sexta-feira, 29 de maio de 2015

Comissão técnica do Flamengo muda a rotina para se adaptar ao horário do jogo 2 do NBB

Vale tudo para conquistar um tricampeonato. Até mesmo madrugar. Para evitar que o horário da segunda partida das finais do NBB 7, às 10h - incomum no calendário da competição -, interfira no desempenho do time do Flamengo em quadra, no próximo sábado, a comissão técnica carioca se viu obrigada a mudar a rotina de seus jogadores. Por isso, os treinos técnicos e táticos, considerados os mais importantes do dia, que normalmente eram realizados na parte da tarde, passaram para o período da manhã. Nesta quinta-feira, por exemplo, os rubro-negros levantaram da cama às 6h30 em ponto e duas horas depois já estavam treinando no ginásio Municipal Neuza Galetti, palco do confronto entre cariocas e paulistas.

Comissão técnica do Flamengo conversa depois do treino da tarde de quinta-feira no ginásio Neuza Galetti (Foto: Marcello Pires) 
Comissão técnica do Flamengo tem se destacado utilizando um método de trabalho multidisciplinar (Foto: Marcello Pires)


Responsável pela preparação física do elenco rubro-negro e fiel escudeiro do técnico José Neto, com quem trabalha desde 2007, Diego Falcão sabe o quanto é complicado mudar os hábitos de atletas profissionais, especialmente os de basquete e futebol, acostumados a jogar quase sempre à noite e dormir até mais tarde no dia seguinte.

No entanto, Diego Falcão faz questão de lembrar que o horário de se recolher não é a única mudança que atinge a rotina dos jogadores nesse período decisivo.

- É muito difícil para qualquer atleta que está acostumado a jogar à noite e dormir tarde mudar esse relógio biológico. Mas isso implica também na disciplina alimentar, no descanso da tarde e, principalmente, na hora de despertar. Nossa estratégia é marcar os treinos nessa época o mais cedo possível para que os jogadores não sintam tanta diferença durante os jogos - explicou o preparador físico do Flamengo.

Com um calendário apertado e uma programação cheia, que incluiu as partidas pela pré-temporada da NBA, o Campeonato Carioca e a Liga das Américas, Diego reconhece que o planejamento desta vez sofreu um certo atraso e não pôde ser tão bem executado como nos anos anteriores. A razão é simples, falta de tempo.

- Nos dois últimos NBBs nós mudamos nossa rotina desde que soubemos que éramos finalistas, mas como na atual temporada chegamos a jogar até três vezes em uma semana, só teremos dois dias para se adaptar ao horário da partida de sábado - afirmou.

Diego ressalta ainda que essa mudança não esbarra apenas no trabalho da preparação física e destaca o trabalho multidisciplinar que é realizado no basquete rubro-negro, no qual cada um tem seu dever e sua importância. Além da confiança que o técnico José Neto deposita em cada membro de sua comissão, um não interfere na área do outro.

Derrotado apenas três vezes desde a eliminação para o Pioneros no Final Four da Liga das Américas, em março - uma para o Bauru no segundo turno da fase de classificação e duas para São José, na primeira rodada dos playoffs -, o Flamengo chegou às finais sobrando fisicamente. O planejamento já previa isso, mas Falcão deixa a vaidade de lado e divide os méritos do sucesso com o restante do grupo.

- Seria um grande erro se eu dissesse que o time está voando em função do trabalho da preparação física. O segredo do Flamengo é o trabalho multidisciplinar. Todos aqui são importantes, desde o José Neto até nosso mordomo (roupeiro). A chegada do Rodrigo (auxiliar) na temporada passada, por exemplo, era a peça que faltava. Ele é um cara que entende muito de basquete e completa o trabalho do Neto passando os scouts (estatísticas) dos adversários e todas as variações que podemos enfrentar em cada jogo. Ele sabe a hora certa de falar e tem sido muito importante - destacou. 

Não é à toa que desde que desembarcou no Rio de Janeiro, o técnico José Neto coleciona números impressionantes. Em nove decisões, incluindo os fases finais (Final Four), o comandante rubro-negro só não levou o Flamengo ao título em duas oportunidades. No Final Four da Liga Sul-Americana, disputado em 2012 em Corrientes (ARG), quando a equipe perdeu para Brasília, e no Final Four da Liga das Américas desse ano, quando os então atuais campeões foram surpreendidos para o Pioneros (MEX).

José Neto conversa com o elenco do Flamengo antes do primeiro treino em Marília (Foto: Marcello Pires) 
José Neto conversa com o todo o elenco do Flamengo antes do primeiro treino em Marília (Foto: Marcello Pires)
 
Mas assim como não costuma se desesperar a cada derrota, José Neto também não se agarra às conquistas do passado. Sempre olhando para frente, o comandante rubro-negro tem conseguido motivas seu grupo a encarar novos desafios usando o velho chavão de que o mais difícil é se manter no topo.

- Tento passar para eles que não podemos ficar presos às conquistas e derrotas do passado. Nosso foco é sempre o próximo jogo, a próxima competição. Tudo que fizemos foi especial, ficou marcado e ninguém vai apagar. Mas não podemos nos acomodar, a cada competição as exigências técnicas são maiores e os adversários mais duros. Eu nem sabia desses números, mas se estamos conseguindo nos manter no topo por tanto tempo é muito por mérito desse grupo. Eles sabem o que é preciso para vencer - disse José Neto, que não relaxa nem após a vitória por 91 a 69 no primeiro jogo.

- Não consigo sentir esse conforto que as pessoas falam por termos vencido a partida no Rio de Janeiro. Fizemos apenas a nossa parte, pois ainda precisamos ganhar um jogo fora de casa  para garantir o título. Nada mudou, o campeão só será conhecido após duas vitórias.  

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