O Flamengo divulgou nesta terça-feira o balanço de suas finanças relativas a 2019, mas sem deixar de analisar o atual cenário, com a paralisação do futebol pela pandemia de coronavírus. Com uma receita bruta recorde de R$ 950 milhões e superávit de R$ 62 milhões, o clube destaca em nota no documento que os impactos financeiros relativos à interrupção das partidas são absorvíveis.
Para chegar a essa conclusão, a diretoria do Flamengo relatou ter realizado um "teste de stress" com os dados atuais da pandemia. É um procedimento realizado por bancos e outras empresas para simulação de risco de impacto em determinado cenário. Foi estimado um período de paralisação por até três meses e, segundo o clube, o único impacto que dificilmente será compensado até o fim do ano será na receita de bilheteria.
O trecho do documento que trata da crise mundial diz ainda que os problemas decorrentes da pandemia "não representam risco de continuidade nas operações":
- Em relação à pandemia do COVID 19 que se alastrou pelo mundo e começou a impactar a região em meados de março, a Administração do CRF fez um teste de stress usando as informações disponíveis e projetando um cenário de interrupção de jogos por até três meses.
Os números do balanço de 2019 do Flamengo
Tópico | 2019 (em milhões de R$) | 2018 (em milhões de R$) |
Receita operacional bruta | 950 | 543 |
Despesa operacional | 666 | 376 |
Investimento | 196 | 146 |
Patrimônio líquido | 128 | 65 |
EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) | 248 | 141 |
Endividamento líquido operacional | 338 | 287 |
O balanço foi auditado pela Ernest & Young. A auditoria deu parecer positivo, mas fez uma ressalva, em relação aos critérios utilizados pelo Flamengo para calcular a capitalização dos gastos feitos em atletas de formação. Diz o parecer:
"Conforme descrito na nota explicativa 8, o Clube possui gastos diretamente relacionados com a formação de atletas, registrados em seu ativo intangível, sob a referência “Atletas em formação”, no montante de R$ 44.123 mil, em 31 de dezembro de 2019. Não obtivemos evidência suficiente que suportasse os critérios de capitalização desses gastos, bem como a mensuração do valor recuperável do referido ativo intangível; consequentemente, não foi possível concluirmos sobre a adequação do referido saldo nas demonstrações financeiras".
O clube incluiu ainda uma tabela com indicadores não financeiros, demonstrando evolução em relação a 2018. Houve aumento significativo no número de sócios torcedores, dado que tem influência direta do desempenho do time em campo, além de maior investimento na base e convocações para seleções nacionais.
Veja abaixo alguns dos tópicos do balanço do Flamengo:
A receita recorde
Boa parte da explicação para a receita recorde do Flamengo está na venda de atletas. Ao todo, o clube fez R$ 294 milhões em negociação de jogadores. Parte deste valor (R$ 49 milhões) ainda será recebida. Veja na tabela:
Jogadores vendidos pelo Flamengo
Nome | Clube | Valor (em milhões de euros) | Valor (em milhões de R$) |
Lucas Paquetá | Milan | 35 | 150 |
Léo Duarte | Milan | 10 | 41,8 |
Jean Lucas | Lyon | 8 | 34,8 |
Cuéllar | Al Hilal | 8 | 36,8 |
Uribe | Santos | - | 5,5 |
Trauco | Saint-Étienne | 0,54 | 2,3 |
Outros | - | - | 23 |
Mais de R$ 100 milhões em bilheteria
Outro fator importante na receita rubro-negra diz respeito à sua torcida. O clube atingiu receita bruta de R$ 109 milhões de bilheteria em 2019, com resultado líquido de R$ 48 milhões. Além disso, recebeu R$ 61 milhões com o programa de sócio-torcedor.
Outras receitas do Flamengo
Tópico | Valor (em milhões de R$) |
Direitos de transmissão | 59 |
Premiação | 148 |
Patrocínio e publicidade | 78 |
Licenciamento e royalties | 14 |
Mídias digitais e serviços "on demand" | 120 |
Bilheteria | 109 |
Sócio-torcedor | 61 |
Os investimentos
Parte do superávit gerado pelo Flamengo foi direcionado para o que o clube chama de investimentos. Se antes boa parte deste valor era usada para o pagamento da dívida, agora, numa situação financeira mais consolidada, a diretoria passou a utilizar a quantia para a compra de jogadores - 92% dos R$ 196 milhões investidos. Outra parte foi financiada pela venda de outros atletas.
Ao todo, o Flamengo investiu R$ 249 milhões em jogadores. Deste valor, o clube ainda precisa pagar R$ 149 milhões.
Jogadores comprados pelo Flamengo
Jogador | Clube | Valor (em milhões de R$) | Intermediação (em milhões de R$) | Total (em milhões de R$) |
Arrascaeta | Cruzeiro / Defensor | 76,1 | 5,5 | 81,6 |
Gerson | Roma | 58,9 | 5,9 | 64,8 |
Rodrigo Caio | São Paulo | 28 | 3,5 | 31,5 |
Pablo Marí | Manchester City | 5,3 | - | 5,3 |
Thiago Fernandes | Náutico | 4,9 | - | 4,9 |
Além disso, outros jogadores contratados não significaram pagamento direto a seus ex-clubes, mas como luvas, pois estavam em fins de contrato. Nesta situação se encontram Filipe Luís e Rafinha, além de outros atletas, como Pablo Marí, Gabriel (que esteve emprestado pela Inter de Milão) e Vitinho, comprado em 2018 ao CSKA.
Aquisições com luvas de jogadores pelo Flamengo
Jogador | Valor (em milhões de R$) | Intermediação (em milhões de R$) | Total (em milhões de R$) |
Pablo Marí | 1 | 2 | 3 |
Filipe Luís | 6,3 | 2,4 | 8,7 |
Vitinho | 3 | - | 3 |
Bruno Henrique | 0,9 | 2,8 | 3,7 |
Rafinha | 2,4 | 1,4 | 3,8 |
Gabriel | 3 | 1 | 4 |
As movimentações de 2020
Apesar de as contratações de 2020 não entrarem no balanço, o Flamengo incluiu também os valores gastos para trazer jogadores para a atual temporada.
As contratações do Flamengo em 2020
Jogador | Clube | Valor (em milhões de euros) | Valor (em milhões de R$) |
Gabriel | Inter de Milão | 16,5 | 76,6 |
Michael | Goiás | 7,5 | 33,9 |
Léo Pereira | Athletico Paranaense | 5 | 30,1 |
Thiago Fernandes | Náutico | 1 | 4,9 |
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