quinta-feira, 26 de julho de 2012

Fora do baralho com Joel, Jaime celebra volta do espaço e do sorriso


Jaime Almeida, treino do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
Em campo, o zagueiro Jaime de Almeida disputou 198 jogos com a camisa do Flamengo durante a década de 70, uma história construída com suor e técnica. Em outubro de 2010, sua trajetória voltou a ser reconstruída quando foi apresentado como auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo. O treinador caiu, mas ele foi mantido na comissão técnica fixa, tendo comandado já por duas vezes o time no Carioca deste ano, contra Olaria e Botafogo, com dois empates.

Quando Joel Santana assumiu o comando, junto com Maurício Albuquerque e Marcelo Salles, o auxiliar de 59 anos ficou com um papel secundário. Em cinco meses, foram poucos contatos com o treinador, fazendo com que ele cogitasse abrir mão de trabalhar no clube de coração.

Mas não foi o caso. Jaime persistiu, viu Joel ser demitido e novamente foi chamado para assumir de maneira interina o comando do Flamengo, antes de Dorival Júnior iniciar os seus trabalhos. Ele diz não guardar mágoa de Joel. Mas reconhece que o sorriso fácil e as brincadeiras tão comuns no seu dia a dia ficaram para trás, junto com a decepção e a frustração de não conseguir ajudar o Flamengo a voltar a vencer.

- Não fiz praticamente nada com o Joel aqui. Respeito muito o profissional, mas ele chegou com seus auxiliares, e não tive meu espaço. Não fica nenhum tipo de mágoa, não. Era um pessoal de confiança dele, mas ficava uma frustração. Nas poucas vezes em que ele me perguntava alguma coisa, dei minha opinião sincera, como sempre - desabafou.

A impotência o fez pensar em sair e dar continuidade ao sonho de construir uma carreira como treinador de futebol. Apesar das poucas chances e de ter sido auxiliar por muito tempo, Jaime garante que nunca desistiu do objetivo. E que vai lutar com as próprias forças, sem ajuda de empresário.

- Foi uma situação difícil. Não me sentia produtivo e cheguei a pensar em sair. Tenho o sonho de voltar a ser treinador e engrenar minha carreira. Isso nunca vai sair de mim. Mas o mercado é complicado. Liguei para alguns amigos e vi umas situações, mas continuei aqui. Nunca tive empresário e não sei a influência que isso tem. Sempre caminhei com as minhas próprias pernas e vou seguir assim - afirmou.

Nos últimos dias, o sorriso já voltou a ficar aberto. As brincadeiras com os amigos também retornaram, dando uma pinta do Jaime de Almeida que todos conhecem. É difícil segurar o riso quando as histórias saem da boca do treinador interino, um carioca nato. Mas isso some também quando ele encara os microfones. Diz que não se sente confortável em soltar as piadas com quem não tem muita intimidade. E isso passa também para os jogadores, já que ele considera importante ter uma relação de comando.

- Com um ou outro você pega um intimidade maior, mas é importante ele saber quem comanda. Brincadeira é brincadeira. Comando é comando. Fora que é preciso dar espaço ao jogador. Mas fora disso sou muito brincalhão mesmo. Gosto disso, desse espírito, mas é necessário ter intimidade. Saber com quem e em que momento você faz as brincadeiras. Quem me conhece sabe que sou assim, mas sempre com muito respeito - explicou.

E com Dorival, como será a relação? Assim como Joel, o novo treinador traz dois auxiliares (Lucas Silvestre e Ivan Izzo) e um preparador físico (Celso de Rezende). Jaime não tem como planejar. Mas espera uma relação mais aberta e se coloca ao dispor do novo comandante.

- Estarei pronto para ajudar e fazer o meu melhor para o bem do Flamengo - finalizou.


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