quarta-feira, 22 de julho de 2015

Ederson acerta com o Flamengo até 2017


Ederson e Klose Lazio (Foto: Divulgação)
- No Brasil não me conhecem porque saí muito cedo. Mas a melhor forma de ter prestígio é jogando bem, com qualidade. Vou me apresentar aos torcedores com a bola nos pés.

Não é - ainda - a primeira declaração de Ederson com a camisa do Flamengo. As palavras são de 2010, em entrevista para o site da Fifa depois da primeira e única convocação para a seleção brasileira principal, mas ainda se encaixam perfeitamente cinco anos depois. Destaque aos 17 anos do título mundial pela seleção, Ederson teve valorização imediata ao sair do Brasil, mas volta agora atrás do mesmo prestígio e com a mesma necessidade de ser apresentado à nação - no caso, evidente e prefencialmente, a rubro-negra.

Aos 29 anos, Ederson não era o primeiro, nem foi o segundo ou terceiro desejo do Flamengo para vestir a camisa 10. Antes, os dirigentes foram atrás de Conca, Jadson, Montillo, Ganso, Quinteros e Elias, entre outros, até chegar ao final feliz com o meia que deixou a Lazio depois de passagem apagada pelo futebol italiano. O novo camisa 10 da Gávea chega ao Flamengo com a aprovação de Paulo César Carpegiani, ex-jogador da histórica geração de Zico e técnico do time campeão do mundo em 1981.

Foi no RS Futebol, clube fundado por Carpegiani, que Ederson começou a ganhar destaque em meio à geração talentosa e que faria carreira internacional. O meia nascido em Parapuã, no interior paulista, foi o primeiro a sair do país, antes mesmo de Thiago Silva e Naldo, companheiros de alojamento no clube gaúcho. Jogando entre os profissionais com 16 para 17 anos chamou a atenção de Mano Menezes, então técnico do XV de Campo Bom, que anos mais tarde o convocaria para a seleção brasileira.

                                                                                    Ederson e Klose Lazio (Foto: Divulgação)

O atual diretor de futebol do Flamengo, Rodrigo Caetano, conhece Ederson desde garoto. O início do novo reforço flamenguista no RS Futebol coincidiu com os primeiros anos da carreira diretiva do dirigente do Flamengo. 

- Nós trabalhamos juntos no RS. Eu o conheci com 15 para 16 anos. Jogou junto com Naldo, Thiago silva. Todos cresceram juntos lá e ele foi o primeiro a ir para a Europa. O Carpegiani tinha a visão de que ele seria diferente. Tanto que construiu carreira lá fora. Talvez só não tenha tido continuidade na seleção por causa dessa lesão que teve pelo Brasil. Além de grande jogador, é um grande menino, veio do interior de São Paulo, mas é muito maduro desde sempre. Tenho certeza que será liderança positiva dentro do grupo – disse Caetano.

Companheiro de Juninho

O destaque pelo RS chamou a atenção do Internacional. Pelo Colorado, porém, muito jovem, pouco jogou. No Juventude, o baixo aproveitamento persistiu - e as lesões que atrapalhariam o desenvolvimento da sua carreira começariam a aparecer. Até que Ederson vestiu a camisa 10 da seleção brasileira que foi campeã mundial sub-17 na Finlândia. Teve aquele desempenho que Carpegiani projetou em seu início de carreira. E a venda foi boa para o pequeno RS. O italiano Antonio Calliendo, com investidores, pagou cerca de US$ 1,5 milhão – quase R$ 5 milhões por Ederson Honorato Campos, que deixou saudade.

- É um baita de um guri. Ele é focado 100%, exemplo de dedicação. Até hoje falamos, por e-mail, quando a família vem para o Brasil pergunta como estamos. O pai apostava muito nele. Nós o conhcemos com 13 anos e ficou quatro anos conosco, morando num alojamento para 80 garotos – lembra Fabiano, hoje empresário, que presidiu o clube fundado pelo pai. - Ele tem a jogada criativa. Jogava com a gente na função do Zico, de ponta de lança. Pegou a (seleção) sub-17, botou a 10, não teve espaço no Inter e no Juventude, mas é daquele jogador que decide o jogo. É inteligentíssimo, antevê muito o lance.

 ederson lyon x apoel (Foto: Reuters) Ederson lyon x apoel (Foto: Reuters)
 
Até 18 meses parado nos últimos anos   
Pelo Nice, na França, precisou de tempo de adaptação antes de aparecer bem e despertar a cobiça do Lyon, que vivia a fase mais vitoriosa de sua história com o reinado do ex-vascaíno Juninho. Depois de 90 jogos e 16 gols pelo Nice foi comprado pelo Lyon por quase 15 milhões de euros – mais de R$ 50 milhões, em valorização de mais de 900% dos 17 aos 22 anos.   

- Acho que fui bem na primeira temporada no Lyon. Joguei ao lado do Juninho, fiz umas 40 partidas e atuei em cinco posições diferentes, conhecendo polivalência que não sabia que tinha ainda. Na segunda temporada tive lesões, foi mais complicado - relatou em 2010, sobre os problemas musculares que o acompanharam na carreira. 

A mais famosa lesão chegou no ápice - até aqui - da carreira e foi transmitida para todo o mundo. Pela seleção, em amistoso contra os EUA, teve apenas três minutos de aparição no time de Mano. Depois, ainda machucou os dois joelhos e diminuiu o brilho, até se transferir sem custos para a Lazio. No futebol italiano, depois de mais um problema físico, fez 50 jogos, cinco gols e perdeu espaço com o novo técnico para esta temporada, o italiano Stefano Pioli.

De volta ao convívio com Ederson, Rodrigo Caetano rechaçou de imediato qualquer comparação com Carlos Eduardo, outro promissor jogador que veio cheio de esperança para o Flamengo, mas não conseguiu recuperar o futebol do início da carreira. Ao todo, desde 2010, Ederson parou praticamente um ano e meio na soma de períodos sem jogar com cada uma das lesões sofridas. 

- Ele teve duas lesões recentes, mas foram em tempo espaçados. Não jogou ultimamente na Lazio por opção técnica, mas se observar os números quase na totalidade dos jogos em que esteve à disposição ele foi titular. Ele tem vigor físico espetacular, se cuida muito e tem perfil diferenciado.  Sempre é bom para o futebol ter bons exemplos e ele se encaixa nisso. Comparar com quem passou (Carlos Eduardo), para mim não vale. O Carlos Eduardo é um excelente jogador, mas não dá para se rotular sucesso ou insucesso por conta problemas clínicos que ele tenha tido – defendeu Rodrigo Caetano.



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