Em meio à crise financeira e às novelas sobre contratações, o Flamengo
espera e precisa de reforço na posição mais carente do clube: o cofre.
Assim como aconteceu na temporada passada, o Rubro-negro está em o
patrocinador master. E sem dinheiro. Mas, na esperança de fechar novo
contrato com a Procter & Gamble, o clube faz um agrado. Apesar de
ter retirado as marcas da Gillete e da Duracell da camisa – mantendo
apenas a BMG e TIM – foi mantido os nomes dos produtos no painel onde os
jogadores concedem entrevistas e que serve de fundo para matérias de
televisão e fotos, o que gera propaganda gratuita.
- Enquanto estamos negociando decidimos manter as marcas - explicou o
coordenador de marketing Cláudio Fontenelle, que acompanha a delegação
em Londrina.
Ronaldinho treina em Londrina. Camisa não traz marcas da P&G (Foto: Cezar Loureiro / Agência o Globo)
Como aconteceu na estreia de Ronaldinho Gaúcho em 2011, o clube tenta
fechar com algum patrocinador pontual para o amistoso com o Corinthians,
no próximo domingo. Isso porque o jogo será televisionado.
O contrato com a Procter & Gamble chegou ao fim no dia 31 de
dezembro, e o clube busca um parceiro para a nova temporada. O vínculo
com a P&G durou quatro meses e rendeu ao clube R$ 5,6 milhões e uma
polêmica. A agência 9ine, que tem Ronaldo Fenômeno como sócio,
intermediou a negociação na época e gerou uma crise entre o Rubro-Negro e
a Traffic. A empresa de marketing esportivo, parceira na contratação de
Ronaldinho Gaúcho, não recebeu um centavo sequer pelo negócio.
É possível que um novo acordo com a P&G seja firmado para este ano,
desta vez com garantia de repasse financeiro para a Traffic. As
conversas começaram em novembro. A presidente Patricia Amorim chegou a
jantar em novembro com Ronaldo Fenômeno para encaminhar a renovação. No
dia 28 de dezembro, clube e agência voltaram a se encontrar.
O uniforme de treinos não tem mais as marcas Duracell e Gillette. No
entanto, as placas de publicidade do antigo anunciante continuam nos
campos do Ninho do Urubu.
Atualmente, a BMG, que estampa as mangas da camisa, paga R$ 8 milhões
ao Rubro-Negro. Já a TIM, que coloca sua marca nos números, paga R$ 2
milhões.
Atrasos, adiantamento de R$ 20 milhões e parcelamentos
O acerto com o patrocinador master serviria para aliviar, pelo menos um
pouco, a asfixia financeira que assola o clube. Grande parte dos
jogadores está com direitos de imagem e luvas em atraso. Neste domingo,
Alex Silva confirmou a dívida. O clima não é de extrema leveza.
A presidente Patricia Amorim encaminhou ao Conselho Fiscal documento
pedindo adiantamento de R$ 20 milhões para 2012. Em 2011 foram R$ 40
milhões de antecipações bancárias que aliviaram problemas de momento mas
comprometeram ainda mais o orçamento para o futuro.
Os cofres vazios também prejudicam nas contratações. Na semana passada,
representantes do CSKA consideraram inadequada a proposta do Flamengo
para contar com Vagner Love. Segundo o porta-voz do clube russo, Serguei
Asenkov, o Rubro-Negro ofereceu pagar R$ 14,5 milhões aos russos
parcelados em cinco longos anos. O crediário não agradou e o clube
precisou rever seus conceitos e cifras.
A novela de Thiago Neves também esbarrou em ofertas de parcelamentos
que não agradaram ao Al Hilal. O Flamengo sugeriu o pagamento de R$ 18
milhões em dois anos e meio. Mas, diante do impasse, reduziu para poucas
parcelas, aumentou a proposta e aguarda um desfecho positivo.
Procurado pela reportagem, o vice-presidente de finanças do Flamengo,
Michel Levy, não atendeu às ligações. Os jogadores com atrasos nas luvas
e direitos de imagem reclamam da dívida e também da falta de uma
posição da diretoria.
Segundo documento enviado pela presidência ao Conselho Fiscal, o orçamento do Rubro-Negro para 2012 é de R$ 203 milhões.
Mas as contas parecem não chegar a um denominador comum. A crise coloca
em risco um ano importante para o Flamengo, um clube rubro-negro que,
no momento, está mais para o vermelho. Pelo menos, nas contas.
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