O acerto entre a Lagardère e a Odebrecht ganha novo capítulo nesta sexta-feira. Uma nova reunião vai marcar a assinatura de pré-contrato entre a empresa francesa e a atual concessionária do Maracanã. O acordo é mera formalidade. As empresas já tinham entendimento da venda da concessão para administrar o Maracanã há duas semanas e já trocaram e-mails com a concordância da negociação - conforme publicou o GloboEsporte .com no último dia 23 de março.
Alheio a do Ministério Público, que pede a anulação da licitação original de 2013, e das contestações do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que pede bloqueio dos valores da venda, a Lagardère vai pagar mais de R$ 60 milhões, parceladamente, pela compra da concessão à Odebrecht. A operação passa pelo crivo do governo do estado.
Até 2048, quando termina o prazo de concessão, a empresa vai investir cerca de R$ 500 milhões - destes, R$ 200 milhões em melhorias na estrutura do complexo esportivo. Também vai pagar outorgas atrasadas ao governo estadual - no valor de R$ 20 milhões. Depois da assinatura do contrato definitivo, as empresas tratam da transição, que deve levar algumas semanas.
A empresa quer reduzir custos de jogos no Maracanã, com fornecedores mais baratos. Os dirigentes citam o Castelão, em Fortaleza, que opera por R$ 150 mil. Está no plano de gestão da Lagardère realizar torneios de verão com grandes clubes europeus e brasileiros. São mais de 70 parcerias, entre os clubes Barcelona, Real Madri, Juventus, PSG, Borussia, e 60 estádios no mundo. A Lagardère ainda vai inaugurar restaurantes e atrações turísticas no estádio.
Nada disso seduz o Flamengo. O presidente Eduardo Bandeira de Mello ainda não acredita que o Maracanã vai passar para a mão dos franceses ("nova licitação é a forma mais transparente, que dá mais segurança jurídica"). Ele se refere à empresa francesa como "atravessadores e aventureiros".
- Eu ouvi eles falarem algo do tipo: "Ah, nós vamos assumir o Maracanã e vamos lá no Flamengo para fazer uma proposta irrecusável". Eles não vêm no Flamengo porque eles estão proibidos de entrar aqui - afirmou Bandeira de Mello.
O presidente contou qual a razão da barreira na conversa com a Lagardère.
- Durante o processo de negociação com o Flamengo, eles atravessaram e negociaram à nossa revelia. Isso foi uma das coisas. No mais, é só ver as ameaças que eles fazem pela imprensa. Dizem que o presidente Bandeira não vai ficar no Flamengo para sempre. Ameaçam de querer interferir no processo político do Flamengo. Mas vão se dar mal. Não tem a menor condição de lidar com esse tipo de gente. E nem vamos lidar - disse o presidente do Flamengo.
A Lagardère não quis comentar as declarações do presidente do Flamengo. Bandeira contou que a resistência com a operadora de partidas BWA, que terminou fora do consórcio da Lagardère, vem do exemplo e do registro do trabalho da empresa em outros clubes e até no Flamengo - com a antiga administração do clube da Gávea
- A BWA trabalha para vários clubes, inclusive trabalhou para o Flamengo antes. Por tudo que ouvimos e informações que recolhemos, preferimos não trabalhar com eles. A BWA se juntou à Lagardère. O Flamengo, desde que assumimos, vem passando por um processo de reconstrução da sua imagem e da credibilidade. Não podemos sacrificar isso nos associando a empresas que não têm os mesmos princípios e valores que temos - disse Bandeira, sem falar sobre "princípios e valores" da BWA.
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