domingo, 25 de maio de 2014

Ney não procura culpados por empate do Flamengo e defende Paulinho

muita
calma (Marcos Bezerra / Agência Estado)
Foi uma entrevista coletiva de muitas explicações. Escalação, esquema tático e eventual descontentamento de jogadores foram temas abordados por Ney Franco após o empate sem gols com o Santos, neste chuvoso domingo, no Morumbi, em São Paulo, pelo Brasileirão. Mesmo que tenha chegado ao terceiro jogo sem vencer e continue na parte de baixo da tabela, o treinador enxergou evolução no time. A ponto de definir a apresentação como a melhor desta sua segunda passagem pelo Rubro-Negro. Muito pelas trocas que fez no time. André Santos e Elano ficaram no banco por opção técnica, e a equipe atuou com três zagueiros – Wallace e Chicão formaram dupla, e Samir foi lateral-esquerdo.

Ney, acompanhado pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello, disse entender que o Flamengo merecia a vitória. Ao lamentar o gol perdido por Paulinho ao final da partida, preferiu destacar a evolução da equipe ao invés de crucificar o atacante:

- Fizemos uma boa partida tecnicamente e taticamente. Bem posicionado, bem ciente. Foi a melhor atuação desde que assumi. A gente tinha uma estratégia de liberar o Léo Moura, ele sofreu o pênalti (não marcado pela arbitragem). E tinha o Samir, que sabe fazer o lado esquerdo. Queria dar consistência defensiva. O time foi muito sólido.

Negueba, de boa atuação, Everton e Samir foram substituídos, de acordo com Ney, por cansaço – mesmo que apenas os dois últimos tenham pedido. O comandante, aliás, não quis antecipar se a formação usada neste domingo poderá ser repetida na quinta-feira, no mesmo Morumbi, contra o Figueirense. E tampouco se Felipe, fora da partida por ter perdido o treino de sexta, voltará ao gol.

- Tenho até quarta para definir – resumiu Ney.

O Flamengo volta neste domingo ao Rio. Na segunda, a reapresentação está marcada para 15h30m.

Confira a íntegra da entrevista coletiva:


Erro do Paulinho decidiu o jogo?
Em relação ao Paulinho, prefiro ir para o outro lado. Ele se dedica, corre. O momento em que estamos vivendo... saímos do jogo com dois lances marcantes: o pênalti não marcado e o lance do Paulinho. Tantos craques perderam gols parecidos. Não adianta culpá-lo. Prefiro valorizar a doação dele. Ele não mede esforços para cumprir a parte tática. Temos de levantar o astral. Na quinta, temos outro jogo.  

Por qual motivo não escalou André Santos? E a saída do Negueba?
A gente tinha uma estratégia de liberar o Léo Moura, ele sofreu o pênalti. E tinha o Samir, que sabe fazer o lado esquerdo. Queria dar consistência defensiva. Não tivemos problemas nisso à exceção de um chute de longe defendido pelo Paulo. O time foi muito sólido. Essa foi a opção para liberar o Léo. E continuar com jogador alto. Acho que foi uma estratégia, pena que não ganhamos o jogo. Negueba não pediu substituição. Foi escolha minha. Samir pediu, estava cansado. Everton pediu, se esgotou fisicamente. Temos muitos jogadores no elenco voltando de lesão, ele não consegue o jogo todo. Tudo em função da parte física, ele estava extenuado.

Elano reclamou da reserva?
O atleta, desde o momento em que foi definido o time, se comportou bem. Esteve participativo. Estou surpreendido com isso. Vou ver se ele vai me procurar. Não deu nenhuma demonstração de que estava insatisfeito.

Time estava nervoso? Jogadores discutiram em campo...
Fizemos uma boa partida tecnicamente e taticamente. Bem posicionado, bem ciente. Foi a melhor atuação desde que assumi. É um pedido meu a cobrança interna quando não se posiciona bem. Aquilo foi uma discussão isolada em um contexto. Jogamos bem, equilibrado emocionalmente. Com a bola e sem a bola tivemos ótimo posicionamento. Foi equilibrado como é a maioria dos jogos do Brasileiro.

Felipe retoma a vaga de titular?
Próximo jogo é na quinta. Vamos treinar amanhã à tarde. Até quarta, defino quem vai jogar. Tanto o Felipe quanto o resto do time. Não quero que interpretem nada. O atleta que jogou foi muito bem. Na parte técnica, do goleiro ao atacante, todos foram bem. Não ganhamos, mas tivemos boa atuação. No mínimo, nos mostra que estamos bem servidos de goleiro. Felipe é um baita goleiro, mas o Paulo também o é.

Morumbi não te traz boas lembranças pela briga com Ceni. É você quem escolhe o estádio para jogar?
Morumbi me traz boas lembranças, dei volta olímpica, com o título da Sul-Americana. Time não ia pra Libertadores fazia quatro anos, o coloquei lá. É a direção que define.

A presença do presidente na coletiva mostra o respaldo ao trabalho?
A direção me deu respaldo já na primeira vez que sentei sobre a possibilidade de trabalhar no Flamengo. O respaldo está vindo na prática aqui, mas o presidente está presente no dia a dia. Presidente acompanha treino, fica na lateral do campo.

A escalação de hoje foi pontual ou pode ser repetida?
É uma formação que eu gostei. Samir não é da posição, ele sentiu a parte física. É uma opção para ajustar a parte defensiva. André me dá opção na parte ofensiva. Ele vai melhor no ataque. Samir defende melhor. Para frente, se precisar, vou utilizar de novo.

Você não tem problema de colocar medalhão no banco?
Não gosto de distinguir os jogadores que se tem. Hoje foi opção tática. Felipe não veio e o motivo vocês sabem. Elano foi minha opção. A imprensa de São Paulo não pode pegar só a minha passagem pelo São Paulo. Tive outros trabalhos. Não tenho problema em liderar um grupo. Como todos os treinadores, tive problema. Há prazo de validade. No Brasil, a maioria não fica um ano. Eu me gabo de ter feito isso, inclusive no SP. Não tenho problema nenhum com Elano. Foi titular antes e hoje ficou no banco de reservas. Se deu alguma declaração, vamos falar com ele e ver se está satisfeito ou não. Não posso dentro de um elenco definir se é o que ganha mais, o da base ou um contratado por indicação minha que vai jogar. É uma particularidade minha: às vezes, mudo alguma peça em relação ao adversário. Elano vem de lesão. Quis poupá-lo fisicamente para o jogo de quinta-feira.

É preciso reforçar?
Não só o Flamengo, mas todos têm de buscar reforços. Há negociações em curso. Na parada, vamos remontar e reorganizar. Me lembro de 2006, quando remontei e fomos campeões. Não faltou raça e vontade. Os jogadores correram, procuraram o resultado. Estivemos mais perto da vitória do que o Santos. Entendo o momento. A situação na tabela está abaixo do potencial que a equipe tem. Vamos fechar esses dois jogos pontuando, fazer de tudo para somar seis pontos, e depois do dia 16 de julho voltar mais competitivos.


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