O Clássico dos Milhões deste domingo, no Mané Garrincha, em Brasília,
trouxe de volta uma cena difícil de se ver nos estádios brasileiros nos
últimos anos: torcedores de grandes rivais acompanhando uma partida
misturados na arquibancada. Em boa parte da nova arena da capital
federal, cruz-maltinos e rubro-negros ficaram lado a lado, como
acontecia antigamente no Maracanã, vibrando por seus clubes em clima de
paz. De acordo com a Polícia Militar do DF, nenhuma ocorrência de
violência foi registrada dentro do estádio.
- Foi muito bom em termos de segurança. Todos puderam ver que o clima
no estádio estava maravilhoso. Mesmo com as torcidas juntas em toda a
parte de baixo, terminamos o jogo sem nenhuma ocorrência. O único
registro foi do furto de um celular no anel superior - informou a
coronel Hilda Ferreira, comandante do policiamento na partida.
Com bom humor, rivais assistem jogo lado a lado e pedem paz (Foto: Francisco Stuckert / Futura Press)
Desde o momento da entrada, vascaínos e flamenguistas se misturaram nas
filas de acesso ao Mané Garrincha. Naturalmente surgiram provocações,
mas nada que quebrasse o clima de paz entre as duas torcidas. Chamou a
atenção o grande número de famílias e grupos de amigos formados por
torcedores dos dois times que chegavam ao estádio. Alguns cruz-maltinos e
rubro-negros aproveitaram até para fazer um churrasco de confraternização no estacionamento.
Do lado de dentro, houve uma divisão parcial entre as torcidas. Por
precaução, os responsáveis pela segurança decidiram manter o padrão de
outros estádios brasileiros e separar vascaínos e flamenguistas na
arquibancada superior: metade para cada lado. Porém, no anel inferior e
no intermediário, que suportam juntos ceca de 28 mil torcedores,
cruz-maltinos e rubro-negros dividiram os mesmos assentos. Ao todo, o
clássico atraiu 61.767 torcedores(80% torcida do Fla) - segundo maior público até o momento
no campeonato (o duelo entre Santos e Flamengo, que marcou a despedida
de Neymar, também no Mané Garrincha, atraiu 63.501 pessoas).
E se nas outras duas partidas que o Flamengo fez no novo Mané Garrincha
(contra Santos e Coritiba), os rubro-negros foram ampla maioria nas
arquibancadas, diante do vasco a proporção foi mais equilibrada. A
"briga" para saber qual torcida cantava mais alto foi bonita de se ver.
Mesmo nos setores mistos, quando uma das torcidas se inflamava e
começava a cantar de pé, os rivais observavam sem nenhum tipo de
hostilidade, aguardando apenas a vez de responder gritando mais alto.
No intervalo do jogo, os corredores do anel inferior ficaram repletos
de torcedores com camisas dos dois times, dividindo as filas dos bares
em clima de muita paz. Não houve nenhuma tentativa de invasão de campo
ou objetos arremessados no gramado. Nos pontos em que estava o cordão de
policiais dividindo as torcidas na arquibancada superior também não foi
registrado nenhum tipo de confusão entre os dois lados. Com a
desvantagem no placar - o Flamengo venceu por 1 a 0 - muitos vascaínos
deixaram o estádio antes de terminar a partida. No entanto, mesmo
aqueles que aguardaram para sair somente após o apito final foram embora
com tranquilidade.
Problema do lado de fora
O único caso de violência registrado pela reportagem do
GLOBOESPORTE.COM ocorreu do lado de fora do estádio, envolvendo uma das
torcidas organizadas do vasco. Integrantes de uma mesma uniformizada
entraram em confronto próximo ao portão de entrada cerca de duas horas
antes do início da partida. O clima ficou tenso e a polícia precisou
usar bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para apartar a
confusão.
- Foi um caso isolado. Aparentemente, já estavam predispostos a brigar.
Ao que tudo indica, a confusão foi por conta de uma rixa entre
diretorias da mesma torcida. Dois integrantes foram detidos - informou o
capitão da PM, Mário César Santos, responsável pela escolta da
organizada do vasco.
Segundo a polícia, não houve nenhum registro de confronto entre as
organizadas dos dois times. Seguindo plano previamente estabelecido, os
grupos foram acompanhados desde os locais de concentração até o estádio e
entraram por portões diferentes. Também houve monitoramento das
uniformizadas dentro da arena e na saída. Ao todo, cerca de 1.500
policiais trabalharam na operação (700 no estádio). Houve também o apoio
de aproximadamente 500 seguranças particulares contratados pela
organização do jogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário