segunda-feira, 6 de julho de 2015

Eleições criam impasse na MP, e Bandeira alerta: “Senão vai ser 8 a 1”

Flamengo, Atlético-PR e Bom Senso fizeram um apelo na manhã desta segunda-feira para que a MP 671, medida provisória que refinancia a dívida dos clubes diante de uma série de contrapartidas, seja mesmo votada, como prevê a pauta da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, em Brasília. 

Os presidentes Eduardo Bandeira de Mello e Mário Celso Petraglia, além do diretor-executivo do Bom Senso, Ricardo Borges Martins, estiveram em São Paulo e reafirmaram a importância da aprovação.

Bandeira de Mello e Mario Celso Petraglia com a camisa do Bom Senso (Foto: Alexandre Lozetti) 
Bandeira de Mello e Mario Celso Petraglia com a camisa do Bom Senso (Foto: Alexandre Lozetti)

Após mais de dois anos de negociações, na última terça-feira, em reunião na sala do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), líder da famosa “bancada da bola”, chegou-se a um acordo para ajustes no relatório do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). Porém, alguns itens, principalmente o artigo 38, que altera os colégios eleitorais das federações estaduais, ainda causam discórdia.

Bandeira e Petraglia ressaltaram inúmeras vezes esse acordo feito na sala de Arantes. Porém, o próprio deputado, em entrevista ao site da “ESPN”, disse que não abre mão de mudanças em pelo menos quatro aspectos do relatório final.

– Já houve flexibilização, tanto que foi feito um acordo. Nessa questão das federações, estamos corrigindo uma intervenção indevida feita na época do regime militar, e que levou à falência de outras federações, principalmente do Rio de Janeiro. Estávamos comemorando quando houve essa surpresa de mexer nesse artigo que já havia sido objeto de acordo. Isso é inaceitável – afirmou o presidente do Flamengo.

A “surpresa” referida por Bandeira de Mello foi a intervenção de Marcelo Aro (PHS-MG), deputado e diretor de ética e transparência da CBF. Imediatamente, o presidente do Flamengo telefonou para o secretário-geral da entidade, Walter Feldman, e ouviu que aquela era a posição pessoal de Aro, e que não representava a CBF. Petraglia, entretanto, pensa diferente:

– Vejo isso em nível institucional. Se os clubes não têm uma instituição que nos representa, é culpa exclusivamente nossa. Não vejo como posição pessoal do deputado A, B ou C. Se esse desserviço for prestado, será pela instituição que ele representa.

Bandeira de Mello reclamou, por exemplo, o fato de os votos dos quatro principais clubes do Rio, Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, terem o mesmo peso de clubes amadores e de fachada.

– Algumas pessoas colocam que adaptar o artigo 22 da Lei Pelé seria uma intervenção estatal num assunto privado. Não é verdade. Essa situação leva a uma situação de falência esportiva, técnica e financeira do futebol carioca. Um campeonato que nos anos 70 era mais importante que o Brasileiro e hoje é isso aí que vocês veem. Temos uma grande oportunidade de mudar – defendeu Bandeira de Mello.

Ambos disseram ter ouvido do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o desejo de que a MP seja mesmo votada. Isso era para ter acontecido na última quinta-feira, mas a divergência nessa questão das federações inviabilizou. A influência de Arantes sobre Cunha também preocupa o Bom Senso.

A medida provisória tem data para caducar: 17 de julho. Se nada acontecer até lá, o trabalho será perdido. A atual dívida dos clubes é estimada em mais de R$ 4 bilhões. O relatório havia programado um refinanciamento mais “camarada”, termo usado pelo flamenguista, mas a Fazenda brecou tais alterações. Espera-se que, no caso de não haver nenhuma mudança, o Governo comece a cobrar mais fortemente os clubes, o que pode levar à penhora de receitas e até à prisão de dirigentes que não prestaram contas devidamente nas últimas décadas.

– A aprovação da MP não resolve todos os nossos problemas, mas é um ponto de partida. O 7x1 é emblemático. Se ela for aprovada, faremos o segundo gol e, se continuarmos trabalhando, podemos empatar e virar esse jogo. Se não for aprovada, será 8, 9x1, e ninguém sabe onde isso vai parar – disse o presidente do Flamengo, em referência à derrota brasileira para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, que completa um ano nesta semana.

Petraglia, que, numa posição mais radical, disse não ver mais sentido na existência das federações, em razão da tecnologia que pode unir todo o país, exaltou a situação financeira do Atlético-PR, mas criticou o momento do futebol brasileiro.

– Precisamos buscar a reforma do futebol brasileiro. Estamos estagnados. É fundamental para que os clubes voltem a ter a força que já tiveram, que nosso futebol volte a ser alegria e volte a ser campeão do mundo. Nossa situação está caindo de podre.

O evento teria a participação do presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, mas ele não compareceu, sem justificativas. Bandeira e Petraglia consideram que a presença de Andrés Sanchez, deputado pelo PT, partido do governo, na reunião que alinhou o acordo da semana passada representa um apoio do clube paulista.

Outras equipes, como Fluminense, Grêmio, Internacional, Sport, Bahia e Coritiba são considerados aliados na luta pela aprovação do texto. Até a tarde desta terça-feira, nos bastidores, acontecerão muitas conversas entre dirigentes e políticos. Elas encaminharão a votação, ou não, da MP em Brasília.


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