato caso não ateste sua idoneidade financeira.
Por isso é que nós, representando a Nação Rubro Negra — a maior torcida do mundo —, nos juntamos aos demais grandes clubes brasileiros para reforçar a importância da aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte.
Temos a firme convicção de que a criação desse novo marco e a moralização do nosso setor serão o primeiro passo para voltarmos a ser o país do melhor futebol do mundo.
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