domingo, 21 de novembro de 2010

De torcedor a herói rubro-negro, Diego Maurício vibra gol salvador

Quando era um simples torcedor na reta final do Brasileiro de 2009, que terminou com a conquista do título do Flamengo, Diego Maurício não poderia imaginar que no ano seguinte seria peça importante para o time. A situação, é bem verdade, é oposta, já que o Rubro-Negro briga contra o rebaixamento. No sábado, o atacante foi o autor do gol da vitória por 2 a 1 sobre o Guarani, no Engenhão, que deu alívio para o clube.

Diego Maurício diz estar contente com a possibilidade de entrar em campo e ajudar o Fla neste momento complicado.

- Lembrei que no ano passado nesta época e estava no Maracanã assistindo ao jogo entre Flamengo e Goiás, com o estádio lotado. Foi um caos para entrar. Fui de arquibancada. Agora, um ano depois, estou em campo jogando e podendo ajudar. Fico feliz de estar dando bons frutos para o Flamengo e por dar alegrias aos torcedores - disse o camisa.

O herói rubro-negro teve um dia pós-jogo tranquilo. Há cinco meses ele mora na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, junto com a mãe Andréia e os irmãos Daiane e Danrlei (nome em homenagem ao ex-goleiro do Grêmio). Como o irmão faz aniversário, a família foi para Rocha Miranda, na Zona Norte, e Diego Maurício precisou até "cozinhar".

- Estou sozinho em casa e tive que fazer o meu rango. Misturei tudo o que tinha no prato e coloquei no microondas (risos).

Rocha Miranda foi o local onde o atleta nasceu e morou toda sua vida. O trajeto para o CT de Vargem Grande durava quase duas horas, e quando os treinos eram na parte da manhã, era necessário levantar da cama muito cedo. Agora, no apartamento novo, o jogador não leva mais do que 15 minutos para chegar ao Ninho do Urubu.

O atacante não acredita que a missão de fugir da degola está completamente cumprida. Ele acredita que com mais um empate o time se garante na elite. O jogador contou que a partida contra o Guarani foi realmente encarada como de vida ou morte pelo time. Diego destacou a importância da torcida, que lotou o estádio e empurrou a equipe.

- Precisamos de mais um pontinho. Só se falava deste jogo contra o Guarani, antes mesmo de enfrentarmos o Atlético-MG. Sabíamos que era uma partida muito importante, crucial. Era um jogo de seis pontos. Nos fechamos para chegar dentro de campo e mostrar o melhor para nossa torcida. Ter 40 mil pessoas no Engenhão na nossa situação, não é para qualquer clube não. Os torcedores me emocionaram.

Diego Maurício contou que o elenco está chateado por não ter conseguido brigar na parte de cima da tabela, mas que os jogadores vão se empenhar para fazer um bom papel nestas duas últimas rodadas.

- Nosso objetivo é assegurar uma vaga na Sul-Americana. Ficamos tristes porque, com o elenco que temos, não poderíamos estar nesta situação. Mas isto é do futebol, acontece mesmo. Temos mais dois jogos e esperamos fazer o melhor possível.

Com a lesão de Devid, que torceu o tornozelo direito e ainda terá que ser avaliado, Diego tem chance de ter uma nova oportunidade contra o Cruzeiro, domingo, às 17h (de Brasília), em Volta Redonda.

- Espero que o Deivid esteja 100% fisicamente. As oportunidades vão aparece naturalmente, por merecimento. Quem o professor optar será a melhor opção.

Confira a entrevista completa com a revelação rubro-negra:

GLOBOESPORTE.COM: Na hora que o Deivid se machucou, logo com 21 minutos, e você foi chamado para entrar, o que passou pela sua cabeça?

DIEGO MAURÍCIO: Fiquei triste pela lesão do Deivid, que é um jogador muito importante para o time, mas era a hora de eu ter a oportunidade de mostrar o meu potencial. Entrei e sempre tento fazer as minhas jogadas, partir para cima dos zagueiros. Fico feliz de ser mais um jovem a ajudar o Flamengo nestas horas, assim como já foi com o Felipe Melo, Juan, Reinaldo e outros pratas da casa.

Já pode ser considerado um amuleto da equipe?

Não acredito em sorte. Acredito em Deus e trabalho. Assim, as coisas acontecem naturalmente. Hoje estou feliz de poder defender e ajudar o time que eu sempre torci e sonhei jogar. Mas não me considero um amuleto. Minha função é fazer gols, mas não sou só eu quem jogo.

Como foi a conversa do Vanderlei Luxemburgo antes do jogo contra o Guarani?

Ele nos passou tranquilidade. É um treinador que não está muito acostumado a ficar na parte de baixo da tabela, normalmente disputa títulos. Ele nos disse que era para encarar como um jogo decisivo, dar a cara a tapa porque quem joga no Flamengo não pode se esconder. A partida foi tensa, era matar ou morrer.

Depois do Adriano, talvez você seja o atacante revelado no clube que tem mais despertado esperança na torcida. A responsabilidade aumenta?

Reponsabilidade sempre vai ser grande para quem jogar no Flamengo. É diferente. Fico feliz de ser uma revelação boa, produtiva para o clube. Era meu sonho, sempre torci pelo Flamengo, estava sempre no Maracanã. Gritava igual a um louco. Vou sempre fazer o meu melhor pela equipe.

Quais jogadores você se espelha?

Ronaldo, Romário, Adriano, Drogba... Sem comparação, porque são jogadores com uma grande bagagem já. Se eu fizer o que eles fazem, vou quebrar o meu pé (risos). Vagner Love também. Tive o prazer de conhecer. São neles que me espelho. Fizeram muito pelo futebol mundial, espero seguir o mesmo caminho.

É vaidoso? Dá muito trabalho cuidar das tranças que você tem no cabelo?

- Procuro ficar melhorzinho. Sou meio "estragadinho", aí tem que ficar um pouco melhor. Me perguntam se estou mais preocupado com moda ou jogar futebol (risos). Digo que o futebol está em primeiro lugar, mas sempre tem que dar um jeitinho. As tranças eu faço com um amigo meu, no salão dele.

Com este início promissor no profissional, você já conseguiu dar mais conforto para sua família. O que isto representa para você?

- Fico feliz de poder ajudar. Eles sempre buscaram me dar sempre o melhor, sou grato. Minha mãe trabalhava de segurança. Eu brinco com ela e digo: "Mãe, tá de brincadeira, você não aguenta nada". Meu pai é músico. Abdicou da profissão dele para estar comigo, me levar aos treinos. Me ajudou muito. Se eles estão felizes, eu estou feliz.

Como é a vida do Diego Maurício fora de campo?

- Sou muito reservado, tento não deixar a euforia tomar conta de mim. Sou tranquilo, caseiro. Fico ao lado da minha família. Hoje (domingo) vou para o aniversário do meu irmão, brincar com ele. Gosto de estar perto da minha família, das pessoas que verdadeiramente me amam.

Quais são os seus planos a curto prazo?

- Penso por etapas. Quero me firmar no time agora. O mais difícil nem é chegar ao profissional, mas sim ter a continuidade. Acho que estou me firmando. Agora, vou buscar ser titular. Não posso oscilar. Não quero ser jogador para entrar no segundo tempo, espero entrar desde o começo para mostrar meu trabalho para o mundo.

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