Um ruído de comunicação pode complicar consideravelmente a estratégia do Flamengo contra Ronaldinho Gaúcho nos tribunais. O vice jurídico rubro-negro, Rafael de Piro, afirmou logo após a saída do jogador que o clube possuía um exame que comprovava existência de álcool no sangue do atleta. Depois, na última sexta-feira, o clube se viu com um problema: o referido exame teria sumido.
Nesta segunda, de volta ao Brasil após trabalhar para a seleção
brasileira, José Luiz Runco, chefe do departamento médico do Flamengo,
tratou de explicar a situação. O clube tem um exame. Ele, porém, nada
prova com relação a álcool no sangue de Ronaldinho.
- Existe o exame normal de rotina, que foi feito pelo departamento no
dia 4 de janeiro. Para detectar álcool e drogas, só com o consentimento
do paciente. Não existe este exame que aponta álcool - disse Runco, por
telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.
O médico contou não saber ao certo como o departamento jurídico achou
que, com o exame feito no início do ano, teria em mãos uma prova de má
conduta de Ronaldinho durante sua passagem pelo clube.
- Alguém deve ter passado essa informação para ele (Rafael de Piro). Eu
respondo pelo meu departamento e reitero que não existe este exame.
Tudo que foi feito está arquivado num prontuário, como funciona num
hospital. Temos o exame, mas não há relação com álcool - acrescentou.
Possibilidade de processo
Após tomar ciência de que a prova do Flamengo não existe, a equipe de
advogados que defende os interesses de Ronaldinho não descatou a
hipótese de processar o clube por danos morais. Segundo Aldo Giovani
Kurle, que trabalha junto da advogada Gislaine Nunes, a possibilidade
ainda depende da avaliação do próprio jogador.
- Existe sim, porque isso denigre a imagem do empregado. Imagina, outro
clube vai contratar um atleta que trabalha acoolizado? Mas não vou
entrar em detalhes. É preciso detalhar uma tese sobre isso e sobretudo
saber se é desejo do Ronaldinho entrar com essa ação por danos morais -
afirmou o advogado.
O que o Fla ainda alega poder usar nos tribunais
Sem o exame, resta ao Flamengo brigar na Justiça com as demais provas
que alegar ter. Seriam pelo menos duas advertências por indisciplina
assinadas por Ronaldinho. O corpo jurídico do clube diz ainda que usará o vídeo que mostra o encontro do atacante com uma mulher na concentração em Londrina.
Outras evidências de "postura antiprofissional" que o Flamengo esperava
anexar ao processo ainda não foram encontradas. Duas delas, na visão
rubro-negra, tinham potencial para demonstrar os prejuízos decorrentes
das atitudes do jogador: um e-mail de um dos patrocinadores dizendo que
não iria renovar o contrato por causa de R10 e supostas provas e notas
fiscais de que o craque teria ficado seis dias "internado" em um motel
da zona sul do Rio de Janeiro - saindo apenas para treinar.
Até o dia 8 de novembro, data marcada para a audiência de conciliação
e, em caso de insucesso no acordo, instrução e julgamento do problema, o
caso correrá em segredo de Justiça.
O Flamengo tem uma dívida assumida com o jogador de cerca de R$ 5
milhões. Mas os advogados de Ronaldinho cobram na Justiça o valor de R$
40.177.714,00, pois existe uma cláusula no contrato de imagem do
ex-camisa 10 que garantiria a rescisão unilateral e o pagamento dos
meses restantes do compromisso – que terminaria no fim de 2014 – em caso
de atraso superior ou igual a dois meses.
O médico José Luiz Runco é um dos convidados do programa Bem, Amigos!, que vai ao ar a partir das 21h desta segunda-feira, no Sportv.
Nenhum comentário:
Postar um comentário