No fim da tarde e começo da noite desta terça-feira, Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho,
deixou mais uma vez evidente a conturbada relação com o clube, que
acumula uma dívida milionária com o jogador. Por volta de 17h, ele
chegou à loja Fla Concept, da fornecedora de material esportivo do
clube, na sede do Flamengo, na Gávea. Ao caminhar pelo enorme salão,
logo foi reconhecido no local. Pegou camisas oficiais, bonés, roupas de
bebê, entre outras peças, num total de quase 40 itens. Apesar de
assustados com a quantidade de material, os vendedores já vislumbravam a
comissão com o alto valor da venda. Foi quando, para espanto de todos
que testemunharam a cena, Assis colocou as peças no balcão e disse, por
mais de uma vez, em alto e bom som:
- O Flamengo não paga meu irmão, então não vou pagar também – disse Assis, enquanto pedia sacolas para guardar o material.
Boquiabertos, os funcionários não sabiam como agir e logo perceberam que não se tratava de uma pegadinha do empresário.
- Explicamos para o Assis que não poderíamos autorizar de jeito nenhum.
Foi quando ele ligou para o Michel Levy (vice de finanças) – revelou um
dos vendedores, que pediu para não ser identificado.
Começava, então, uma rodada de negociações para resolver o inusitado
problema. Assis ligou para Levy e, nervoso, disse que levaria as peças.
O vice de finanças, que teve conhecimento da justificativa - “o
Flamengo não paga meu irmão, então não vou pagar também” -, precisou
entrar em contato com um representante da Olympikus para tentar
solucionar o impasse.
Procurado nesta quarta-feira, o vice-presidente de finanças do Flamengo preferiu não se alongar sobre o episódio.
- Esse assunto está encerrado, é irrelevante. Não vou me pronunciar
sobre isso - disse Michel Levy através da assessoria de imprensa do
clube.
Muitos itens da lista desejada pelo irmão de Ronaldinho na loja do
clube eram terceirizados, e não da Olympikus. Com isso, o gasto teria
que ser quitado pela própria fornecedora, o que foi devidamente vetado
pelo alto escalão da empresa.
Durante cerca de 1h30m, Assis esperou na loja por uma solução, já que
ouvira de Levy a promessa de que ele deixaria sua sala para ir ao
encontro do empresário, que estava no mesmo prédio, apenas alguns
andares abaixo. Assis, então, perdeu a paciência, subiu de elevador e,
pouco depois, retornou à Fla Concept já na companhia de Levy, que acabou
por ceder à pressão.
Assis conseguiu, em parte, cumprir sua missão. Na presença de Levy,
vendedores da loja receberam autorização para liberar 25 camisas
oficiais, cota que seria destinada ao dirigente, que repassou para o
empresário.
Satisfeito, o irmão e empresário de Ronaldinho decidiu, então,
desembolsar um dinheirinho e comprar duas toalhas com a imagem do camisa
10. Talvez para tentar amenizar o constrangimento de todos. Cada uma
custou R$ 49,90, num total de R$ 99,80. Como se trata de um produto
licenciado, futuramente uma quantia voltará para a conta de Assis.
- Ele comprou, mas reclamou na hora de pagar – disse uma pessoa que presenciou a cena.
Um dia após a discussão, R10 treinou normalmente nesta quarta (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
A notícia logo movimentou os bastidores da Gávea na noite de
terça-feira. Um conselheiro que participava da votação do patrocínio
para o ombro da camisa no salão nobre do clube ironizou e fez trocadilho
com a falta de acerto com o Porcão:
- O Flamengo é a farra do boi. Seria melhor fechar logo com uma churrascaria.
Assis cobra cerca de R$ 5 milhões de atrasados em relação a salários de
Ronaldinho Gaúcho. O clube alega que a dívida é de R$ 2,25 milhões.
Ambas as partes insistem em dizer que está tudo bem, que o caso será
solucionado amigavelmente, mas o futuro do jogador continua incerto.
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