sexta-feira, 12 de junho de 2009

Irritado e sob risco, Cuca não se contém em entrevista e expõe clima quente no Fla

As aparências não enganam mais no Flamengo. Visivelmente constrangido e chateado com as polêmicas envolvendo Adriano nos últimos dias, Cuca está próximo de seu limite no comando rubro-negro. Preocupado com a repercussão negativa que os desmandos do Imperador possam gerar para sua própria imagem, o treinador “conta até 20” antes de tomar qualquer atitude intempestiva. Nesta sexta-feira, no entanto, ele não aguentou e, mesmo querendo dizer o contrário, deixou evidente que o clima não é dos melhores.

Um resultado negativo no duelo contra o Coritiba, domingo, às 16h, no Couto Pereira, pela sexta rodada do Brasileirão, inclusive, pode colocar um ponto final na passagem de Cuca pela Gávea. Além da insatisfação do próprio treinador, dirigentes já o criticaram publicamente após a derrota de virada por 4 a 2 diante do Sport. A falta de opções no mercado pode retardar a saída, mas dependendo do que acontecer na rodada, o nome de Ney Franco, amigo pessoal de Kleber Leite e que balança no Botafogo, pode ganhar força.

Após criticar abertamente o tratamento que Adriano tem recebido no clube na coluna do jornalista Renato Maurício Prado, de “O Globo”, Cuca não se conteve em entrevista coletiva no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, em Vargem Grande, e, bastante irritado, rebateu os repórteres ao ser questionado sobre os efeitos de uma nova ausência do Imperador. Perguntado sobre qual o “remédio” para aliviar o clima no clube, o treinador respondeu:

- Remédio para quê? Eu não estou doente. Não vai mais ter falta nenhuma. O “se” não joga. Isso é um absurdo. Eu não estou nervoso.

O fato, no entanto, é que a postura de Cuca desagradou, e muito, a diretoria. O presidente em exercício Delair Dumbrosck qualificou as declarações como infelizes e o vice de futebol Kleber Leite interrompeu o feriado com a família para ter uma conversa séria com o treinador. Para consumo externo, o discurso foi ameno.

- Vocês estão colocando pêlo em ovo e dando uma dimensão maior para essa situação do Adriano. Está superado e já está enchendo o saco isso. O problema aqui é zero – disse o dirigente.

Cuca evitou criticar abertamente a postura do clube, mas admitiu que é necessário um “sincronismo maior” no relacionamento com o Imperador.

- Não tenho que estar insatisfeito com a diretoria, mas comigo mesmo. Tenho buscado um algo mais para sempre melhorar. O Adriano é imprescindível. Nós precisamos dele e ele de nós. Necessitamos apenas de um sincronismo maior. Isso acontece no dia-a-dia e vai acontecer naturalmente. Problemas eu tenho como todo mundo, mas soluções existem. Realmente falei o que foi escrito, não nego. Mas longe de ser insatisfação. Só expus meu sentimento.

O desempenho do atacante em campo também não tem deixado Cuca nada satisfeito. Para o treinador, Adriano está estagnado fora do peso ideal e não tem tido o esforço necessário para inverter o quadro. Publicamente, ele apenas reforça os prejuízos que esta situação causa para o jogador.

- Cada um interpreta de uma maneira. Falei apenas o meu sentimento para melhorar. Não falei mal nem desrespeitei ninguém. Disse que o Adriano requer muito mais da força do que da habilidade e que 5kg a mais pesam no rendimento dele. Isso não é crítica. Está se criando uma coisa muito grande e exagerada.

Mais uma vez, Kleber Leite tentou contemporizar:

- Isso é óbvio. Não há novidade nenhuma nisso. Do Bruno ao ponta-esquerda o jogador tem que se manter bem na parte física.

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