terça-feira, 13 de maio de 2014

Bastidores da crise: Jayme "cai" na praia, e Ney Franco assina nesta terça

Uma novela que teve vítimas, silêncio de horas à espera da manifestação e um final sem muitas explicações claras do que se espera para um futuro próximo. Assim foi a segunda-feira de personagens envolvidos com o Flamengo em um dia de ebulição na Gávea. Só na tarde desta terça-feira haverá o capítulo final do folhetim, que teve em sua trama a demissão do técnico Jayme de Almeida e do diretor de futebol Paulo Pelaipe. O desfecho se dará com o anúncio oficial da contratação de Ney Franco depois uma reunião do treinador com dirigentes do clube em São Paulo para definir os últimos detalhes de seu contrato, com duração até o fim de 2015. Será a segunda passagem. Na primeira, conquistou a Copa do Brasil em 2006, disputando apenas a final da competição, e o Campeonato Carioca de 2007.

Ney Franco, São Paulo x Atlético-MG (Foto: Marcos Ribolli) 
Ney Franco conquistou a Copa do Brasil de 2006 pelo Flamengo e o Carioca de 2007 (Foto: Marcos Ribolli)
 
Há alguns dias, o Flamengo já estudava a substituição do técnico Jayme de Almeida, mesmo com todo o discurso de apoio, inclusive do presidente Eduardo Bandeira de Mello, até depois da eliminação da Taça Libertadores na fase de grupos, usando lesões como desculpa para os maus resultados. A derrota para o Fluminense acelerou o processo e Ney Franco apareceu como principal nome depois de uma consulta ao seu empresário Nick Arcuri, que informou sobre o desligamento do Vitória na manhã desta segunda-feira.

No entanto, às 10h49 (de Brasília), o colunista de "O Globo" Ancelmo Gois já havia divulgado que Ney Franco seria anunciado como novo treinador do Flamengo na terça-feira e começaria a trabalhar já no dia seguinte. A informação criou um mal-estar intenso, esquentando os bastidores do clube que faria ainda mais mudanças no departamento de futebol e despertou reações de vários setores do clube, inclusive de Zico, maior ídolo e amigo de Jayme.

Procurado pelo GloboEsporte.com, em uma ligação feita às 11h46 (de Brasília), Jayme de Almeida afirmou que não havia sido informado sobre a sua saída. Com a bela segunda-feira de sol, Jayme se dirigia para a praia quando o telefone começou a tocar sem parar. Eram jornalistas querendo saber de sua condição.

- Ninguém falou comigo. Estou indo à praia. Estou tranquilo - disse então o ainda treinador do Flamengo.

Ney Franco passou boa parte do dia resolvendo os trâmites de sua rescisão com o Vitória, que anunciou em seu site oficial a saída do treinador às 12h (de Brasília). Foi então que a situação de Jayme piorou. Novamente consultado pelo GloboEsporte.com, desta vez às 13h58 (de Brasília), disse que não havia sido procurado. Logo em seguida, em entrevista ao SporTV, afirmou estar perplexo com a situação.

A cúpula do Flamengo seguia reunida na Gávea tomando decisões sobre o futuro do futebol. Desta vez, o nome escolhido para sair foi o do diretor Paulo Pelaipe, com relação desgastada. Ele já vinha sendo excluído de negociações importantes como a do volante Elias. Chegava a procurar informações com outras fontes no começo deste ano sobre o caso. Sempre recebia uma resposta negativa ao pedir dinheiro para reforçar o time. Em momento algum, foi informado sobre a saída de Jayme e a chegada de Ney Franco. O mesmo já havia acontecido em dezembro, quando Luiz Eduardo Baptista, vice de marketing, negociou com Abel Braga.

Jayme e Pelaipe foram comunicados de que deveriam comparecer à Gávea. Pelaipe compareceu, mas o treinador avisou que não iria e recebeu seu aviso de demissão por telefone às 18h30 (de Brasília). A saída da dupla aconteceu em um processo semelhante ao de 2010, quando a presidente Patrícia Amorim decidiu pela saída do técnico Andrade e de Marcos Braz, então vice de futebol. Justamente, terminando como Jayme mais temia, um novo Andrade, que não conseguiu se firmar, apesar da conquista de títulos. A nota oficial divulgada pelo clube às 19h01 (de Brasília) trazia poucas informações concretas sobre os motivos que levaram a tal decisão, além de ser de difícil interpretação com relação a quem realmente havia sido desligado.

Jayme deixou a Gávea desolado com a sua saída, principalmente pela forma como foi informado. Mais tarde, sua assessoria divulgou uma nota oficial com explicações do treinador sobre sua saída, às 20h20 (de Brasília), dizendo ser inadmissível como todo o processo aconteceu. Pelaipe se manifestou de forma mais política, agradecendo a todos por ter trabalhado no clube.

Nomes como o de Marcos Braz, vice de futebol campeão brasileiro em 2009, e Plínio Serpa Pinto, atual vice de relações externas, começaram a ganhar força nos bastidores. Wallim Vasconcelos negou em entrevista à Rádio Tupi na noite de segunda-feira a possibilidade de Mrcos Braz voltar. O dirigente compartilhava de algumas ideias de Pelaipe e defendia a permanência de Jayme.

A formatação do novo departamento de futebol ainda está sendo estudada pela diretoria. Um diretor executivo deve ser contratado. Rodrigo Caetano, hoje no Vasco, é o nome dos sonhos da atual diretoria, mas é considerado caro. Felipe Ximenes, do Vitória, que trabalhou com Ney Franco em duas oportunidades, é visto com bons olhos.


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