domingo, 2 de outubro de 2016

Sem freio: de Seleção, Paquetá mira o topo em time pelo qual já compôs funk


Paquetá abre o sorriso ao falar de seus planos com o Flamengo e a Seleção (Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com)
Lucas Paquetá tem história de superação no Flamengo. Chegou à Gávea com apenas 8 anos e sempre se destacou, mas aos 15 correu risco de ser dispensado pela fragilidade física. Media apenas 1,53m e era muito magrinho. Quatro temporadas depois, ganhou 27 centímetros, respeito e títulos, o principal deles a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro. O bom rendimento na Copinha o fez se profissionalizar, e, apesar das poucas oportunidades no time de cima, o meia de 19 anos passou a ser convocado por Rogério Micale, comandante da seleção brasileira sub-20.

Neste domingo, apresenta-se para mais um desafio na Granja Comary, onde Micale comandará a preparação de olho no Torneio Quadrangular de Seleções, preparatório para o Sul-Americano da categoria. A disputa acontece em Talca-CHI, entre os dias 12 e 16 de outubro, período no qual o Brasil enfrenta Uruguai, Equador e Chile.

- Fico muito feliz de representar meu país e de estar sendo sempre lembrado pelo professor Micale. É uma experiência muito boa, que até agrega muito ao meu nome aqui no Flamengo. Eu já volto da Seleção, e as pessoas me olham um pouco diferente em relação àquele moleque que tinha acabado de subir. Dá uma rodagem, sim - afirmou.

Paquetá vem ganhando bagagem, mas ainda é novo. Tem tempo, paciência e gana para se consagrar no time pelo qual torce desde moleque e para o qual já compôs até um funk. A Europa ainda não o seduz, pretende primeiro fazer história vestindo vermelho e preto. E, ainda que ciente das poucas oportunidades pela presença de atletas como Diego, Alan Patrick e Mancuello no meio-campo, sonha alto: com o gol do hepta. Revelou isso quando perguntado sobre quais são seus desejos para o fim de 2016 e 2017.

- Penso no Sul-Americano pela Seleção. É jogar bem e classificar (para o Mundial). E buscar meus objetivos no Flamengo, estar entrando nos jogos, jogando bem e fazendo os gols. A gente tá trabalhando, vou torcer pelo título, mas sonho com o gol do título. Brinco com o pessoal: "Ó, o gol do título vai ser meu, hein?" (risos). Eles não acreditam muito, mas, se o Flamengo continuar brigando até o final e eu tiver uma oportunidade, vou pedir para Deus me abençoar com esse golzinho aí.

Confira o bate-papo com Paquetá abaixo:
A Seleção traz a oportunidade de transferências para o exterior. Com esse coração rubro-negro e a pouca idade, já pensa na Europa ou primeiro em se destacar por aqui?
Com certeza, já realizei meu primeiro sonho, que era se tornar profissional do Flamengo. Só que eu tenho objetivos, como conquistar títulos, fazer história e dar alegria à nação. Além de ser flamenguista, eu quero dar alegria para a torcida.

Você tem a consciência que é difícil aparecer uma oportunidade agora com pelo menos três jogadores qualificados para o setor, certo? Com contrato até dezembro de 2020, é preciso paciência, concorda?
Com certeza. São muitos bons jogadores. Têm Diego, Alan, Mancuello e o Ederson, que está machucado. Tenho consciência disso, sigo trabalhando, e uma hora vai pintar a oportunidade.

Acha que esse ano ainda pinta uma chance?
O professor Zé conversa comigo, pede para eu continuar trabalhando porque são muitos jogos, não dá para saber se o pessoal vai aguentar o tiro assim até o final. Se precisar, tenho que estar pronto.

Como é o contato com o Diego e outros meias experientes? Te ajudam?
Ele e o Alan, principalmente, conversam muito comigo. Me dão apoio, conselhos em campo sobre o que posso melhorar. Me sinto muito privilegiado. O Diego foi uma revelação daquelas com Robinho. Trabalhar com ele e buscar experiência ao lado dele está sendo bastante importante para mim.

Como é conviver com um craque consagrado como o Diego?
Às vezes a ficha não cai, por mais que eu estivesse há cinco meses no profissional, vem um cara como o Diego. Eu brincava com meu amigo chamado Luã (ex-base do Fla) que eu era o Diego e ele, o Robinho. Aí de repente o Diego está do seu lado. É uma coisa que você não espera, mas que te deixa muito feliz. É mais um sonho. O Luã era mais moreninho, mais rápido. Por isso, ele era o Robinho, e eu o Diego. Aí brincávamos disso.

O maior de todos do Flamengo bateu um papo com você após o jogo-treino com o FC Goa, no Ninho. Conte como foi esse contato com o Zico.
A gente terminou o jogo-treino, daí fui cumprimentar o Zico, ele segurou minha mão, me elogiou bastante, disse para eu seguir na mesma pegada que eu fiz um excelente treino. Pediu para eu ter cabeça no lugar que uma hora a oportunidade vai pintar.


Como encarar um elogio do Zico?
Me sinto privilegiado, porque ele é como um Deus aqui no Flamengo. Me elogiar da forma que ele me elogiou foi uma felicidade grande para mim.

Está com a 10 da Seleção. Mesmo com esses jogadores consagrados no Flamengo, se vê com a 10 do clube um dia?
Me vejo sim. Sou novo ainda, tenho muito que trabalhar, é um peso muito grande a camisa 10 do Zico, mas vou trabalhar muito para um dia estar preparado caso venha a usá-la.

Voltando à Seleção: depois de uma convocação aqui e outra ali, a oportunidade de jogar três partidas em sequência tem qual importância?
É importante para o entrosamento, porque quando é um jogo só a equipe se junta, se você não vai muito bem, deixa passar. Três jogos são importantes para você mostrar sua marca, dar passes e fazer gols.

Paquetá conversou com o GloboEsporte.com no Ninho do Urubu (Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com)Como é ser convocado ao lado do Felipe Vizeu, seu grande amigo?
Fico muito feliz, porque é um cara que você pode contar sempre no momento em que fui mal num jogo na Seleção, por exemplo. A gente trabalha junto e sempre procura para ter o melhor desempenho em campo.

No seu primeiro gol pela seleção sub-20, ele te deu o passe. Na base do Flamengo foi o oposto, não?
É (risos). Geralmente eu costumo dar o passe para ele terminar em gol, dessa vez ele acabou me dando o passe, e eu pude fazer meu primeiro gol.

São três jogadores na seleção sub-20 (foi chamado ao lado de Felipe Vizeu e Matheus Sávio), além de outros de talento campeões da Copinha, como Ronaldo e Léo Duarte, promovidos ao profissional. Vê a base rubro-negra mais forte depois de muito tempo?
Só ver pelas últimas competições, o Flamengo sempre tem chegado bem. Os profissionais que trabalham na base, como o Gilmar (Popoca), o próprio Zé, Walter (Waltinho) têm nos preparado bem para as competições. Isso nos ajuda bastante. Também temos os meninos lá de baixo, como Vinícius, Lincoln, que vão dar muito trabalho aí.

Já que o tema é base, como foi sua chegada ao clube?
Primeiro minha mãe me colocou no salão, só que eu gostava mesmo era de campo, correr e tal. Como meu irmão (Matheus) era mais velho e treinava no campo, num treino de final de ano, minha me pegou e me levou ao professor Mauro Félix e perguntou se eu podia fazer um treino no campo. Ele me olhou, viu que era muito novo e falou que não dava. Minha mãe insistiu, coisa de mãe, né? Acabou que fiz um treino, ele me pegou lá fora e falou: "Dona Cristiane, esse menino só sai daqui se quiser (risos)". Além de ser pequeno, eu era mais novo. Era lateral-esquerdo, fiz dois gols se não me engano, ele falou isso e fiquei.

E essa história de ser MC de funk. Fez o passinho na Copinha (veja abaixo), criou música para o Flamengo de 2011. Aquele time de Ronaldinho, Thiago Neves e companhia era bom, né? Esse atual é do mesmo nível?
Sempre gostei do ritmo, das batidinhas e de dançar. Sempre escutei muito funk e não mudou muita coisa depois que cresci. O time de 2011 era bom. Esse também é muito bom, isso se não for melhor, porque o Flamengo investiu bem e está bem servido em todas as posições.

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