O
Flamengo retomou recentemente, após um pedido de desculpas de Rubens
Lopes no tribunal, o diálogo com o mandatário da Federação de Futebol do
Rio de Janeiro (Ferj). Mas a relação pode se complicar novamente. A
entidade se aliou à francesa Lagardère e a BWA, de Bruno Balsimelli,
figura conhecida pelos dirigentes dos clubes cariocas de alguns anos
atrás, pelo Maracanã. A atual concessão, que está com a Odebrecht,
deverá ser repassada para as duas empresas que formam a Luarenas. A
Ferj, caso se confirme a operação, será a responsável pela operação de
jogos - mas não será sócia na concessão.
O plano de negócios que vem sendo apresentado pelos franceses e pela BWA inclui entre 10 e 12 datas por ano de eventos de entretenimento, a princípio sem afetar calendário do futebol. A Ferj cuidaria especificamente dos jogos futebol, sem interferência nas demais áreas. Nos corredores da Gávea, como o clube já havia afirmado em nota oficial no primeiro semestre, a posição é radical. Neste momento, a cúpula do Flamengo nem pensa em ceder.
Após a publicação deste post, a Ferj enviou o seguinte comunicado: "A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro esclarece que não se aliou à Lagardère e nem a qualquer outra empresa interessada na concessão do Maracanã, mas apenas reafirma sua posição quanto à participação na operação dos jogos, como sempre ocorreu em qualquer outro estádio no Rio de Janeiro. Assim como coloca-se à disposição para o desempenho de suas funções. A Ferj defende que o Maracanã seja um estádio plural, à disposição de todos os clubes, com direitos igualitários, como historicamente sempre ocorreu. A Ferj entende ainda que cabe a cada clube com mando de campo a decisão de utilizar o estádio por tantas vezes que julgar conveniente e com todos os direitos que lhes sejam atribuídos como detentor do mando de campo. Vale ressaltar que a Ferj tem se empenhado em fazer um futebol carioca unido e mais forte".
Apesar dos rumores de que será feita uma proposta "irrecusável" aos rubro-negros, que têm contrato com a concessionária somente até o fim deste ano, um cartola do clube, questionado se a posição se manteria tão radical mesmo com a situação definida, respondeu:
- Mais do que nunca.
O Flamengo mantinha
esperança de que a discussão interna no Governo Estadual em torno da
segurança jurídica de manter a atual licitação - alvo de ação do
Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) - poderia mudar o panorama,
mas a decisão de vender a concessão está tomada. Dessa forma, o
Flamengo busca opções para jogar em 2017 - já ciente de que a própria
Ferj terá a prerrogativa de marcar clássicos para o Maracanã.
A
avaliação é de que o prejuízo (esportivo e financeiro) de ficar sem o
estádio em 2016 não é suficiente para fazer o clube ceder. Porém, já
houve uma relação próxima entre Flamengo e BWA, especialmente entre 2007
e 2009. Na época, diversos clubes cariocas, incluindo o da Gávea,
recorriam à Ingresso Fácil - braço da BWA - por empréstimos com juros
mensais de até 4,91% normalmente pagos com crédito em bilheteria. Foram
sete operações totalizando R$ 31.607.051,00 em empréstimos, que tinham
descontos no ato do depósito de até 27.21%.
O principal
responsável pela decisão de repassar a concessão é Julio Bueno,
ex-candidato à presidência do Fluminense e cujo filho, Diogo, está em
uma das chapas para a eleição no clube neste ano. Bueno foi secretário
de Desenvolvimento e foi substituído no cargo de secretário de Fazenda
em meio a uma crise, em julho deste ano, mas pemaneceu como assessor
especial do governador.
O Fluminense é outra parte favorável à
manutenção da atual concessão. O clube tem um contrato que chegou a
causar rusga interna na Odebrecht, pois na prática ficou com 40 mil
lugares a custo zero. No seu acordo, o Tricolor tem os setores Norte e
Sul, e a concessionária os setores centrais - que dificilmente enchem -,
além de toda a despesa de operação.
O governo já vinha tentando
há meses vender, sem sucesso, a concessão. Com o impasse, a nova
licitação ganhou força, e chegou a ser anunciada pela Casa Civil. Mas A
oferta dos franceses agradou e surgiu como a saída mais fácil. Apesar do
receio da ala jurídica em relação à ação do MP-RJ, haverá eleição em
dois anos e o argumento contrário nas discussões é de que dificilmente
haverá uma decisão definitiva da Justiça sobre a atual licitação antes
disso.
Aceitar o pedido de rescisão da Odebrecht sem ônus
significaria um prejuízo em meio a uma grave crise do Estado. Ou seja,
mais uma briga jurídica certa no caso de nova licitação - que
dificilmente se consolidaria antes de junho de 2017. Nesse período,
portanto, o governo, através da Suderj, teria de reassumir a operação, o
que vem sendo descartado desde que a Odebrecht oficializou a intenção
de devolver o Maracanã, em julho deste ano. A Ferj já busca, desde
então, parceiros para entrar na operação do estádio.
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