A Pesquisa da Vez: Estado do Rio de Janeiro
Detalhamento da pesquisa:
Localidade: Rio de Janeiro (capital e estado)
Instituto: GPP
Amostra: 2.000 entrevistas, entre 31 de julho e 01 de agosto de 2010;
Margem de erro: 2,2 p.p
Rio de Janeiro. Capital do segundo
estado mais rico do país – e o terceiro mais populoso, apesar da
limitada extensão territorial. No futebol, única cidade brasileira a
sediar quatro grandes clubes. E uma profusão de pequenos, tendo como
paralelo apenas a argentina Buenos Aires. Foi no lar de Flamengo, vasco,
Fluminense e Botafogo que o Instituto GPP
desembarcou em 2010. A seguir, uma das mais importantes pesquisas já
publicadas no Blog Teoria dos Jogos: Rio de Janeiro, estado e capital.
O peso de cada região se baseou no contingente eleitoral, subdividindo o Rio de Janeiro em cinco regiões, expostas a seguir:
Sendo assim, cidades depois da Ponte (como Niterói, já analisada pelo mesmo instituto, e São Gonçalo) foram desmembradas da Baixada Fluminense. Já regiões importantes do interior foram aglutinadas. Volta Redonda e Resende (Sul Fluminense) entraram com Petrópolis e Teresópolis (Serrana). Campos e Macaé (Norte) se uniram a Cabo Frio e à Região dos Lagos.
Os números do estado como um todo variam pouco com relação a Niterói. O Flamengo é líder disparado, com 47,9% das preferências. Seguem vasco (15,7%), Fluminense (12,8%) e Botafogo (9,6%). Não há empate técnico entre nenhum dos envolvidos. Assim, pode-se afirmar que esta é a ordem de grandeza do quarteto carioca.
Já na cidade do Rio de Janeiro
o vasco cresce, reforçando a impressão de ter uma torcida muito
superior a tricolores e botafoguenses – o que costuma se refletir nas
arquibancadas dos clássicos. O clube do galinheiro de São Januário atinge 19,8% –
dobro do que o Botafogo detem (9,7%). A explicação reside na histórica
ligação da antiga capital do império português e os lusitanos,
fundadores do clube. Trata-se de uma relação que não existe no interior. No mais, o Flu marca 13,5%, enquanto o Fla cai um pouco, para 45,6%.
Na medida em que se interioriza, vasco,
Flu e Bota diminuem e o Flamengo aumenta sua força. Este processo começa
na região metropolitana – onde, curiosamente, está o maior percentual
“sem clube” (16,4%). Chegando ao interior, o Fla atinge nada menos que
50,5% dos torcedores. É o equivalente à soma dos rivais acrescidos de
40%.
De volta à capital, por regiões da cidade:
A menor supremacia do Flamengo se dá na região litorânea (Zona Sul). Por lá, o rubro-negro crava “apenas” 34,5%, verificando forte aproximação do Fluminense, segundo colocado (24,5%). Ainda que se saia mal em uma das regiões mais ricas da cidade, o clube da Gávea cresce com consistência a partir de então, atingindo o ápice de 60,8% na Zona Oeste – região da emergente Barra da Tijuca. O Flu segue caminho oposto. Na Zona Oeste, míseros 5,4% – bem menos que o Botafogo (8,7%) e vasco (12,7%). O clube da Estrela Solitária tem seu reduto na região central do Rio (15,8%). Clube de massa, o Vasco tem maior torcida na Periferia Norte (27,7%).
Desmembrando o estado:
Acima, vimos que o Flamengo cresce à medida com que se caminha para o interior. Agora, podemos mensurar um pouco melhor este processo: sua intensidade é ainda maior no Interior II – Norte e Região dos Lagos. Por lá, nada menos que 52,5% das pessoas são flamenguistas – mais até que na Baixada Fluminense (49,2%).
Outra constatação importante: tanto no Norte/Lagos quanto em Niterói/São Gonçalo a torcida do Fluminense é maior que a do vasco.
Tratam-se das torcidas que mais variam, disputando o segundo posto
cabeça-a-cabeça. Botafoguenses tem perfil estável, acomodados entre 8% e
10% em todas as regiões.
A famosa blindagem do estado do Rio –
onde praticamente não há forasteiros – é diminuída no Interior I, onde
se encontra o Sul Fluminense. Esta é a região que faz divisa com São
Paulo – além de terra natal do Resende e do Volta Redonda. Por isto,
2,9% dos entrevistados torcem por “outros clubes” – percentual que seria
ainda maior caso se desmembrasse o Sul da Serra de Petrópolis.
Por critérios de sexo, faixa etária e grau de instrução:
Por idade, percebe-se que a virada do vasco sobre o Fluminense se deu na década de 80, com a “geração Roberto Dinamite”. Até então, o Fluminense era a segunda maior torcida do Rio. E esta diferença aumenta entre os mais jovens (16 a 24 anos), onde o Fluminense é a menor torcida do Rio. A explicação reside no terrível período 1996/1999, quando o Tricolor amargou três rebaixamentos e o calvário da Série C.
Ao contrário do que se imagina, o maior
número de botafoguenses não reside entre os idosos (mais de 60). A
“geração Garrincha” arrebatou foi a geração seguinte – hoje de 45 a 59
anos. Entre eles, 13,2% são Botafogo, mais que o vasco. Menos que o
Fluminense.
Já o Flamengo é um caso à parte. Quase
não existem épocas de exceção em seu contínuo processo de crescimento.
Detentor de 37,1% na faixa mais velha, o Mengão avança a ponto de
conquistar 59,6% dos mais jovens. Por pouco, não totaliza o dobro da soma dos rivais.
Por gênero, todos os clubes crescem
entre homens, onde apenas 5,6% não tem time. Em termos de escolaridade, o
Fluminense encosta no Flamengo em meio ao nível superior completo –
SUPC (24,8% a 35,2%). Há mais flamenguistas com Primário Completo/1º
Grau Incompleto – PriC/1GI (51,6%). E por incrível que pareça, entre
Analfabetos/Primário Incompleto (AN/PriI), a segunda maior torcida é a
do Botafogo, com 14,6%.
Finalmente, a importantíssima mensuração da renda das torcidas:
Percebe-se que o Flamengo mantem boa dianteira desde os mais pobres até os que percebem 10 salários mínimos – hoje equivalente a R$ 7.295,80 no Rio. A partir de então, quem faz jus à alcunha de “time de elite” é o Fluminense. Por muito pouco os tricolores não atingem o posto de torcida mais rica do estado (Fla – 32,7%; Flu – 29,6%). vasco e Botafogo apresentam estabilidade, evidenciando que a base de tricolores cresce exatamente sobre o Flamengo. A pesquisa ainda traz luz aos vínculos empregatícios verificados entre os torcedores.
Um grande abraço e saudações!
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