sábado, 13 de dezembro de 2014

DNA, decepções e a despedida: Mattheus entra na barca do Flamengo


Mattheus flamengo  (Foto: Roberto Yuan)Em 1994, a comemoração de Bebeto ao fazer um gol sobre a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo despertou o interesse mundial sobre aquela criança que havia acabado de nascer. Mattheus ficou famoso ainda bebê, cresceu, trilhou os caminhos do pai e viveu o sonho de construir uma carreira no futebol. Cria das categorias de base do Flamengo, vai se despedir do clube em 2015 sem ter conseguido se firmar e com duras marcas, agravadas pelo seu DNA. Depende apenas de seus representantes encontrarem um destino, seja por empréstimo ou em definitivo.

Nos treinamentos, Mattheus sempre foi cobrado para apresentar uma dedicação maior. Luxemburgo costuma dizer que jogador precisa tratar o futebol como seu sustento, que quem já tem o filet mignon em casa vive a situação de forma diferente.

Esse ano, depois de sete meses fora dos planos, ressurgiu com Luxemburgo na vitória por 3 a 0 sobre a Chapecoense, no Maracanã, em novembro. No jogo seguinte, entrou em campo na fatídica eliminação da Copa do Brasil para o Atlético-MG quando saiu de campo como um dos vilões. Na volta de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, ouviu cobranças.

No reencontro com o Atlético-MG, desta vez pelo Campeonato Brasileiro, ficou na reserva no Independência. Lá, tornou-se alvo de piadas da torcida rival, que gritou seu nome na volta do intervalo enquanto Mattheus caminhava pelo campo antes de se sentar no banco.

No fim da temporada, Luxemburgo deixou bem claro que uma avaliação estava sendo feita em relação aos jovens jogadores do Flamengo. Até questionou a questão da idade e lembrou que em muitos clubes há titulares com 17, 18 anos.

- Alguns jogadores já deveriam ter conquistado um espaço bem maior do que conquistaram até agora. Uns ficam, outros não - afirmou Luxemburgo na ocasião.

Mattheus frequentou seleções de base e pelo Fla participou da conquista da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2011, com uma geração recheada de promessas que não se tornaram realidade. Acabou sofrendo com a transição para o profissional. Fez sua estreia em 3 de fevereiro de 2012, entrando no segundo tempo do empate por 0 a 0 com o Olaria, um dia depois da demissão de Vanderlei Luxemburgo, que o havia promovido ao grupo principal na pré-temporada.

Em seu primeiro ano entre os profissionais, Mattheus recebeu elogios de Dorival Júnior, que o tratou como um jogador semelhante a Paulo Henrique Ganso. Nas categorias de base, sempre foi tratado como um talento diferente, um meia clássico. Com bom porte físico e um chute potente, esperava-se uma ascensão que não aconteceu.

Em 2013, chegou a ser encostado diante do impasse sobre a sua permanência. Em março daquele ano, houve a decisão de sua negociação para o Juventus, da Itália. No entanto, ela nunca se concretizou. O jogador, então, acabou renovando por mais três anos com o clube.

Desde que foi promovido por Luxemburgo, viu Joel Santana, Dorival Júnior, Mano Menezes, Jorginho, Jayme de Almeida e Ney Franco passarem pelo clube. Nunca emplacou. No primeiro jogo de 2014, com reservas em campo, foi titular e saiu de campo vaiado depois de uma chance incrível desperdiçada na vitória por 1 a 0 sobre o Audax.

Aos 20 anos de idade, Mattheus atuou em apenas 20 jogos com a camisa do Flamengo, clube com o qual tem contrato até 19 de maio de 2016. Vai sair do clube em 2015 sem ter feito um gol sequer como profissional. Uma despedida melancólica diante da expectativa criada em torno do herdeiro de Bebeto.


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