No fim de fevereiro, o Flamengo, em nota oficial, classificou a atitude da CBF como arbitrária, ao não aceitar que o clube usasse Brasília como sede no Brasileiro.
Pouco mais de dois meses depois ao conflito - quando o presidente
Eduardo Bandeira de Mello chegou a comparar a entidade máxima do futebol
à praticamente inimiga Ferj -, o dirigente rubro-negro aceitou convite e
vai ser o chefe de delegação da seleção brasileira na Copa América dos
EUA.
A nomeação de Bandeira foi a surpresa da
convocação da seleção brasileira para a Copa América, nesta
quinta-feira, na sede da CBF. Ele viajará aos Estados Unidos no dia 22
e, se a seleção ficar até o final na competição, deve se ausentar do
Rubro-Negro por mais de 30 dias. Ao lado do técnico Dunga e do
coordenador Gilmar Rinaldi na CBF, Bandeira ensaiou discurso, evitou
responder num primeiro momento na coletiva de imprensa e depois
negou contradição na situação. Ele entendeu o convite da CBF como
premiação ao trabalho no Flamengo.
- Não vejo
conflito com o que penso. Entendi como uma premiação. O presidente Marco
Polo Del Nero mesmo citou isso. Ele disse que era um reconhecimento à
minha atuação como dirigente e pelo que o Flamengo defende em termos de
melhorias, modernidade e transparência. O que o Flamengo vem
empreendendo de mudanças é um exemplo para todos. E o convite não vai
mudar minha posição. As nossas posições são conhecidas e imutáveis.
Seguirei defendendo o que acredito e combatendo o que não concordo aqui
(na CBF). O que o Flamengo faz não tem volta. A gente já vinha
trabalhando junto à CBF na agenda de mudanças, tentando trazer nossa
contribuição. Existe o movimento na CBF neste sentido também, com grupos
de trabalho, esforço pela transparência e boa governança. Entendemos
que a CBF sofra pressão do outro lado também, de pessoas e entidades que
não comungam das nossas ideias. Entendi o convite como uma sinalização
de que o Flamengo está no caminho certo – afirmou Bandeira.
Eduardo Bandeira de Mello falou com a imprensa (Foto: Felipe Schmidt / GloboEsporte.com)
O
mandatário rubro-negro se esquivou de questionamentos sobre Marco Polo
del Nero, presidente da CBF, que é investigado por corrupção nos Estados
Unidos. Ele recebeu o convite de Del Nero na última terça-feira, mas
afirmou que ainda se reuniu para saber os detalhes de sua participação.
-
Acho que isso seria injustiça tanto em relação a mim quanto a ele (Del
Nero). Sempre me posicionei a favor da apuração rigorosa dos fatos e da
transparência total. Com certeza ele está trabalhando na sua defesa, e
os fatos vão dizer o que é verdade.
Mais elogios a Muricy
Definindo-se
como um “lateral-direito razoável”, o “único representante do futebol
carioca”, Bandeira não escapou de perguntas sobre o Flamengo. O
dirigente lamentou a derrota para o Fortaleza, mas reiterou confiança no
trabalho de Muricy Ramalho.
- Claro que garanto (a
permanência de Muricy). Muricy é um excelente técnico, talvez o melhor
em atividade no Brasil. Está no início de trabalho, tem nossa total
confiança, e tenho certeza que temos a confiança dele também. O que
temos que fazer é continuar trabalhando.
Não existe outra solução para melhorar um time de futebol do que muito trabalho – afirmou Bandeira.
“Convocado”,
Bandeira ainda não sabe como dividirá o tempo entre Seleção e Flamengo.
A delegação brasileira se apresenta no dia 22 de maio, em Los Angeles,
e, caso o time chegue à final da Copa America, ficará nos Estados Unidos
até 26 de junho.
- Vamos combinar ainda essa rotina.
Não vou me afastar do Flamengo. Hoje em dia, mesmo com ausência física,
você consegue ajudar o clube e estar presente em todas as decisões.
Vamos ver exatamente qual vai ser a presença física que vai requerida na
Seleção. Vou conseguir me desdobrar e trabalhar com a Seleção e com o
Flamengo. Tenho uma equipe no Flamengo, que é excepcional, não tem
igual. Não vai ter nenhum tipo de perda para a continuidade do trabalho
no Flamengo.
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