Carinho não faltou ao Flamengo em sua passagem por Juiz
de Fora. Sem um grande estádio para mandar suas partidas no Rio de
Janeiro, o clube recorreu à cidade mineira para enfrentar o Campinense,
pela Copa do Brasil, e acabou abraçado pelos 19.286 rubro-negros que
acompanharam a vitória por 2 a 1 e a classificação para terceira fase da
Copa do Brasil. Assim como já tinha acontecido na chegada à cidade e no
treino de reconhecimento, os torcedores demonstraram forte apoio
durante os 90 minutos e deixaram as portas abertas enquanto a equipe
estiver “sem casa”. O retorno já está marcado: dia 29, para encarar a
Ponte Preta, pela segunda rodada do Brasileirão.
Torcida comparece em grande número para prestigiar a vitória do Flamengo (Foto: Cahê Mota)
Palco de partidas importantes na história do clube, como a despedida de
Zico, em 89, e a salvação do rebaixamento com gol de Felipe Mello, em
2001, Juiz de Fora teve a rotina alterada por dois dias para receber o
Rubro-Negro. No início da tarde de terça, centenas de torcedores pararam
a Av. Getúlio Vargas, uma das principais da cidade, para receber o time
com euforia a delegação. No dia do jogo, as ruas pareciam vestir
vermelho e preto, tamanho o número de camisas exibidas.
Desde o início da tarde, o trânsito na região central começou a sofrer
interferências por conta do jogo. Enquanto se dirigiam para o estádio,
moradores diziam: “Todo mundo sabia que ia ser assim”, em crítica a
impacientes que apelavam para buzinas. Já nos arredores do palco da
partida, o clima era de confraternização. Muitos torcedores ignoraram o
longo engarrafamento nas ruas de acesso e optaram por caminhar ao som do
repertório comum nas arquibancadas.
Ao chegarem ao Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, a entrada
ficou para minutos antes do apito inicial. Com um grandioso
estacionamento em frente ao portão principal, os rubro-negros optaram
por fazer a tradicional concentração regada a cerveja, proibida dentro
do estádio. Ambulantes também fizeram a festa e agiram sem fiscalização
na venda de produtos piratas. Até mesmo cópias da camisa da Adidas,
ainda não lançada, podiam ser encontradas.
Já a postos, o flamenguistas deixaram claro desde o início o desejo de
transformar o local em um pequeno caldeirão. Na entrada dos jogadores do
Campinense para aquecimento, uma grande vaia foi ouvida. Ao deixar o
vestiário correndo, um dos paraibanos disse em tom de surpresa e ironia:
- Que isso! Coisa linda, pai!
A presença dos cariocas em campo causou, obviamente, efeito contrário, e
gritos de incentivo duraram todo o aquecimento. Com bola rolando, os
mineiros pareciam estar habituados a empurrar o time e momentos de
silêncio eram raros entre cantos como “Raça, amor e paixão”, “Mengão do
meu coração” e, principalmente, o hino do clube. O trio de arbitragem
também não teve sossego e sofreu com reclamações ou pedidos de cartão
para o adversário a cada falta marcada.
Como já havia acontecido anteriormente, Léo Moura e Renato Abreu foram
os mais badalados e tiveram seus nomes gritados. Os momentos de maior
excitação, no entanto, aconteciam em jogadas individuais de Gabriel e
Rafinha – mesmo com a dupla em noite pouco inspirada. No meio de tantos
afagos, um jogador destoava: Amaral.
Mal em campo e com muitos erros de passes, o volante tirou a paciência
do torcedor, que vibrou como um gol ao ter a confirmação de sua
substituição por Luiz Antonio no intervalo. Ainda durante a parada, o
locutor oficial anunciou o retorno do time para partida diante da Ponte
Preta, provocando nova reação entusiasmada.
Com o Fla melhor no segundo tempo, os gritos de incentivo seguiam o
padrão da etapa inicial e dividiam espaço com “olas”. As substituições
de Renato Abreu e Rafinha por Rodolfo e Paulinho, entretanto, não foram
aprovadas. Na saída do meia, sinais de descontentamento foram percebidos
e viraram focos de gritos de “burro” quando o camisa 7 caminhava para
deixar o campo.
O gol de Elias logo em seguida, com a participação de Rodolfo e
Paulinho, recolocou as coisas no seu lugar. Melhor em campo, o volante
teve o nome gritado por todo estádio. Ao apito final, as atenções se
voltaram para as cadeiras especiais. Ali, o presidente Eduardo Bandeira
de Mello e o vice de futebol, Wallim Vasconcellos, assistiram ao jogo e
tiveram dificuldades para chegar ao portão de saída. Enquanto cruzavam
as arquibancadas já praticamente vazias, receberam aplausos e elogios
pela gestão que só tem quatro meses e meio de duração, além de muitos
pedidos de fotos.
Após o jogo, Jorginho agradeceu o apoio:
Após o jogo, Jorginho agradeceu o apoio:
- Por ter jogado aqui muitas vezes com o Flamengo, tenho uma gratidão.
Fomos muito bem recebidos e tentamos retribuir da melhor maneira
possível. Não fizemos uma grande partida, mas conseguimos a vitória. Só
tenho a agradecer.
Em êxtase, Juiz de Fora fez do carinho uma característica na passagem do Flamengo. O retorno está garantido ao menos mais uma vez, mas os torcedores deixaram claro: a porta está aberta, sejam bem-vindos.
Em êxtase, Juiz de Fora fez do carinho uma característica na passagem do Flamengo. O retorno está garantido ao menos mais uma vez, mas os torcedores deixaram claro: a porta está aberta, sejam bem-vindos.
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