Em poucos segundos, os decibéis explodiram na Lagoa. Após conquistar a etapa da Copa do Mundo em Lucerna, na Suíça, Fabiana Beltrame
voltou em grande estilo. Acompanhada da filha, Alice, de três anos, a
principal atleta do remo brasileiro desembarcou no aeroporto
internacional do Rio na manhã desta terça-feira e foi direto para a Sede
de Remo do Flamengo, onde recebeu uma homenagem do clube, com fogos de
artifício, aplausos e gritos. Os remadores que treinavam no
cartão-postal carioca deixaram os barcos de lado e se aglomeraram ao
redor de Fabiana que, aos poucos, tentava dar atenção a cada um deles,
nem que fosse com um simples abraço ou um sorriso no rosto. A remadora
de 31 anos, que sofreu uma lesão nas costas em abril, se recuperou a
tempo de competir na etapa da Copa do Mundo em Eton e garantir um lugar
no pódio no single skiff peso leve. Se no Reino Unido, ela ficou com o bronze, três semanas depois, alcançou o topo na Suíça.
- O meu desempenho foi além da expectativa. Entre uma etapa e outra,
tive apenas três semanas de preparação. Treinei muito em Portugal.
Estava muito focada para ganhar da austríaca (Michaela Taupe-Traer), que
me venceu em Eton por uma diferença de 10 segundos. Achava que não iria
superá-la, mas queria melhorar o meu tempo e, quem sabe, levar uma
prata. Acabei vencendo ela por um segundo e fiz o melhor tempo da minha
vida (7m34s33). Nos encontramos na semifinal, no mesmo dia da final, por
isso, remei primeiro para me classificar e, depois, dei tudo de mim.
Deu tudo certo e eu fiquei muito feliz - contou a atleta, que passou um
período de treinos na vila portuguesa de Avis.
Após ouro em etapa da Copa do Mundo, Fabiana foi homenageada no Fla (Foto: Alexandre Vidal/FlaImagem)
Campeã mundial em Bled, na Eslovênia, em 2011, a remadora do Flamengo
já se prepara para outro importante próximo desafio, o Mundial da Coreia
do Sul, que será disputado entre os dias 25 de agosto e 1º de setembro.
- O meu período de treinos em Avis foi fundamental para conquistar a
etapa, fiquei apenas treinando e descansando, com calma, mas estava
sozinha, sem o meu treinador. Agora, vou focar a minha preparação no
Flamengo, com o técnico Julio Soares, que vem realizando um ótimo
trabalho e, graças a ele, pude vencer. O ouro em Lucerna provou mais uma
vez que é possível ter esperanças de bons resultados nas Olimpíadas do
Rio. As meninas lá são muito boas, mas não sobrenaturais. Se fizer um
treinamento certo, a longo prazo, nos próximos três anos, é possível
garantir uma medalha para o país em 2016 - analisou a atleta, medalhista
de prata no Pan de Guadalajara 2011.
Especialista no single skiff leve, que não faz parte do programa
olímpico, Fabiana terá uma difícil missão até os Jogos: encontrar uma
parceira à altura para entrar na briga por medalhas no skiff duplo peso
leve. Remando contra a maré, a catarinense de Florianópolis já iniciou
os testes e deverá competir ao lado de uma das companheiras do clube
carioca. Ainda não há nada definido, no entanto, uma das candidatas é a
jovem Beatriz Tavares, de apenas 18 anos, revelada nas categorias de
base do Rubro-Negro e dona de cinco medalhas de ouro em torneios
internacionais.
- Ainda estou à procura de uma parceira e já temos meninas em vista. O
Flamengo está com algumas novas promessas. A Beatriz é uma delas e está
remando muito bem. Não me lembro de estar nessas mesmas condições quando
era da categoria júnior. Nós temos treinado juntas e eu já tive que
fazer muita força para ela não me passar. Encontrar uma parceira é muito
simples. O remo é objetivo, não precisamos perder muito tempo avaliando
os talentos, basta estar andando rápido na água. Se as duas tiverem com
um bom ritmo, vai dar certo. Espero que a gente consiga trazer um bom
resultado para o Brasil nas Olimpíadas, não só classificar, e sim lutar
por uma vaga na final e uma medalha - finalizou.
Fabiana exibe as medalhas de bronze e ouro, após etapas da Copa
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