- Esperávamos outra condução do Deliberativo. Não piso mais no
Flamengo. Eu não volto mais no Flamengo enquanto eu não for tratada de
forma respeitosa. Eu estou há 35 anos no clube. Se quiserem colocar os
meus títulos à disposição, sem problemas. Não tenho ido mais ao clube.
Não vou mais, pela forma como tudo está sendo conduzido. Não sinto mais
vontade de frequentar um clube que eu sempre frequentei. Perdi o encanto
– revelou a ex-dirigente.
A ex-presidente Patricia Amorim queria uma aprovação das contas com
ressalvas, e lembrou que no passado aconteceram erros semelhantes e mais
graves e que a decisão foi determinada por uma vontade política de
grupos que querem arruinar a imagem dela e, de quebra, ganhar
notoriedade com a proximidade da eleição do Conselho Fiscal, que será
realizada em março deste ano. Aliados de Patricia Amorim dizem que ela
promete contra-atacar e não deixar barato as acusações.
- Acho que foi dado um julgamento político. Existia, sim, uma
desorganização contábil. Eu talvez eu tenha demorado demais para trocar o
contador. Mas fomos alertados para mudar e mudamos. Contratamos outro
(contador) e um executivo de finanças que está no clube até hoje. Nós
entregamos tudo que foi pedido pelo conselho. E isso não foi levado em
consideração. O Hélio Ferraz votou na chapa Azul e defendeu a aprovação
das contas com ressalvas. A questão não foi tratada de forma técnica,
mais política. Foi um linchamento político, um revanchismo. Um
preconceito. Os R$ 7 milhões, por exemplo, tinham coisas que não eram da
minha gestão. Eu não tinha como responder. Os R$ 32 milhões era uma
classificação de despesas futuras, um contrato de cinco anos que foi
assinado, por exemplo – disse Patricia Amorim.
Dois pontos importantes chamaram a atenção durante a última reunião:
não houve uma mobilização por parte dos ex-vice-presidentes para tentar
reverter a decisão de reprovar as contas. Aliados importantes como o
ex-vice de finanças Michel Levy, o ex-vice jurídico Rafael de Piro e o
ex-vice de marketing Henrique Brandão não compareceram à votação. Coube
então ao ex-vice presidente geral, Hélio Ferraz, que rompeu com Patricia
Amorim no fim da gestão para apoiar a Chapa Azul, do presidente Eduardo
Bandeira, a defender uma aprovação das contas com ressalvas. Para
defender a reprovação, Arthur Rocha e Walter D’Agostino, dirigentes na
época do ex-presidente Márcio Braga fizeram críticas à parte financeira
do clube. Na outra ponta, os líderes do governo não se mobilizaram e
deixaram a decisão por conta dos conselheiros do clube. Os únicos a
compareceram à votação foram presidente Eduardo Bandeira e o vice de
futebol Wallim Vasconcellos. A decisão pode dificultar o clube a
conseguir patrocínios de órgãos públicos, como o da Caixa Econômica.
- Acho que comissão de inquérito é algo muito agressivo. Não vejo
necessidade disso. Uma coisa é contratar uma auditoria, acho certo. Mas
antes de apurar já abrir uma comissão de inquérito? Mas será que adianta
eu falar, me explicar? Isso de certa forma induz a opinião pública e a
auditoria que será contratada. Não teve dolo nenhum ao Flamengo. Não
teve má fé. Isso ninguém duvida. Estou com a minha consciência
tranquila. O Flamengo vive um momento tão bom, foi vendido um momento de
união. Em 2009 não fizemos essas caças às bruxas. E é o mesmo grupo que
quer acabar com a minha imagem. Fomos tolerantes com tantos
ex-presidentes – lembrou a mandatária.
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