quinta-feira, 14 de junho de 2012

Psicólogo que trabalhou com Bruno no Fla alerta: ‘Nunca aceitou ajuda’


Goleiro Bruno (Foto: Alex Araújo / G1)
Bruno, atualmente detido em Minas Gerais, conseguiu no último dia 29 liberdade provisória no processo que responde por cárcere privado e agressão. Agora, o goleiro aguarda o habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) para responder fora da prisão, onde está desde julho de 2010, ao processo pela acusação de participação no desaparecimento e suposta morte da ex-namorada Eliza Samudio. Além do contrato com o Flamengo (que está suspenso), os advogados do jogador garantem que, em caso de liberdade, ele já tem propostas de outros clubes e decidiria seu futuro depois de se reapresentar ao Rubro-Negro. Mas a possível transição do sistema carcerário para os gramados deixa em alerta o profissional que trabalhou com Bruno durante quatro anos no clube da Gávea, onde, segundo ele, o ex-camisa 1 sempre relutou em receber ajuda psicológica.

Paulo Ribeiro trabalhou com Bruno de 2006 a 2010 no Flamengo. Ex-psicólogo do clube, ele acompanhava e monitorava os jogadores, e hoje afirma que o goleiro nunca aceitou qualquer tipo de ajuda médica. Ribeiro conta que o atleta demonstrava alterações de humor e atitudes intempestivas em alguns jogos.

- O Bruno sempre foi difícil e nunca procurou ou aceitou ajuda, não me procurou para nada. A primeira questão do paciente é admitir que tem algum tipo de problema e procurar ajuda. Isso não constava no perfil dele. Ele nunca admitiu ou teve uma conversa comigo. E, nesse tempo em que está na prisão, ele sofreu transformações e pressões, está acuado, e terá que ter um acompanhamento psicológico. Mas ele não é dado a essa habilidade – analisou o psicólogo Paulo Ribeiro.

Psicólogo Paulo Ribeiro (Foto: Divulgação)
 Recentemente, um amigo de Bruno enviou um par de chuteiras para que o goleiro pudesse treinar na prisão. Porém, mais do que mãos e pés, a cabeça do jogador está em questão.

- O único ofício que o Bruno tem é jogar futebol, não tem outra profissão. Mas essa transição da prisão para o mundo exterior é delicada, ele vai sair uma outra pessoa por tudo que passa lá dentro. Antes de acontecer a prisão, assim como outros jogadores e celebridades, ele não tinha restrições, a fama proporcionava a ele entrar de graça em shows, não enfrentar fila de passaporte... Tinha muitas facilidades. Na prisão, ele perdeu isso, teve que lidar com pessoas diferentes, outro linguajar e comportamento.

Recentemente, o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, comentou a situação do goleiro. Caso seja solto, Bruno já informou - através de seu advogado, Rui Pimenta - que pretende se reapresentar ao Rubro-Negro, clube com o qual tem contrato até dezembro de 2012. Nos bastidores do clube, porém, a hipótese de aproveitar o jogador é considerada remotíssima. Dirigentes estimam que o desgaste de imagem seria insuportável.

- O contrato está suspenso por causa da prisão. A gente não paga, ele não trabalha, claro. Se for solto e não houver restrição para deixar a comarca do crime, dormir fora de casa, essas restrições comuns, em tese ele deve se apresentar ao Flamengo. Ninguém pode impedir o jogador de trabalhar. Se vai continuar sendo jogador, se vai ser vendido, emprestado, isso não é mais uma decisão jurídica. Passa a ser uma decisão do departamento de futebol, da presidência. O que a gente normalmente conversa com a presidência é esperar para ver o que vai acontecer. Diante de uma nova realidade, você senta e decide. Vamos esperar um quadro novo, diferente, real – disse De Piro.

No fim de maio, o advogado Rui Pimenta afirmou que o goleiro teria ofertas de vários clubes.

- Ele volta ao Flamengo assim que for solto. Mas se o Fla não o quiser, clubes do Sul, do Rio e de São Paulo estão interessados. Vocês o verão treinando na Gávea. O sonho dele é sair da cadeia, voltar ao Flamengo, ir para a Seleção Brasileira e defender um pênalti do Messi em jogo contra a Argentina. Quando a Justiça marcar o julgamento, ele vai se sentar no banco dos réus e será julgado normalmente. Ele só não pode sair do Brasil.

Caso Eliza Samudio

Bruno e mais sete réus irão a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. Em fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do Sul.

O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão – conhecido como Macarrão – e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Sérgio responde ao processo em liberdade. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Dayanne, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador; e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.




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