- Não está nas minhas mãos, eu não tenho esse conhecimento (do paradeiro onde se encontra o corpo de Eliza) - disse, ainda negando ter sequestrado a mulher, como divulgado pela imprensa à época.
A
modelo, segundo Bruno, era uma convidada em seu sítio, e tinha o
direito de ir e vir como bem entendesse. O ex-goleiro disse que entregou
30 mil reais à moça, que aceitou o dinheiro e foi levada por Macarrão e
Menor, primo do atleta, ao aeroporto. No caminho, o amigo do goleiro
teria parado para fazer uma ligação para Bola - condenado pela justiça
como o carrasco de Eliza -, voltando mais tarde com as roupas dela e com
o filho, Bruninho, que os acompanhava na viagem
- Quando ele voltou só com o Bruninho, passou um filme na minha cabeça, de que algo tinha acontecido
Bruno disse, então, ter pressionado Menor, sobre o ocorrido, e repetiu às câmeras o dito por seu primo.
- Dentro de uma casa escura, havia um homem negro, alto e forte, com uma falha no dente - o parente do goleiro se referia a Zezé, ex-policial, investigado como segundo carrasco do crime - ele pegou as mãos dela, cheirou e perguntou se ela usava drogas, então deu uma gravata nela e jogou as mãos para os cachorros - finalizou Bruno.
Quando a perícia fez o exame nos cães e nada detectou, o goleiro disse ter se sentido aliviado. Um conhecido seu disse ter visto Eliza passeando em um shopping, dando esperanças ao arqueiro. Com o passar do tempo, no entanto, suas esperanças se arrefeceram: "Infelizmente ela não volta mais". Bruno colocou o primo, outra vez, contra a parede, pedindo para que ele colocasse o ocorrido dentro da casa escura em pratos limpos.
- Quando eu olhei, estavam amarrando as mãos dela atrás do corpo. Quando começaram a cortá-la, eu disse: Que isso, cara? E comecei a ficar mais assustado ainda - disse o primo, quando questionado.
Perguntado se sentia alguma culpa pelo ocorrido, o goleiro veio à tona com a declaração.
- O meu maior erro é que eu poderia ter feito alguma coisa e não fiz. Se eu tivesse naquele momento, lá no Rio de Janeiro, após a agressão do menor à Eliza, se eu tivesse agido ali e impedido que todos viajássemos, eu poderia ter evitado tudo isto. Eu tinha que ter intervido. Achei que jamais ia chegar a este ponto. Eu não mandei matar a Eliza. Eu sabia do ocorrido, mas eu não mandei matar a Eliza
Outrora ídolo da Nação Rubro-Negra, o arqueiro discorreu a respeito de sua amizade com Macarrão, dizendo que o "amor eterno" - como tatuado nas costas do amigo - vem dos tempos de infância, caracterizou-o como um rapaz ciumento e superprotetor acerca dos vínculos afetivos que nutriam ambos, e admitiu ter tentado o suicído por enforcamento na prisão, onde diz não ter nenhum tipo de regalia.
Bruno revelou-se magoado com Macarrão por conta das declarações daquele que, um dia, havia jurado amor eterno, e que dois anos após o assassinato de Elisa, acusou o jogador de ser o mandante do crime.
- Eu só esperava uma coisa dele, que falasse a verdade.Nunca mandei matar, nunca passou pela minha cabeça - disse.
Em tom saudosista, Bruno lembrou das tardes de futebol nos estádios, de ser exaltado pelo torcedor. Recordou-se também, narrando detalhadamente, dos bacanais em que participou, festas movidas a álcool e garotas de programa. Foi em uma dessas ocasiões, que o ex-atleta conheceu Elisa. Em meio a uma orgia de dar inveja aos grandes Imperadores romanos, o goleiro disse ter se envolvido com a mulher por apenas 15 minutos, que acabaram por ser determinantes na sua trajetória de vida.
Ao ser comunicado, posteriormente, pela própria Elisa Samudio a respeito da gravidez, Bruno disse que quis "sumir", e que "não saberia o que contar para sua noiva".
- Tentei manter tudo em sigilo - confessou.
Segundo o atleta, a moça então passou a persegui-lo, em busca de dinheiro e do reconhecimento da paternidade pelo atleta. O goleiro disse que Elisa "ameaçava dizendo que acabaria com a sua vida", que cerceou sua liberdade e passou a segui-lo em hotéis e treinos do clube da Gávea. Bruno teve que "mudar o número do seu telefone por várias vezes", para evitar a incômoda atitude da mulher.
Apesar de tudo, Bruno disse ter um sentimento de pai pela criança, e que pretende assumir o filho.
- Preciso de uma oportunidade, independentemente do que aconteça, para olhar nos olhos dele e pedir que me perdoe.
O
ex-atleta projeta sua vida fora da cadeia, onde faz artesanato, e
encerrou a entrevista falando sobre uma potencial volta aos gramados.
-
Eu não sei quanto tempo mais eu tenho que ficar aqui, mas enquanto
houver sangue correndo nas minhas veias, vou lutar por isso. Quando me
perguntam se eu ainda sonho com a Seleção Brasileira, eu digo: Por que
não sonhar? Eu vou dar a volta por cima, acredito nisso.
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