quinta-feira, 5 de maio de 2016

Após crítica, Bandeira aceita convite da CBF e não vê conflito: "Premiação"

No fim de fevereiro, o Flamengo, em nota oficial, classificou a atitude da CBF como arbitrária, ao não aceitar que o clube usasse Brasília como sede no Brasileiro. Pouco mais de dois meses depois ao conflito - quando o presidente Eduardo Bandeira de Mello chegou a comparar a entidade máxima do futebol à praticamente inimiga Ferj -, o dirigente rubro-negro aceitou convite e vai ser o chefe de delegação da seleção brasileira na Copa América dos EUA.

A nomeação de Bandeira foi a surpresa da convocação da seleção brasileira para a Copa América, nesta quinta-feira, na sede da CBF. Ele viajará aos Estados Unidos no dia 22 e, se a seleção ficar até o final na competição, deve se ausentar do Rubro-Negro por mais de 30 dias. Ao lado do técnico Dunga e do coordenador Gilmar Rinaldi na CBF, Bandeira ensaiou discurso, evitou responder num primeiro momento na coletiva de imprensa e depois negou contradição na situação. Ele entendeu o convite da CBF como premiação ao trabalho no Flamengo. 

- Não vejo conflito com o que penso. Entendi como uma premiação. O presidente Marco Polo Del Nero mesmo citou isso. Ele disse que era um reconhecimento à minha atuação como dirigente e pelo que o Flamengo defende em termos de melhorias, modernidade e transparência. O que o Flamengo vem empreendendo de mudanças é um exemplo para todos. E o convite não vai mudar minha posição. As nossas posições são conhecidas e imutáveis. Seguirei defendendo o que acredito e combatendo o que não concordo aqui (na CBF). O que o Flamengo faz não tem volta. A gente já vinha trabalhando junto à CBF na agenda de mudanças, tentando trazer nossa contribuição. Existe o movimento na CBF neste sentido também, com grupos de trabalho, esforço pela transparência e boa governança. Entendemos que a CBF sofra pressão do outro lado também, de pessoas e entidades que não comungam das nossas ideias. Entendi o convite como uma sinalização de que o Flamengo está no caminho certo – afirmou Bandeira.

eduardo bandeira de mello flamengo (Foto: Felipe Schmidt / GloboEsporte.com)Eduardo Bandeira de Mello falou com a imprensa (Foto: Felipe Schmidt / GloboEsporte.com)
 
O mandatário rubro-negro se esquivou de questionamentos sobre Marco Polo del Nero, presidente da CBF, que é investigado por corrupção nos Estados Unidos. Ele recebeu o convite de Del Nero na última terça-feira, mas afirmou que ainda se reuniu para saber os detalhes de sua participação.

- Acho que isso seria injustiça tanto em relação a mim quanto a ele (Del Nero). Sempre me posicionei a favor da apuração rigorosa dos fatos e da transparência total. Com certeza ele está trabalhando na sua defesa, e os fatos vão dizer o que é verdade.

Mais elogios a Muricy
Definindo-se como um “lateral-direito razoável”, o “único representante do futebol carioca”, Bandeira não escapou de perguntas sobre o Flamengo. O dirigente lamentou a derrota para o Fortaleza, mas reiterou confiança no trabalho de Muricy Ramalho.

- Claro que garanto (a permanência de Muricy). Muricy é um excelente técnico, talvez o melhor em atividade no Brasil. Está no início de trabalho, tem nossa total confiança, e tenho certeza que temos a confiança dele também. O que temos que fazer é continuar trabalhando.

Não existe outra solução para melhorar um time de futebol do que muito trabalho – afirmou Bandeira.

“Convocado”, Bandeira ainda não sabe como dividirá o tempo entre Seleção e Flamengo. A delegação brasileira se apresenta no dia 22 de maio, em Los Angeles, e, caso o time chegue à final da Copa America, ficará nos Estados Unidos até 26 de junho.

- Vamos combinar ainda essa rotina. Não vou me afastar do Flamengo. Hoje em dia, mesmo com ausência física, você consegue ajudar o clube e estar presente em todas as decisões. Vamos ver exatamente qual vai ser a presença física que vai requerida na Seleção. Vou conseguir me desdobrar e trabalhar com a Seleção e com o Flamengo. Tenho uma equipe no Flamengo, que é excepcional, não tem igual. Não vai ter nenhum tipo de perda para a continuidade do trabalho no Flamengo.

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