sábado, 28 de janeiro de 2012

Dupla trava duelo Flamengo x vasco para remar ao lado de Fabiana do Flamengo em Londres


Elas trocaram o ginásio fechado e uma bola por um dos mais famosos cartões postais do Rio de Janeiro e um barco. Não é só o fato curioso de ter começado a vida esportiva pelo basquete que as remadoras Camila Carvalho e Luana Bartholo têm em comum. Ambas abdicaram de suas carreiras fora d’água, defendem clubes cariocas, sofrem para manter o peso exigido na categoria leve (57kg), têm a mesma altura (1,76m), são apaixonadas pelo o que fazem e, agora, na Lagoa Rodrigo de Freitas, compartilham o sonho de remar ao lado da campeã mundial Fabiana Beltrame nas Olimpíadas de Londres-2012.

Aos 30 anos, Camila Carvalho é a mais experiente da dupla que disputa a segunda vaga no double skiff peso leve que vai buscar a classificação para Londres no Pré-Olímpico, de 22 a 25 de março, em Tigre, na Argentina. A brasiliense, que chegou a fazer parte da seleção de basquete de seu estado, resolveu trocar as quadras pela água após sofrer uma lesão no joelho esquerdo, aos 19 anos.

- Hoje em dia, as meninas estão cada vez mais altas. Não daria para ser pivô, talvez daria para ser uma ala ou uma armadora. Mas a paixão pelo remo foi maior e, aqui, acho que os resultados são bem melhores do que se tivesse no basquete.

Desde então, vem alcançando remadas cada vez mais longas. A maior delas foi a participação nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, ao lado de Luciana Granatto, no double skiff peso leve. Depois de quase seis anos, a dupla se desfez. Mas Camila quer encerrar a carreira de atleta com mais uma experiência olímpica no currículo. E o cenário não poderia ser mais estimulante. Assim como Luana, ela tem a chance de se despedir remando em Londres ao lado da campeã mundial Fabiana Beltrame.

- Eu também tenho um trabalho (psicológico) para ficar mais calma e não criar tanta expectativa. Querendo ou não, a vida não é só remo – ponderou a brasiliense formada em Ciências Políticas e Relações Internacionais, que pretende trabalhar no Comitê Olímpico Brasileiro depois da aposentadoria.

Luana também se arriscou nos garrafões. Aos 16 anos, jogava basquete no colégio e resolveu fazer um teste para o time do Vasco. Não passou. Mas sua ficha foi aproveitada para o remo. A carioca, que se formou em Jornalismo e Publicidade, sempre se dividiu entre a profissão e o esporte. Até que, desde o ano passado, já pelo Flamengo, resolveu largar tudo pelo sonho olímpico. Inclusive, o prato. Sofreu, mas conseguiu perder 10kg. A mudança de categoria (de pesado para leve) proporcionou uma reviravolta na carreira da remadora de 25 anos, que passou a chamar a atenção até da comissão técnica da seleção brasileira.

- Desde que o Ronaldo Carvalho começou a me treinar, há dois meses, foi uma ascensão muito rápida. Fui conquistando resultados que nunca tinha tido, em um curto período de tempo. Isso cada vez mais me incentiva a continuar – destacou Luana, que abriu mão também de desfilar como destaque em um carro alegórico da Imperatriz Leopoldinense, mesmo sendo presença assídua na Sapucaí desde criança.

Colega de clube de Luana, Fabiana Beltrame vem acompanhando de perto a evolução da jovem atleta rubro-negra. A campeã mundial, que está em busca de sua terceira participação olímpica, no entanto, ressalta que a experiência de Camila também pesa.

- A Camila é mais experiente e também tem o fato de estar há mais tempo no peso, com 57kg. Isso conta muito também. Mas a Luana tem uma determinação muito boa. Uma dedicação que eu gosto de ver. Vai ser difícil, é páreo duro. Não gostaria de estar nessa situação. Mas é a vida – comentou Fabiana.

Rivalidade só dentro d'água

Camila Carvallho, Fabiana Beltrame  e Luana Bartholo em treino para Pré-Olímpico de remo (Foto: Lydia Gismondi / GLOBOESPORTE.COM)
Camila e Luana garantem que, apesar da disputa, não há clima ruim entre elas. Nem mesmo a famosa rixa entre os clubes Vasco e Flamengo influenciam no relacionamento entre as remadoras. As duas admitem, porém, que a rivalidade aparece quando o barco entra na água.

- O objetivo é ver com qual das duas o barco anda melhor. Temos também argumentos individuais de comparação de potência, de resistência, de peso. Eu busco uma convergência dos argumentos para decidir de uma maneira mais justa e pedagógica – explicou o técnico da seleção brasileira, o francês José Oyarzaba.

Até o fim da próxima semana, a dupla ainda tem a chance de convencer o treinador. Mas o francês já se mostrou inclinado para uma delas. No treino da última quarta-feira, Fabiana fez tomadas de tempo com as duas candidatas. Luana levou ligeira vantagem.

- As duas chegaram (à seletiva) mais ou menos equilibradas e essa comparação entre as duas vem evoluindo. Não vou falar ainda quem vai ficar no double, mas fica cada vez mais claro uma posição a favor de uma delas.
 

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