A derrota do Flamengo para o Vasco no último domingo, pela Taça Rio,
decretou o fim das esperanças rubro-negras de conquistar um título no
primeiro semestre de 2012. O revés por 3 a 2 deixou também evidente o
quão exposta esteve a defesa. Ao longo da partida, o vasco finalizou 24
vezes. Os zagueiros Marcos González e Welinton
tiveram de se desdobrar para conter os avanços vascaínos e, conforme
mostram os mapas de calor, tiveram de correr mais do que o que se espera
dos zagueiros de uma equipe.
Mapas
de calor das duplas de zaga de Fla e vasco. As áreas vermelhas mostram
onde os jogadores mais estiveram. Welinton e González movimentaram-se
por uma faixa mais longa que os rivais Renato Silva e Rodolfo. As
distâncias percorridas também foram maiores (Foto: Editoria de
Arte/Globoesporte.com)
González e Welinton percorreram as maiores distâncias pelo lado do
Flamengo: 9.186 e 9.171 metros, respectivamente. Os números são maiores
que os da zaga do Vasco. Renato Silva e Rodolfo percorreram, pela ordem,
8.755 e 8.803 metros. De acordo com André Rocha, responsável pelo blog "Olho Tático",
um dos fatores que contribuíram para a sobrecarga foi o fato de o
Flamengo ter atuado com uma dupla de volantes com pouca rodagem. Muralha
e Luiz Antonio subiram dos juniores em 2011 e só agora começam a se
firmar no time de cima.
- A zaga ficou exposta porque os volantes são inexperientes. O rebote
defensivo foi sempre do vasco. Quando o Flamengo atacava e perdia a
bola, a jogada era aberta para a lateral, os volantes avançavam e ficava
o meio vazio. A bola era cortada e sobrava para o vasco. Os dois também
entravam na área demais, e a bola sobrava para o Vasco fora dela.
Perdendo o jogo, o Flamengo ficou tentando ir para o ataque de qualquer
maneira. Abriu espaço, Eder Luis ia para cima do Welinton, Diego Souza
em cima do González, sempre no mano a mano, e eles tiveram de correr
muito para tentar segurar essas investidas - explicou André Rocha.
Dupla de volantes passa em branco nas roubadas de bola
Muralha e Luiz Antonio não roubaram uma bola sequer ao longo do jogo.
Especialista em roubadas, Willians não participou porque estava
machucado. Apesar disso, André Rocha não acredita num panorama muito
melhor caso o Pitbull estivesse em campo. Para o blogueiro, pesou para o
Flamengo o fato de Ronaldinho, Deivid e Vagner Love terem jogado toda a
partida. Dos três, apenas Deivid, timidamente, ajudava na marcação.
- A situação sem Willians piorou, mas Joel manteve três jogadores que
não marcaram. Foi algo inexplicável. Contra o Bangu, que é um time mais
fraco, o Deivid voltava (o atacante também jogou junto a Love e R10
naquela partida). Contra o vasco, não. Deivid dava só primeiro combate.
Kleberson também não é exímio marcador. Mas o Willians é aquele cara que
depois que desarmou, ele pega a bola e devolve no pé do adversário. Não
dá para ter jogadores que só marcam ou só jogam. No Real Madrid, o
Cristiano Ronaldo volta para marcar. Khedira (volante) sai para jogar.
Todos marcam e todos jogam.
Welinton (camisa 3) tenta o combate para cima de Diego Souza
A exposição prejudicou principalmente Marcos González. O zagueiro foi
eleito em 2011 o melhor da América na posição defendendo o Universidad
de Chile, porém nunca atuou como homem de primeiro combate.
- González funciona melhor na sobra. Jogava assim no Universidad de
Chile. Atuar assim (mano a mano) para ele é muito desgastante. Ele tem
estilo do Fabio Luciano, que rendeu bem com o próprio Joel quando passou
a atuar na sobra - finalizou André Rocha.
Joel Santana terá agora quase um mês para aparar as arestas e armar o
time do Flamengo. Eliminado no Carioca e na Libertadores, o time só
volta a campo para uma partida oficial em 20 de maio, quando faz sua
estreia pelo Campeonato Brasileiro, contra o Sport, na Ilha do Retiro.
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