segunda-feira, 8 de abril de 2013

Tremedeira, pilastras numeradas e grito da torcida: novo Maracanã mantém detalhes do passado

 
Obras no Maracanã na reta final para a Copa da Confederações e a Copa de 2014

Há três anos o canto das arquibancadas deu lugar a uma ensurdecedora rotina de britadeiras, guindastes e furadeiras. Mas em breve o grito de gol irá voltar. Após uma reforma geral que mobilizou cerca de 6.500 operários e custou R$ 957 milhões (segundo o Tribunal de Contas da União), o Maracanã reabrirá de cara nova. Ainda assim, um passeio pelo estádio permite ver que, em meio às novidades, há marcas do passado do palco mais importante do futebol brasileiro.

A fachada, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e as cadeiras perpétuas, motivo de polêmica judicial, foram preservadas. Em outros aspectos, o estádio vai ter mudado, mas não muito. A estrutura de absorção de impacto da arquibancada foi refeita, mas o Maracanã vai continuar a tremer a cada gol — como fazia desde que o jovem Didi balançou a rede no jogo inaugural. "Foi um urro, um eco tremendo. O Maracanã balançou e fiquei tonto", relatou anos depois o inventor da folha-seca.

— A vibração do estádio já não será a mesma, por conta do sistema de amortecimento. Mas toda obra precisa que a estrutura vibre — explicou Ícaro Moreno, presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio (Emop).

Se a tremedeira foi reduzida, a promessa é de que o barulho das torcidas seja ampliado. Muito por conta da cobertura, mais extensa, que reduzirá o escape de som.

— Em relação ao anterior, o novo Maracanã terá uma cobertura mais de duas vezes maior. E a lona foi revestida de poliureia, uma substância impermeabilizante. Com isso, o som vai vazar menos e seu alcance será muito maior — acrescentou Ícaro.

O torcedor acostumado com o antigo Maracanã vai se assustar com o interior do novo estádio, totalmente modificado. A arquibancada agora está montada num único anel que vai diretamente do topo até o campo, com capacidade para 78.838 lugares. E a antiga setorização dará lugar a uma nos moldes da do Engenhão (Leste e Oeste, Norte e Sul). Mas um detalhe antigo, também preservado, ajudará o público a se situar: os números das pilastras de sustentação, que serviam como referência de localização para muitos torcedores. Um novo palco, mas com pequenas doses de um charme que é eterno.

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