''O Flamengo pode não ter um dos melhores elencos do Brasil, mas também
não vai ficar com um time capaz de perder para o Audax". Com esta
frase, um membro da nova cúpula que gere o clube definiu a situação para
o Brasileirão. Se manter a política de pés no chão e foco na questão
financeira norteia os caminhos em 2013, a preocupação é evidente em
evitar novos resultados trágicos que atrapalhem os planos de
reestruturação do Rubro-Negro. Diante disso, é tempo de reflexão na
Gávea, e tudo que está da linha lateral para dentro do campo está sob
avaliação.
A eliminação precoce no Carioca e, principalmente, as exibições bem
abaixo das expectativas, no entanto, em nada afetaram o pensamento de
não fazer grandes investimentos para saciar a urgência do torcedor. Em
fase de autoanálise, a diretoria sabe que, até o momento, deu um tiro
n'água na contratação de reforços e precisa ser cirúrgica para não
sofrer ainda mais até dezembro. Se a chegada de grandes nomes é bem
improvável, a saída de figurões do elenco surge como melhor opção para
facilitar contratações mais empolgantes. Nesta lista, Ibson, Marcos González e Alex Silva são os que mais correm riscos.
Grupo do Flamengo deve sofrer alterações para o restante do ano (Foto: Alexandre Vidal / Flaimagem)
Falar em arrependimento seria forte demais, mas em reuniões a diretoria
admite que as caras novas de 2013 não deram o retorno esperado. Com
exceção de Gabriel, bastante elogiado e blindado sob a justificativa de
que "precisa de rodagem", ninguém empolgou. Se bem que é sabido
internamento que a expectativa sobre João Paulo e Wallace não era das
maiores. Enquanto o lateral é visto como nível médio, o zagueiro chegou a
ser avaliado como "padrão Welinton" por um dirigente em tom de
resignação.
Principais apostas, Elias e Carlos Eduardo também rendem abaixo do
esperado. Regular, o volante vive sob a expectativa interna de que seja
efetivo como nos tempos de Corinthians. Com Cadu a situação é bem
diferente. Maior investimento do Flamengo na temporada, o meia tem o
maior salário do elenco, mas ainda assim as cobranças vêm apenas das
arquibancadas. Nos bastidores, o discurso é de ainda acreditar que pode
ser um jogador decisivo.
Seja publicamente, como aconteceu com Wallim Vasconcellos na última
segunda-feira, ou nas famosas resenhas de bastidores, é quase
unanimidade que Carlos Eduardo precisará de tempo para se readaptar e
dará retorno em campo.
- Não o trouxemos para jogar contra o Quissamã ou Duque de Caxias.
Trouxemos achando que é um jogador diferenciado e que vai se recuperar.
Espero que ele dê muitas alegrias a torcida. Não era investimento de 30
dias. Ele não vai para um contrato de experiência - disse um membro da
cúpula do clube, em discurso que dá o tom da paciência que terão com o
reforço.
Situação bem distinta da que vivem Ibson, González e Alex Silva. Apesar
de estarem entre os mais experientes e consagrados do elenco, o trio
está na corda bamba. O primeiro principalmente, que sofreu com a pressão
para redução dos salários e é acusado internamente de não se dedicar
como devia nas atividades. É cada vez mais evidente o desejo da
diretoria de se desfazer de Ibson, que se mantém calmo diante da
exposição como reserva (ou nem mesmo relacionado) e firme no desejo de
cumprir seu contrato.
O chileno Marcos González é outro desprestigiado. Relacionado apenas
uma vez por Jorginho, ganhou sobrevida por conta da má fase de Alex
Sila, mas a direção e o próprio treinador não vão fazer questão caso
algum clube demonstre interesse em contratá-lo. O mesmo vale para o
próprio Pirulito e até mesmo Cleber Santana, que são considerados caros
para o que têm rendido em campo. Outro nome que encontra resistência por
seu comportamento é o goleiro Felipe. Nada, porém, que o coloque em
risco no clube. Ainda.
- Vamos avaliar o elenco e decidir que jogadores ficam e os jogadores
que saem. Vamos contratar reforços de primeira linha, porque queremos os
títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro - declarou o
diretor Paulo Pelaipe.
Com a promessa pública da contratação de cinco reforços, o Flamengo
mira nomes com maior rodagem para que ajudar até mesmo o rendimento de
promessas como Rodolfo e Rafinha. A dupla agrada bastante, mas é
consenso de que ainda não está pronta para assumir tamanha
responsabilidade. As contratações, por sua vez, seguirão o mesmo padrão
do início da temporada: chegam a custo zero, através de troca-trocas ou
serão apostas de grupos de empresários. Qualquer investimento vindo do
clube depende diretamente da saída de algumas peças para desafogar a
folha salarial.
Neste formato, a vinda de nomes especulados como Kaká e Robinho se
torna inviável. Com idades avançadas, os dois jogadores não dariam
retorno financeiro futuro a nenhum investidor, muito menos ao clube, que
não se ilude diante das especulações. Com apenas oito jogos programados
para os próximos três meses, o Flamengo sabe que a chegada emergencial
de novos nomes facilitaria o processo de reformulação da equipe para o
Brasileirão. Entretanto, a impossibilidade de erro faz com que o prazo
limite para contratações tenha sido estendido até o começo de julho,
quando o campeonato volta a ser disputado, a partir da sexta rodada,
após a Copa das Confederações.
Se brigar pelo hepta não é prioridade em um ano onde colocar as
finanças em dia tem sido o principal objetivo, lutar contra o
rebaixamento assusta a diretoria. O reflexo disso é a certeza de um
Flamengo diferente no Brasileirão. Resta saber se as apostas da vez vão
dar certo.
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