segunda-feira, 12 de junho de 2017

A história do estádio da Ilha do Governador


Se alguém ainda se lembra de lições de gramática do ensino fundamental, o antigo Primeiro Grau, deve se recordar que frases com verbos sobre fenômenos naturais - como chover, ventar, nevar - não têm sujeito. Isto é, não há um autor da ação. Mas quem já assistiu a uma partida de futebol na recém-denominada Ilha do Urubu, o estádio da Portuguesa da Ilha do Governador, que vai ser a casa do Flamengo no Brasileiro e na Sul-Americana, sabe que lá a natureza parece contrariar a gramática. O vento “venta” e acaba até influenciando no resultado dos jogos, como ocorreu a 19 de setembro de 1970, quando Ubirajara Alcântara (foto), então goleiro da equipe rubro-negra, marcou um gol na vitória sobre o Madureira.

Na ocasião, ainda não havia goleiros-artilheiros como os de hoje em dia, que balançam as redes cobrando faltas e pênaltis. Ubirajara Alcântara acabou fazendo seu gol ao cobrar um tiro de meta. Sob a ação do forte vento, a bola atravessou o campo e entrou na meta oposta, defendida por Paulo Roberto: placar final de 2 a 0. 

Agora, passados 47 anos, o time rubro-negro vai estrear no local na quarta-feira, contra a Ponte Preta, pelo Brasileirão. Verdade que o sonho da equipe era o de utilizar o estádio para suas partidas pela Libertadores da América. Eliminado deste torneio, o Flamengo levará adiante o projeto na Ilha, por causa da indefinição sobre qual consórcio irá administrar o Maracanã. Em 21 de novembro do ano passado, o clube assinou com a Portuguesa para poder utilizar o Luso-Brasileiro com exclusividade, por três anos, a partir de 2017, após ter investido ali cerca de R$ 15 milhões. A arena terá 22 mil lugares.



Arena da Ilha Flamengo


Até pouco tempo, no ano passado, o mesmo estádio vinha sendo a casa do Botafogo, enquanto o Estádio Nilton Santos, o Engenhão, estava servindo para os eventos da Olimpíada e da Paralimpíada. Na ocasião, o Alvinegro havia investido R$ 5 milhões para que a capacidade fosse ampliada de 3 mil para 15 mil lugares, atendendo às exigências da Série A do Brasileirão. Tal parceria se encerrou em 31 de dezembro de 2016, o que abriu espaço para o clube da Gávea.

Devido à intensa ação dos deslocamentos de ar, o Luso-Brasileiro era conhecido como "Estádio dos Ventos Uivantes". Ele foi inaugurado no dia 2 de outubro de 1965, em Portuguesa 0 x 2 Vasco, pelo Estadual daquele ano, diante de 8.565 pagantes. Antes disso, até 1963, ali funcionava o hipódromo do Jockey Club Guanabara, iniciativa do industrial Peixoto de Castro, erguido pela Construtora Montenegro sob encomenda da Companhia Imobiliária Santa Cruz, da família Valentim Bouças.

Entretanto, em consequência de um decreto do presidente Jânio Quadros - que governou o país por 7 meses em 1961 - limitando os páreos aos sábados e domingos, ocorreu uma queda do turfe nacional. Com isso, o Jockey Club Guanabara foi à falência. Assim, em 1964, a Associação Atlética Portuguesa – fundada 40 anos antes, em 17 de dezembro de 1924 – comprou a área e construiu seu estádio. À época, de 1957 a 1960, seu campo era o do Rosita Sofia, em Cosmos. Nos anos 40 e 50, treinava no gramado do Andarahy, na Rua Barão de São Francisco. Seu primeiro campo, na década de 30, fora o do SC Rio de Janeiro, na  Rua Morais e Silva, Tijuca.

O local ficou em evidênica em 2005, quando do fechamento do Maracanã para os Jogos Pan-Americanos Rio-2007. Em iniciativa conjunta de Botafogo e Flamengo, do governo do Estado e da Petrobrás, o espaço foi transformado em uma arena com o nome da petrolífera. Com a instalação das estruturas tubulares, a capacidade de público foi elevada para 30 mil torcedores.


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