Na segunda-feira, depois de dias agitados nos bastidores, Carlos Brazil, gerente de futebol e até então homem forte das categorias de base do Flamengo, foi demitido. Brazil – que trabalhou nos três anos da gestão de Patricia Amorim - diz que prefere acreditar que tenha sido apenas reformulação do departamento. A saída, porém, já era desenhada nos bastidores. A demissão foi sacramentada depois do episódio do anúncio de um boicote ao São Paulo e terminou com um email, no qual o ex-gerente negou uma exigência do diretor de futebol profissional Paulo Pelaipe para que se retratasse publicamente.
Com isso, Marcos Biasotto, levado para o Flamengo por Pelaipe, passa a ser o número 1. Novas mudanças não estão descartadas.
- Não explicaram o motivo da saída. Tenho impressão de que fazia parte do planejamento, uma reformulação – afirmou Brazil, que além de gerente passou a ser o administrador do Ninho do Urubu na gestão de Patricia.
Internamente, porém, é de conhecimento geral que o episódio do anúncio de boicote as competições de categorias de base que contassem com São Paulo foi o estopim para a demissão.
Segundo pessoas ligadas à base do Rubro-Negro, com os últimos problemas e o teor do email, “Brazil facilitou o trabalho”.
A reportagem não conseguiu contato com Paulo Pelaipe, que está com a delegação em Campina Grande para o jogo pela Copa do Brasil, na noite desta quarta.
Passo a passo
No dia 24, Carlos Brazil anunciou boicote a Copa 2 de julho de Futebol sub-17, disputada entre 1º e 14 de julho. Corinthians, Santos, Palmeiras, Atlético-MG, Ponte Preta, Coritiba, Goiás e Cruzeiro seguiram o mesmo caminho.
Dois dias depois, o vice-presidente de futebol do Rubro-Negro, Wallim Vasconcellos, informou que Brazil trabalha nas categorias de base, mas não falava em nome do clube e descartou a hipótese de boicote.
- No começo de 2012, o Ney Franco reuniu diversos clubes na Granja Comary. Foi criada uma associação das divisões de base e fui escolhido como um dos representantes. Virei uma das principais lideranças. Sabia do movimento do boicote e respondi. Mas falei como representante da associação. Nas minhas declarações não falei em nome do Flamengo, pois quem decide pelo clube é o presidente. O Wallim deu entrevista dizendo que iria disputar a Copa 2 de julho. E o Flamengo nem foi convidado para essa Copa. Respeito hierarquia, não seria leviano de falar pelo Flamengo – explicou Carlos Brazil.
Na última sexta-feira, aconteceu uma reunião com Brazil, Paulo Pelaipe, entre outros integrantes do futebol de base e profissional para debater o assunto.
Na ocasião, Pelaipe exigiu que Brazil se retratasse publicamente sobre o que falara das categorias de base do São Paulo e do boicote. O gerente das divisões de base se negou, enviou um email interno explicando os motivos e escreveu que não deixaria de “agir pela ética”, o que não foi bem interpretado por Pelaipe. Contrariado, o diretor decidiu pela demissão.
- Não sei se (o email) causou incômodo. O Pelaipe me pediu uma retratação pública. Não entendi que era cabível, já que não falara em nome do Flamengo. Não quero acreditar que tenha sido por isso - declarou Brazil.
Desde a chegada de Biasotto, em fevereiro, Carlos Brazil e Carlos Noval começaram a perder força. Pelaipe acredita que com um homem de sua extrema confiança o trabalho no dia a sia seja facilitado.
- Foi uma felicidade trabalhar no Flamengo. Não tem mágoa, nada. É um projeto que não foi finalizado, mas foi realizado. Quando chegamos, eram dois jogadores da base no profissional: Galhardo e Diego Maurício. Agora, são 15 - completou Brazil.
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